Justiça autoriza volta da CPI do Transporte

Investigações da Comissão haviam sido suspensas por decisão judicial e serão retomadas em fevereiro

Postado em: 01-02-2016 às 00h00
Por: Redação
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Investigações da Comissão haviam sido suspensas por decisão judicial e serão retomadas em fevereiro

Suspensa por decisão judicial, a CPI do Transporte Intermunicipal, instalada no ano passado pela Assembleia Legislativa para investigar possíveis irregularidades no sistema, volta a funcionar em fevereiro. A decisão é do desembargador do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), Francisco Vildon, que há duas semanas, agravo regimental impetrado pelo deputado Humberto Aidar (PT), que havia sido escolhido para presidir a Comissão.

O vai e vem da CPI começou ainda no primeiro semestre de 2015, quando o deputado petista apresentou documento com assinaturas mais que necessárias para a sua criação. Mas, em seguida, a maioria as retirou, esvaziando, assim, a Comissão, que não foi instalada. 

Primeiro, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás havia concedido liminar para instalação da CPI, concedido pelo desembargador Geraldo Gonçalves da Costa. Semanas depois, o também desembargador Itamar de Lima suspendeu os efeitos das medidas, o que provocou o encerramento dos trabalhos. Foi aí que Aidar entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin).

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Em sua decisão, Vildon pontuou que “os fundamentos relevantes se encontram devidamente demonstrados por meio de documentação […] e me parecem suficientes […] Soma-se a isso, o fato de que o Regimento Interno da Assembleia Legislativa de Goiás em voga, não possuir disposição normativa que autorize a retirada de assinaturas, após apresentação e aprovação de requerimento para instalação de ‘CPI’. […] No mesmo passo, reconheço que a medida liminar se tornou urgente e necessária […] pois as questões relativas à regularidade ou não do transporte coletivo intermunicipal continuarão sem qualquer explicação e solução”.  

Liminar 

Após cumprir a determinação da Justiça e declarar a abertura da Comissão, o presidente da Assembleia, Helio de Sousa (DEM), recorreu da decisão liminar, sustentando  ausência de provas e a impossibilidade de o Poder Judiciário interferir em matéria interna do Poder Legislativo.

No final de outubro, o desembargador em substituição, Itamar de Lima, acatou o pedido de Helio de Sousa e suspendeu o funcionamento da CPI, paralisando também as investigações.

Com isso, Aidar entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), contra a decisão do Tribunal.

De agosto e outubro do ano passado, a Comissão funcionou, com o objetivo de investigar possíveis irregularidades no transporte intermunicipal de passageiros, no Estado de Goiás. O trabalho foi dividido em duas frentes: a primeira com foco na melhora da qualidade do serviço, e a segunda com foco na abertura de processo licitatório, já que as empresas do ramo estariam atuando há mais de 40 anos sem licitação.

Especialistas e autoridades foram ouvidas nas reuniões da Comissão, como o promotor de Contas do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), Fernando dos Santos Carneiro; a titular da 78ª Promotoria de Justiça, de Defesa do Patrimônio Público, Villis Marra; o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e ex-deputado estadual, Sebastião Tejota; o ex-presidente da Agência Goiana de Regulação (AGR), Humberto Tanus; e o técnico do TCE, Rafael Rodrigues Gonçalves.  

A maioria se posicionou favoravelmente às investigações, reconhecendo irregularidades na contratação das empresas que atuam no transporte intermunicipal de passageiros em Goiás. Para Fernando dos Santos, a Lei nº 18.637, aprovada em 2014 na Assembleia Legislativa, contraria o interesse público, favorecendo particulares do setor dos transportes, que gozam de vantagens e acabam por prejudicar os usuários. Villis Marra também enxerga os atuais contratos como ilegais. Lincoln Tejota reconheceu que essa lei permite às empresas operar sem licitação. 

 

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