Arrependidos por votar IPTU sem ler, vereadores pedem saída de secretário de Governo

Vereadores batem boca após se arrependerem da votação que alterou o Código Tributário do Município

Postado em: 02-02-2022 às 08h12
Por: Felipe Cardoso
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Vereadores batem boca após se arrependerem da votação que alterou o Código Tributário do Município | Foto: Reprodução

A manhã da última terça-feira (1/2) foi marcada, no meio político, pelo retorno dos vereadores à Câmara Municipal de Goiânia. O primeiro encontro regimental de 2022, no entanto, foi bem semelhante aos últimos que selaram o encerramento de 2021, ou seja, regado a desentendimentos, chacotas e, claro, pelo término antecipado da reunião.

Antes mesmo de retornarem às atividades de maneira oficial, a tragédia do novo encontro já havia sido anunciada. Isso porque vereadores da base do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) deram início a um movimento de revolta que tomou conta das redes sociais e também dos portais de notícias da capital, em especial no último final de semana.

Os rebelados decidiram soltar a voz ao se sentirem enganados pela prefeitura. A revolta foi ganhando musculatura no ritmo em que os cidadãos goianienses “apedrejavam” os vereadores responsáveis pela aprovação do novo Código Tributário, em setembro do ano passado. Acontece que a vigência da nova lei resultou em um aumento exorbitante do IPTU de boa parte dos goianenses. 

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Mas o combinado não era esse. “Tentaram nos enganar ou não souberam calcular”, disse o líder do Republicanos no Legislativo municipal, vereador Leandro Sena ao tentar justificar a ação coordenada no sentido de garantir a revogação do Código junto ao Paço. Dito isso, não precisava muito para imaginar o que viria pela frente.

Com os trabalhos retomados, o cidadão pôde ver de tudo um pouco. De vereador vestido de palhaço a agressões verbais que por pouco não se tornaram físicas. Mas vamos por partes. Primeiro foi a vez do vereador Sargento Novandir (Sem partido) roubar a cena. Acontece que ele se fantasiou de palhaço na tentativa de expressar seu sentimento em relação a ‘manobra’ da prefeitura para aprovar o Código.

Durante seu pronunciamento, ele disse se sentir arrependido e chegou a tirar o cinto. Por sinal, o cinto de Novandir está bem familiarizado com a tribuna. Em outubro do ano passado ele também o tirou para rechaçar uma suposta articulação do colega Gerverson Abel (Avante).

Isso porque Abel teria trabalhado, na avaliação de Novandir, pelo arquivamento de uma matéria que ele lutava há quatro anos para aprovar. À época, durante seus cinco minutos na tribuna, o vereador disparou em tom elevado: “Algumas vezes eu já bati em moleque na rua, em bandido, quando alguns tentaram me agredir. Mas em você vereador, vou ser sincero, eu tinha vontade de tirar esse cinto aqui e te dar um couro. Sabe quando a gente pega um moleque covarde na rua e o pai e a mãe educa? Eu queria te educar com uma cintada no lombo, infelizmente não posso, mas o senhor merecia isso”.

Quanto ao encontro de ontem, Novandir sacou o utensílio não para expressar sua vontade em agredir, pelo contrário. Ele queria que algum de seus colegas desse uma “chibatada” em suas costas para castigá-lo já que foi um dos parlamentares a votar a favor das mudanças tributárias no ano passado. Dito isso, ele firmou ainda o compromisso de não mais votar matérias que tramitam em regime de urgência e aproveitou para se desculpar com a sociedade.

Quem pensa que acabou está meramente enganado. O assunto ainda rendeu um bate-boca acalorado. Dessa vez, não entre os vereadores Ronilson Reis (Podemos) e Thialu Guiotti (Avante), como no final de dezembro, mas com 50% de semelhança do espetáculo anterior, haja vista o envolvimento do vereador do Podemos, intitulado, nos bastidores, pelos próprios colegas como “esquentadinho”.

O embate, dessa vez com o vereador Pastor Wilson (PMB), foi marcado por dedos apontados que deixaram ambos perto de concretizar o desejo de avançarem um no outro.

Tudo começou quando o vereador Ronilson finalizou o discurso em apresentou uma proposta de decreto para exonerar os secretários de Governo, Arthur Bernardes, e de Finanças, Geraldo Lourenço, devido ao aumento do IPTU sob o mesmo argumento de ter sido “enganado” pelo Executivo.

Após o discurso, Ronilson foi até o vereador Pastor Wilson e o provocou: “Agora o senhor vai lá e leva a notícia para ele [Arthur Bernardes], que o senhor gosta de levar fofoca” e, neste momento, Wilson exigiu respeito.

Daí em diante a temperatura subiu e a cena de sempre se repetiu. Ambos começaram a gritar e tiveram que ser apartados por seguranças e até pelos próximos parlamentares que estavam presentes. Como de costume, a sessão foi encerrada. Cena, por sinal, recorrente especialmente nos últimos meses de 2021.

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