Sem Iris, debate é marcado por provocações

Prefeitáveis trocaram fartas e defenderam projetos de governo em debate neste domingo (25), na TV Record

Postado em: 26-09-2016 às 10h00
Por: Redação
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Prefeitáveis trocaram fartas e defenderam projetos de governo em debate neste domingo (25), na TV Record

Mardem Costa Jr.

O debate com os candidatos à Prefeitura de Goiânia transmitido ontem à noite pela Record Goiás surpreendeu quem esperava a mesma temperatura morna do encontro realizado pela TV Goiânia (Band), devido à ausência de Iris Rezende (PMDB). Apesar de veiculado em dia e horário ingratos, o programa foi marcado por várias provocações entre os candidatos, Vanderlan Cardoso (PSB), Adriana Accorsi (PT) e Iris foram os alvos preferenciais.

Carlos Magno, apresentador da casa e mediador do encontro, iniciou o confronto de ideias tecendo críticas ao peemedebista, único postulante ao Paço Municipal a não estar presente aos estúdios da emissora, no Setor Bueno, alegando compromissos já agendados anteriormente. Sua ausência foi fortemente criticada pelos concorrentes, que questionaram sua falta de compromisso com os eleitores e um possível receio do peemedebista ser duramente questionado acerca de sua atuação como prefeito entre os anos de 2005 a 2010.

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Flávio Sofiati (PSOL) e Djalma Araújo (Rede), conscientes de suas chances eleitorais próximas à zero, mantiveram o estilo franco-atirador. Sofiati questionou a aliança de Vanderlan com o governador Marconi Perillo (PSDB), e explorou a aliança PT e PMDB, iniciada em 2008 e rompida no final do ano passado. Djalma, ex-petista, centrou fogo nas gestões de Iris e Paulo Garcia, consideradas por ele “as que mais roubaram na história da cidade”.

Cardoso e Francisco Júnior (PSD) estabeleceram uma parceria, aproveitando as oportunidades de perguntas e respostas sobre temas como a saúde e mobilidade urbana, por exemplo, para cutucar Garcia e Rezende, que segundo eles, são responsáveis pela má gestão municipal e o atual ocaso de Goiânia.

Delegado Waldir (PR) também atirou, agindo fielmente ao estilo independente que adotou desde o começo de sua carreira política. O republicano, ao criticar a problemática da segurança pública, acusou Vanderlan de ser representante de um governo falido, referindo-se ao apoio de Marconi ao socialista. Cardoso pediu direito de resposta, negado pela assessoria jurídica da Record.

Waldir também teve atritos com Vanderlan sobre a municipalização da gestão da água em Senador Canedo – gerida pelo socialista. O deputado federal acusou o candidato do PSB de ser responsável pelos problemas hídricos da cidade da região metropolitana. Vanderlan perdeu a paciência e rebateu. “Gostaria que o senhor se inteirasse mais dos assuntos antes de vir para o debate” e arrematou. “Parece que Waldir só quer discutir sobre Senador Canedo”.

Adriana Accorsi (PT) cutucou Iris Rezende em várias oportunidades. Ela lembrou que o peemedebista extinguiu o Cidadão 2000 e as Escolinhas de Futebol, projetos sociais desenvolvidos pela Prefeitura de Goiânia a partir da gestão de Darci Accorsi (1945-2014), pai da candidata e acusou Rezende de deixar um rombo de mais de R$ 300 milhões na saúde.

Um dos pontos altos do debate foi quando Sofiati provocou Adriana sobre a presença do vereador e pastor Deivison Costa (PTdoB) na chapa da petista – o parlamentar é candidato à vice-prefeito. O postulante do PSOL lembrou a atuação de Costa contra a chamada ideologia de gênero no Plano Municipal de Educação, rejeitada pelos vereadores com o apoio maciço da bancada evangélica. Ela foi evasiva sobre o vice, mas deixou clara a sua militância em prol da diversidade e que lutará contra quaisquer tipos de discriminação, ressaltando o machismo e a intolerância ao movimento LGBT.

A polêmica expansão urbana não ficou de fora do encontro da Record. Francisco e Adriana teceram críticas à política habitacional praticada durante os mandatos de Iris e lembraram da necessidade de combate à segregação espacial – onde pessoas mais abastadas moram nas regiões centrais e as mais pobres, nas periferias. Djalma Araújo disse sobre a necessidade da cidade compacta, que reduz custos de implantação e manutenção de serviços e integra a população e acusou Rezende de ser representante do segmento imobiliário, que segundo ele, atua de forma agressiva, ignorando as consequências ambientais de suas ações.

A eficiência da gestão foi pontuada em várias oportunidades. Numa delas, Djalma lembrou Vanderlan sobre a proposta de criação das subprefeituras, aprovadas durante a gestão de Iris Rezende e não colocadas em práticas, na visão do postulante da Rede, por falta de coragem do peemedebista. O socialista destacou que implantará oito regionais pela cidade, de modo a descentralizar os serviços oferecidos pela Prefeitura de Goiânia.

“Parceiros”, Cardoso e Júnior salientaram a importância do turismo de negócios para a capital goiana e a decadência do mesmo, segundo eles por falta de ações básicas do Poder Público municipal, entre elas a busca por eventos e até mesmo a ausência de sinalização turística das principais atrações de Goiânia e prometeram ações também em prol dos polos econômicos.

Um ponto negativo a ser destacado é que a emissora, teve uma ótima ideia, mas não explorada pelos candidatos. Ao invés das tradicionais considerações finais, deu aos concorrentes ao Paço Municipal a seguinte pergunta: “Se pudesse fazer uma única coisa grandiosa para marcar a sua gestão o que você faria?”. Para quem pensava em obras com um legado definitivo, precisou se contentar com sonhos triviais e um tanto óbvios. Faltou ousadia…

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