Mobilidade elétrica: o futuro é agora!
Marcus Tabosa é cientista de dados e diretor de tecnologia de empresa do mercado de energia
O debate sobre o desenvolvimento sustentável do Brasil em conjunto com inovações tecnológicas para oportunizar cidades mais inteligentes e ambientalmente saudáveis passa diretamente pela mobilidade elétrica. O tema sai de um futuro distante para uma realidade cada dia mais próxima. Não tenho dúvidas de que em torno de 20 a 30 anos, os veículos elétricos vão compor a maioria da frota mundial. De acordo com a Bloomberg New Energy Finance, até 2040, 30% da frota global de veículos de passeio deve ser elétrica e 57% de todas as vendas de carros serão de elétricos.
Embora o Brasil ainda não se destaque entre os líderes globais, que hoje são países da Europa, além de Estados Unidos e China, é um mercado em crescimento. O negócio de carros eletrificados (elétricos ou híbridos) no nosso País cresceu 47% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2021, enquanto a venda de carros à combustão caiu 14,5%.
Os sucessivos reajustes nos preços dos combustíveis e a necessidade de reduzir as emissões de carbono e se adaptar às mudanças climáticas favorecem o cenário, tanto ambiental quanto economicamente. Isso porque o setor de transportes é um dos principais responsáveis pelas emissões de CO2 e com um único veículo elétrico é possível evitar a emissão de 1,5 tonelada de CO2. Enquanto pela vertente econômica, a implementação e crescimento da mobilidade elétrica revelam a necessidade de novas tecnologias tanto na fabricação dos veículos eletrificados quanto na implantação de infraestrutura de recarga, o que está diretamente ligado à geração de empregos.
As estações de carregamento, públicas ou não, precisam crescer na mesma velocidade das vendas de veículos. É uma demanda urgente, principalmente pela necessidade de pontos nas rodovias. Goiás, por exemplo, tem 27 estações públicas de carregamento, mas apenas oito fora da capital, distribuídas em cinco municípios. Para viajar com um carro elétrico, é preciso planejar sistematicamente a rota, uma vez que a autonomia média desses carros é de cerca de 300 quilômetros. A instalação de pontos de carregamento é importante para passar mais segurança aos usuários e ajudar a difundir a mobilidade elétrica.
Nossa empresa tem como meta até o fim do ano instalar 40 estações em Goiás, em cidades como Anápolis, Rio Verde, Itumbiara, Caldas Novas, Pirenópolis e Valparaíso de Goiás. Brasília também está na lista, com planos para em breve expandir os pontos para eixos de viagem interestaduais, entre Minas Gerais e São Paulo.
Além disso, diante dessa perspectiva de crescimento é preciso promover debates e iniciativas a respeito de políticas públicas e outras medidas que estimulem a mobilidade elétrica no Brasil. Em alguns Estados, como Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Piauí, Paraná e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal, há isenção de IPVA para adquirir veículos elétricos. São Paulo e Rio de Janeiro oferecem redução no imposto.
A boa notícia é que no Brasil um ponto favorável ao caráter sustentável da mobilidade elétrica é a participação majoritária de fontes renováveis na matriz elétrica, com destaque para o crescimento exponencial da energia solar. Só no primeiro semestre deste ano foram instalados 267,8 mil sistemas fotovoltaicos, um acréscimo de 35% em comparação com o mesmo período do ano passado no País. Uma média de 1,48 mil unidades conectadas à rede por dia. Aqui conseguimos combinar em um só sistema tecnológico a transformação conjunta dos setores automotivo e energético.
Reconhecemos a importância de garantir o desenvolvimento sustentável por meio de medidas voltadas ao combate das mudanças climáticas e o investimento em mobilidade elétrica faz parte desse compromisso.
Marcus Tabosa é cientista de dados e diretor de tecnologia de empresa do mercado de energia