Semana com 4 dias: países começam testes com menor jornada de trabalho sem reduzir salários

A partir desta segunda-feira (6/6), 3.300 trabalhadores de 70 empresas começam a participar de um experimento com semanas mais curtas de trabalho, sem perda salarial. O estudo irá durar seis meses e indústrias dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelânida também vão implementar os quatro dias de trabalho.

Postado em: 06-06-2022 às 18h04
Por: Ana Bárbara Quêtto
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O propósito do estudo é medir o nível de produtividade dos locais de trabalho com a jornada reduzida. | Foto: Reprodução.

A partir desta segunda-feira (6/6), 3.300 trabalhadores de 70 empresas começam a participar de um experimento com semanas mais curtas de trabalho, sem perda salarial. O estudo irá durar seis meses e indústrias dos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido também vão implementar os quatro dias de trabalho.

Nos últimos anos, os pedidos para encurtar a jornada de trabalho ganharam força. Com a popularização do trabalho remoto, devido a pandemia da Covid-19, a demanda para maior flexibilidade de horários e dias de trabalho aumentou. O propósito do estudo é medir o nível de produtividade dos locais de trabalho com a jornada reduzida.

Sienna O’Rourke, dona de uma das marcas parceiras do experimento, Pressure Drop Brewing, conta que o maior objetivo da empresa é melhorar a saúde mental e o bem-estar de seus funcionários. “A pandemia (nos) fez pensar muito sobre o trabalho e como as pessoas organizam suas vidas. Estamos fazendo isso para melhorar a vida de nossa equipe e fazer parte de uma mudança progressiva no mundo”, disse à CNN.

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Para Juliet Schor, pesquisadora principal do projeto Global 4-day Week, a problemática da semana de cinco dias é que o trabalho pode ser expandido para caber no fim de semana. “Aderir a um sistema rígido, centenário e baseado em horário fixo não faz sentido. Você pode ser 100% produtivo em 80% do tempo em muitos locais de trabalho, e as empresas que adotam isso em todo o mundo têm demonstrado isso”, explica a economista.

Entretanto, a socióloga entende que a ideia pode não agradar a todos, ou até mesmo não atender a todas as profissões, como a área da saúde ou educação. “A base desse movimento é o argumento de que há atividades acontecendo em muitos locais de trabalho, principalmente nos de colarinho branco, que são de baixa produtividade e que você pode cortar sem prejudicar os negócios”, afirma.

Até agora, a Islândia havia feito o maior teste da semana de trabalho de quatro dias, de 2015 a 2019, com 2.500 funcionários do setor público. O programa está sendo executado por pesquisadores da Universidade de Cambridge, da Universidade de Oxford e do Boston College, em parceria com 4 Day Week Global, Autonomy, um think tank e pela 4 Day Week UK Campaign.

E o Brasil?

Em janeiro deste ano, uma agência de comunicação gaúcha implementou a jornada de trabalho de quatro dias, com expediente de seis horas diárias. Os 11 funcionários da empresa foram divididos em dois grupos: quatro pessoas que trabalham de segunda a quinta-feira, e outro de sete pessoas de terça a sexta-feira. A carga horária passou de oito para seis horas.

Segundo o CEO, Artur Scartazzini, a produtividade da empresa não foi afetada com a nova medida. “Afinal, o que importa são as horas efetivamente trabalhadas para chegar a um resultado, não a carga horária que consta da carteira de trabalho de cada um”, relatou em entrevista ao UOL.

A agência tem feito o experimento para medir a satisfação dos empregados, com sua vida profissional e pessoal. “Existe um nível de alegria em cada um por ter ganhado um dia completamente livre na sua semana. Isso é garantir que o trabalho seja uma parte da vida pessoal, e não o contrário”, concluiu.

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