Cientistas brasileiras enviam minicérebros para o espaço para estudar envelhecimento cerebral

Experimento no laboratório Muotri busca compreender os efeitos da microgravidade em condições como autismo e Alzheimer

Postado em: 08-12-2023 às 17h37
Por: Luana Avelar
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O laboratório Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego, lidera a pesquisa espacial desde 2019. | Foto: Arquivo Pessoal

Duas cientistas brasileiras, Luisa Coelho e Livia Luz, estão liderando um experimento na Estação Espacial Internacional (ISS) com o objetivo de desvendar os mistérios do corpo humano no espaço e contribuir para a compreensão de condições terrestres como autismo e Alzheimer. O experimento consiste em minicérebros, organoides cerebrais criados em laboratório, que foram enviados para a ISS através de um foguete SpaceX. Durante 30 dias, as cientistas estudarão os efeitos da microgravidade na saúde cerebral, focando no envelhecimento precoce do cérebro de astronautas.

O laboratório Muotri, liderado pelo neurocientista brasileiro Alysson Muotri, tem desempenhado um papel na pesquisa espacial desde 2019. Alysson Muotri busca entender como as células neuronais envelhecem no espaço. Experimentos anteriores revelaram que as células neuronais envelhecem mais rápido no espaço, avançando o equivalente a dez anos em apenas um mês. Os desafios enfrentados pelos cientistas incluem a manipulação delicada dos minicérebros na ISS. Inicialmente, foram utilizados modelos de robôs, mas um novo método aproveitando a microgravidade está sendo testado.

Além de liderar o laboratório Muotri, Alysson Muotri está se preparando para se tornar o primeiro cientista brasileiro a embarcar para o espaço. Com um convite da NASA para realizar experimentos neurocientíficos na ISS, ele está treinando para ser astronauta e o voo está programado para o final de 2024. Livia Luz, uma das cientistas do experimento com os minicérebros, pode ser treinada como sua substituta na missão.

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Apesar do envolvimento brasileiro, o projeto é predominantemente uma iniciativa dos Estados Unidos. Alysson Muotri tem buscado envolvimento multinacional, mas enfrentou desafios financeiros com a redução do orçamento do projeto pelo Brasil.

A pesquisa liderada por Muotri e suas colaboradoras promete abrir novos horizontes tanto para a exploração espacial quanto para a compreensão do funcionamento do cérebro humano em condições extremas.

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