Marconi demite comissionados
Segundo o governador, “os auxiliares que estão dispostos a garantir comigo os melhores resultados vão ficar. Os que não quiserem, que procurem outros espaços”
O governador Marconi Perillo anunciou que vai exonerar todos os funcionários comissionados nesta segunda-feira (2). O objetivo é marcar o início da segunda metade de seu quarto mandato (2015-2018) à frente do Palácio das Esmeraldas com uma profunda renovação do quadro de auxiliares para “fortalecer o compromisso da equipe com o planejamento, a execução e os resultados” do Governo de Goiás. Marconi disse que promoverá a redução no número de servidores em cargos comissionados conforme estabelecida pelo Programa de Austeridade pelo Crescimento de Goiás, aprovado pela Assembleia Legislativa, “um choque na acomodação”.
“Eu perdi a paciência com pessoas que estão no governo e que não estão tendo o comprometimento que precisam ter. Tem muitas pessoas altamente comprometidas e tem outras que não”, afirmou Marconi. “Porque não tem ponto chegam depois, saem antes do horário. As pessoas acham que eu sou bobo, que não presto atenção. O resultado é que no dia 1.º de janeiro eu começo a fazer um novo governo”, afirmou. “Vou colocar no governo as pessoas que tenham compromisso com os programas de governo – o Goiás Competitivo, o Inova Goiás, o cumprimento dos contratos de gestão que nós estamos estabelecendo com cada secretaria”, disse.
Segundo o governador, “os auxiliares que estão dispostos a garantir comigo os melhores resultados vão ficar. Os que não quiserem que procurem outros espaços”. Marconi disse que, apesar de seu nome ser citado para a disputa pela Presidência da República em 2018, seu foco de trabalho está completamente voltado para o Governo de Goiás. “Não sou candidato a nada. Só tenho um compromisso de vida: é com o Governo do Estado de Goiás. Esse é meu compromisso. Por isso, fiz esse esforço enorme”, disse, em referência às medidas de austeridade implantadas a partir do final de 2014 e Programa de Austeridade pelo Crescimento de Goiás.
Medidas duríssimas
“Os resultados financeiros e fiscais do Estado foram extraordinários. Depois de dois anos de crise intensa nós conseguimos a duras penas, com medidas duríssimas chegar ao final do ano muito melhor do que o ano passado”, afirmou Marconi, que nesta sexta-feira apresentou em entrevista coletiva o Balanço Fiscal do Governo de Goiás em 2016, cujos números mostram que as medidas atingiram os objetivos estabelecidos e “colocaram Goiás entre os Estados com a melhor situação financeira do País”.
“Nosso objetivo com as medidas da austeridade é chegar em 2017 com os resultados ainda melhores do que os resultados de 2016″, afirmou. “Goiás tem sido referência em relação a medidas de austeridade desde 2014, quando nós fizemos a primeira reforma, diminuição de cargos na estrutura básica do governo e também outras medidas de austeridade”, disse o governador. “Em 2015 e neste ano, especialmente no final deste ano, continuei a aprofundar o ajuste através dos projetos que nós enviamos para a Assembleia. Os resultados chegaram”, afirmou.
Entre os indicadores que apontam para o equilíbrio das contas em 2016, Marconi destacou as despesas com a folha de pagamento do funcionalismo, que caíram proporcionalmente em relação à receita tributária do Governo de Goiás na comparação com 2015. “Nós tivemos o crescimento do déficit orçamentário em 2015 por conta dos aumentos salariais que foram dados especialmente à Polícia, Saúde e Educação. Agora nós conseguimos um resultado altamente favorável na área fiscal e financeira do Estado”, disse.
O governador lembrou ainda que “as medidas que adotamos aqui serviram como base para negociação com o ministro da Fazenda, o presidente da república e todos os governadores”. “Aqui em Goiás, as medidas que estão sendo aprovadas pela Assembleia têm sido objeto de debates e análises por parte de grandes especialistas em economia”, observa. “Jornalistas conceituados de diversos veículos de comunicação colocam Goiás entre os dois estados que melhor fizeram o seu dever de casa”, disse o governador.
Aumento da contribuição
Marconi voltou a afirmar que a reforma da Previdência Social é a mais urgente, tanto na União quanto nos Estados e disse que o aumento de 1 ponto porcentual na contribuição dos servidores estaduais vai amenizar o déficit de receita no sistema de benefícios do Governo de Goiás. “O grande problema na equação fiscal e financeira de todos Estados brasileiros é gasto com Previdência e gasto com pessoas. Esses gastos são quase 80%, se a gente considerar em prédios, se a gente considerar em administração de órgãos, órgãos que têm receitas próprias, há um comprometimento muito elevado”, disse.
O governador observou que, ao longo de seus mandatos, promoveu um extenso programa de valorização sistemática dos servidores e de suas carreiras, mas que a crise econômica nacional restringiu o espaço de atuação do poder público no atendimento às demandas salariais do funcionalismo. “Ao longo do tempo, eu procurei valorizar os funcionários de uma forma geral. Chega um ponto que é preciso fazer reduções, para que no futuro não haja um comprometimento maior”, afirmou Marconi.
“Ao longo do tempo, os salários ficaram muito defasados, as categorias muito desmotivadas. E isso me obrigou, nos meus dois primeiros governos, a discutir com essas categorias uma forma de valorizá-las, sob pena dos serviços públicos não atingirem seus objetivos”, afirmou o governador. “Várias medidas que corroboraram com o aumento da folha aqui e em outros Estados vieram de cima para baixo, em aumentos compulsórios”, disse Marconi.
“Em Goiás”, ponderou o governador “fizemos ajustes para melhorar as condições de trabalho, principalmente na Segurança, Educação e Saúde, mas chegou um ponto – e isso eu detectei em 2011 – que o sinal amarelo acendeu no Brasil inteiro”. Marconi observou que, para prosseguir valorizando os servidores efetivos, cortou, “a partir do início de 2014, 6,2 mil comissionados”. Segundo ele, foram “5 mil cargos comissionados extintos ao longo de 2014 e agora mais 1,2 mil cargos comissionados”. “Nós agora vamos reduzir 30% dos cargos temporários e outras funções comissionadas. Mas enfim: falta no Brasil uma política geral do servidor público, uma política de reajustes”, afirmou.