Revista TIME faz reportagem sobre quilombolas e racismo sistêmico no Brasil

Matéria abordou “como os brasileiros negros estão lutando contra a resistência da era da escravidão para combater a injustiça racial” | Foto: reprodução

Postado em: 23-12-2020 às 22h00
Por: Carlos Nathan Sampaio
Imagem Ilustrando a Notícia: Revista TIME faz reportagem sobre quilombolas e racismo sistêmico no Brasil
Matéria abordou “como os brasileiros negros estão lutando contra a resistência da era da escravidão para combater a injustiça racial” | Foto: reprodução

Nathan Sampaio

A revista Time, uma das mais conhecidas revistas de notícias semanais do mundo, publicada nos Estados Unidos da América, divulgou, na última semana, uma reportagem especial sobre racismo no Brasil. Na manchete, o veículo divulgou “como os brasileiros negros estão lutando contra a resistência da era da escravidão para combater a injustiça racial” e citou, especificamente, a ressignificação dos grupos quilombolas que têm chamado a atenção no país.

Entre outros pontos, a reportagem traz dados que provam a “inflamação do racismo” após a eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018. O texto cita até mesmo o episódio em que Bolsonaro comparou os quilombolas ao gado e que “eles nem servem para procriar”. 

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Apesar disso, a matéria lembra que o presidente é “apenas a ponta do iceberg no que diz respeito ao racismo sistêmico do Brasil”. Isso por quê, a maioria dos brasileiros se considera como negro, cerca de 56%, mas os negros representam apenas 18% do congresso, 4,7% dos executivos nas 500 maiores empresas do Brasil, 75% das vítimas de assassinato e 75% dessas morto pela polícia. Dados apresentados pela reportagem.

Um dos dados mais chocantes mostram, ainda, que os assassinatos policiais aumentaram quase seis vezes mais do que os números comparados aos dos EUA. E, neste dado, citaram o presidente novamente ao divulgar que “Bolsonaro fez avançar um projeto de lei contra o crime no ano passado que incluía uma justificativa de ‘autodefesa’ para o uso da força pela polícia”, projeto aprovado com algumas limitações pelo congresso em dezembro de 2019.

Após apresentar dados e acontecimentos que mostram um Brasil racista, a reportagem traz, também, que grupos de brasileiros negros, especificamente os quilombolas, estão criando espaços que celebram explicitamente a identidade negra e fortalecem sua resistência ao racismo. Além disso, estas “bolhas”, segundo um dos entrevistados pela reportagem da Time, tem como objetivo combater o genocídio da população preta.

A reportagem conta também a história de vários nomes do “novo quilombo” que estão começando a fazer história no país, mas lembra que as comunidades rurais que os inspiraram estão sob ataque. Personagens entrevistados pela revista dizem que há descaso do Estado com a infraestrutura dos quilombos, que existem por todo país, inclusive em Goiás.

Além de tudo, segundo a Fundação Cultural Palmares, existem 1209 comunidades quilombolas registradas no Brasil e 143 áreas quilombolas com terras tituladas. Os estados brasileiros com o maior número de comunidades remanescentes de quilombos são Bahia, que possui 229 quilombos cadastrados; Maranhão, com 112; Minas Gerais, com 89; e Pará, com 81 comunidades quilombolas. No entanto, a educação oferecida a essas comunidades ainda é extremamente precária. A matéria completa da Time pode ser lida aqui.

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