Trump retoma linha dura contra imigração após conter separação

Trump recebeu na Casa Branca um grupo de 15 pais, cujos filhos foram assassinados por imigrantes ilegais, para recuperar um dos assuntos que mais destacou na sua campanha eleitoral

Postado em: 23-06-2018 às 08h45
Por: Kamilla Lemes
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Trump recebeu na Casa Branca um grupo de 15 pais, cujos filhos foram assassinados por imigrantes ilegais, para recuperar um dos assuntos que mais destacou na sua campanha eleitoral

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retomou nesta sexta-feira seu discurso mais duro contra a imigração ilegal em uma tentativa de afastar o foco midiático das crianças imigrantes ilegais separadas das suas famílias na fronteira, dois dias depois de ceder diante das críticas e ordenar o fim dessa polêmica medida.

Trump recebeu na Casa Branca um grupo de 15 pais, cujos filhos foram assassinados por imigrantes ilegais, para recuperar um dos assuntos que mais destacou na sua campanha eleitoral e que funciona com sua base de eleitores: a ideia de que a imigração irregular está relacionada com o aumento da criminalidade.

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“Não descansaremos até que nossa fronteira esteja segura e nossos cidadãos estejam a salvo”, ressaltou Trump, rodeado de 15 pessoas que seguravam nas suas mãos fotos de seus parentes falecidos, todas elas assinadas pelo presidente.

Trump quis contrastar o sentimento de perda desses americanos com o sofrimento supostamente temporário das famílias indocumentadas que se viram separadas na fronteira desde abril, como consequência da política da Casa Branca.

“Estes são os cidadãos americanos permanentemente separados de seus entes queridos. A palavra na qual têm que pensar é ‘permanentemente’. Não estão separados um dia ou dois. Estão permanentemente separados”, reforçou Trump.

O presidente americano não mencionou explicitamente o afastamento de mais de 2.300 crianças dos seus pais na fronteira, mas criticou os meios de comunicação por cobrir certas coisas e não dar importância às vítimas de crimes cometidos por imigrantes ilegais.

“(A mídia) não fala da morte e destruição causada pelas pessoas que não deveriam estar aqui”, denunciou.

Três dos 15 familiares de vítimas presentes no ato repetiram também que a separação dos seus filhos é “permanente”, ao contrário das famílias divididas na fronteira.

“Eu sou uma imigrante legal. Não arrastei meu filho através de desertos e além de fronteiras. Não o pus em perigo”, afirmou no ato Sabine Durden, cujo filho Dominic morreu em um acidente de trânsito no qual esteve envolvido um imigrante ilegal.

Desde sua campanha eleitoral, Trump citou os casos de assassinatos cometidos por imigrantes ilegais como uma suposta prova de que a imigração irregular aumenta a criminalidade no país, apesar de as estatísticas oficiais não corroborarem essa tendência.

Segundo dados do censo dos EUA de entre 1980 e 2010, os homens imigrantes de entre 18 e 49 anos têm entre 50% e 20% menos probabilidade de serem presos por ter cometido um crime que os nascidos no país.

Com sua volta a esse tema, Trump parecia querer justificar sua política de “tolerância zero” com a imigração ilegal, que leva a processar criminalmente os adultos que chegam irregularmente ao país, algo que antes não se fazia e que originou a separação das crianças dos seus pais quando estes eram privados de liberdade.

Diante das fortes críticas geradas por essas separações, Trump se viu obrigado na quarta-feira a ordenar que seu governo freasse essa divisão das famílias na fronteira.

Nesta quinta-feira, Trump pediu ainda ao seu Executivo que atue para reunir com seus responsáveis os menores que foram separados deles, e supostamente 500 crianças já foram reunificadas, segundo fontes oficiais citadas por meios de comunicação.

Sobre o papel, o gabinete de Trump mantém sua política de processar quem entrar ilegalmente no país, mas há um debate aberto na Casa Branca sobre se isso deve deixar de ser feito para não esgotar os recursos judiciais, informou hoje o jornal “The New York Times”.

As cortes federais de imigração tinham em maio um atraso administrativo de 700.000 casos, e em alguns tribunais a espera média para uma audiência de deportação é de mais de 1.400 dias, segundo uma apuração da Universidade de Syracuse (Nova York).

Por sua parte, os três centros de detenção de famílias operados pelo Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) estão quase lotados, razão pela qual o governo avalia alojar temporariamente 20.000 crianças imigrantes em bases militares do Pentágono. 

Fonte: EFE

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