Mulheres representam 86% dos cuidadores de pessoas com demência no Brasil, sendo a maioria não remunerada

Mulheres são identificadas como os principais cuidadores de pessoas idosas com transtorno neurocognitivo maior no Brasil, representando 86% dos responsáveis, de acordo com o relatório Nacional sobre a Demência no Brasil do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Destaca-se que 83,6% delas exercem essa função sem remuneração. O relatório revela que mais de 90% das necessidades de cuidados desses pacientes, dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS), estão sendo negligenciadas, agravando ainda mais a carga sobre essas cuidadoras.

Além da falta de remuneração, as mulheres enfrentam desafios adicionais, como longos períodos de espera por diagnóstico e tratamento no SUS. O relatório destaca que 51% das famílias buscam serviços privados de saúde para obter o diagnóstico, agravando as disparidades no acesso aos cuidados.

Os dados do relatório evidenciam a necessidade de revisão nas políticas de apoio ao transtorno neurocognitivo maior (demência) e reforçam a urgência de valorizar o trabalho das mulheres cuidadoras. A desigualdade de gênero no cuidado à demência é não apenas uma questão de saúde pública, mas também uma questão de justiça social que exige ação imediata.

De acordo com o relatório, os cuidadores, em média com 58 anos, enfrentam sinais de sobrecarga (71,4%) e ansiedade/depressão (45%). A principal queixa é a falta de um cuidador reserva. O tempo médio diário dedicado a esse cuidado é de 10 horas e 12 minutos, conforme a Folha destaca. Esses dados ressaltam a necessidade de atenção especial aos cuidadores, sugerindo a urgência de medidas efetivas diante dessa situação preocupante.