Ministro da Educação terá que se explicar sobre áudio relacionado a pedidos de verba ao Governo

Ribeiro não negou a autenticidade do áudio e disse que a CGU apura o caso desde agosto de 2021. Aras quer tomar depoimentos de prefeitos sobre suposto pedido de propina feito por pastores

Postado em: 24-03-2022 às 11h36
Por: Alexandre Paes
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Ribeiro não negou a autenticidade do áudio e disse que a CGU apura o caso desde agosto de 2021. Aras quer tomar depoimentos de prefeitos sobre suposto pedido de propina feito por pastores | Foto: Reprodução

É esperada para esta quinta-feira (24/3) a votação do requerimento de convocação do ministro da Educação Milton Ribeiro para prestar esclarecimentos à Comissão de Educação do Senado. O ministro terá que se explicar sobre áudio em que afirma que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por pastores que não têm cargo na pasta.

No áudio, Ribeiro afirma que o governo federal deve priorizar pedidos de liberação de verba feitos pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar. Porque foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão de Gilmar. Apoio. Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas”, disse Ribeiro, em áudio revelado pela imprensa.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, decidiu pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para apurar suspeitas de crimes envolvendo o ministro da Educação Milton Ribeiro na liberação de verbas para prefeituras indicadas por dois pastores com trânsito no ministério.

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Na noite desta quarta-feira (23/3), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, revelou durante entrevista a CNN que, desde agosto de 2021, há investigações da Controladoria Geral da União (CGU) para apurar mediações ilegais, como as denunciadas pelos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo.

Ele afirmou que solicitou a apuração de uma possível prática ilegal envolvendo “prática de intermediação. “Eu, lá em agosto de 2020, fui numa determinada cidade e ouvi algum comentário dessa natureza, que chegou, e depois recebi uma denuncia anônima sobre uma possível prática, não estou falando que houve, sobre esse tipo de pedido, tramitação. Reuni meu gabinete, conversei com meu secretário executivo, e pedi que reduzisse a termo oficial em um documento”, disse.

“Este documento está claro, é um documento que foi a meu pedido, em agosto do ano passado eu marquei uma reunião com o ministro da CGU. […] O que ele fez? Eu fui lá, entreguei esse documento e pedi que ele tomasse as providências. Ele me disse que iria instaurar uma investigação sigilosa. O assunto, o mérito era que havia uma possível mediação de uma conversa, que não era uma conversa que eu achava boa. Diante dessa conversa, eu não fiquei de braços cruzados”, enfatizou.

Quando questionado sobre a pressão estabelecida por parlamentares e organizações, após a divulgação dos áudios, o ministro afirmou que está firme no cargo, e que conversou com o presidente Jair Bolsonaro (PL). “Depois do áudio o presidente me ligou e disse “eu não vejo nada demais no áudio”. Eu não o procurei. Eu respeito muito o presidente, o cargo que eu estou é de confiança do presidente. O que ele falou é que eu permaneço, eu fico de acordo com a sua confiança. Se ele quiser, quando quiser, ele pode pedir o cargo. Me sinto honrado de ser escolhido para atuar em um governo que não tem casos de corrupção”, concluiu.

Esclarecimento

A respeito do trecho do áudio, em que o ministro menciona que a prioridade é atender “primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, Ribeiro alegou desconhecer a velocidade:

“Quando o pedido é feito, ele entra numa lista que é organizada pelos técnicos da FNDE. Sai da competência da sede, do gabinete, e vai para o FNDE. Os pedidos que foram atendidos antes certamente preencheram todos os requisitos de documentação. Eu desconheço essa velocidade, não foi por minha mediação. Se aconteceu deve ter sido porque eles conseguiram alcançar a documentação necessária”, defendeu.

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