Doutor em história afirma que mídia tem papel fundamental de resgatar “decência da política”

Danillo Alarcon concedeu entrevista ao O Hoje News, edição da manhã, nesta sexta-feira (08/01), sobre últimos acontecimentos envolvendo as eleições nos EUA | Foto: reprodução

Postado em: 08-01-2021 às 18h00
Por: Carlos Nathan Sampaio
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Danillo Alarcon concedeu entrevista ao O Hoje News, edição da manhã, nesta sexta-feira (08/01), sobre últimos acontecimentos envolvendo as eleições nos EUA | Foto: reprodução

Nathan Sampaio

Em entrevista ao O Hoje News, edição da manhã, desta sexta-feira (08/01), o doutor em História e Política Externa e professor na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC), Danillo Alarcon, falou sobre as polêmicas que envolveram os Estados Unidos da América (EUA) nesta semana durante a certificação do presidente eleito, Joe Biden. Na ocasião, Biden seria confirmado presidente na quarta (6), mas devido à manifestações insufladas pelo ex-presidente Donald Trump, o evento foi adiado, acontecendo apenas no dia seguinte. Gravidade dos protestos resultaram na morte de 4 pessoas e na demissão em massa de funcionários da Casa Branca.

Para Danillo, o acontecido é uma das lições que estamos tentando aprender no Brasil também. “Como a gente volta a fazer um diálogo, como a gente volta a entender a posição do outro, como a gente volta a entender as motivações que fazem uma pessoa votar em A, B ou C. Eu acho isso fundamental e a gente tem que voltar. O que eu penso diferente nesse aspecto é que na verdade o grande apoiador do Trump não é a pessoa que não tinha voz, é a pessoa que sempre teve voz, por ser o perfil sempre masculino branco, e aqui não é questão ideológica, é uma questão pura e simplesmente das imagens”, afirmou. 

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O historiador mostrou que, analisando as imagens do protesto nos EUA, as fotos das pessoas que participavam do movimento eram homens brancos. “São pessoas que sempre tiveram o poder e que estão vendo, por algum motivo e por alguma forma conspiratória, a ampliação dos direitos de outros grupos como a diminuição de seus direitos, isso é perigoso”, complementou.

De acordo com Danillo, o que aconteceu na manifestação é que Trump deu voz a essas pessoas que ficaram muito assustadas com a ampliação do debate público, envolvendo a mídia. “A mídia tem um papel fundamental, que é resgatar o que o presidente eleito, Biden, falou ontem [ao ser certificado presidente], ‘resgatar a decência da política’, e a decência da política está baseada no diálogo da verdade”, pontuou. 

Durante a entrevista, o professor também lembrou que é importante combater e debater a verdade, pois “parte das lideranças de hoje só se sustentam com base na mentira, com base na criação de um discurso que lhes garanta a manutenção do poder”. “Qualquer governante que tome passos para se manter no poder indefinidamente, e isso pressupõe algum grau de mentira, e eu até venho repensando essa questão de usar o termo ‘fake news’, por a prática de fake news de mentiras, de propaganda, ela existe desde que o ser humano começou a se organizar politicamente”, reafirma o historiador.

Danillo vê, como uma saída, e sugere às pessoas que buscam informação, que também ouçam lideranças que combatam mentiras e façam, também, auto análise. “Por exemplo, uma coisa interessante que os bolsonaristas fazem é esse questionamento constante de que há algo errado no governo, canaliza isso para entender que existem regras, nós não podemos simplesmente duvidar das pessoas e tacar elas no fogo. Não é porque defende uma pauta progressista, ou até mesmo conservadora, que essa pessoa não deve ter voz no jogo democrático, a democracia é difícil mesmo”, concluiu. 

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