Com ausência de ex-ministro no Senado, prefeitos serão ouvidos sobre suposto esquema no MEC

Senadores querem detalhes sobre a suspeita de pagamento de propina aos pastores Arilton Moura (centro da foto) e Gilmar Santos (direita) durante a gestão do também líder religioso Milton Ribeiro no Ministério da Educação

Postado em: 04-04-2022 às 18h12
Por: Augusto Diniz
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Senadores querem detalhes sobre a suspeita de pagamento de propina aos pastores Arilton Moura (centro da foto) e Gilmar Santos (direita) durante a gestão do também líder religioso Milton Ribeiro no Ministério da Educação | Foto: Reprodução

Depois que o ex-ministro da Educação (MEC), pastor Milton Ribeiro, não compareceu à Comissão de Educação (CE) do Senado na quinta-feira (31/3), os membros da CE vão ouvir nove prefeitos que denunciaram a suposta cobrança de propina pelos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos em troca da liberação de recursos do MEC para municípios. A sessão está marcada para as 9 horas de terça-feira (5/4).

Entre os prefeitos que serão ouvidos está o chefe do Executivo de Bonfinópolis, Kleiton Pinheiro (Cidadania), cidade da Região Metropolitana que fica a 37 quilômetros de Goiânia. Kleiton revelou em março que o pastor Arilton Moura pediu R$ 15 mil para intermediar a liberação de recursos do Ministério da Educação à Secretaria Municipal de Educação do município goiano.

E que, caso o dinheiro fosse encaminhado, um novo pagamento de R$ 30 mil deveria ser feito ao líder religioso, que atuaria junto com Gilmar Santos em uma espécie de gabinete paralelo no MEC. Arilton e Gilmar não são servidores da pasta, mas suspeitas apontam que os dois tinham trânsito livre tanto no Ministério da Educação quanto no Palácio do Planalto.

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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) solicitou a realização da audiência pública amanhã para tentar esclarecer os fatos divulgados pela imprensa de um suposto esquema de cobrança de propina dentro do MEC com suspeita de aval do então ministro Milton Ribeiro, que estaria seguindo ordem do presidente Jair Bolsonaro (PL) de dar liberdade de atuação aos dois pastores.

“Os fatos narrados são gravíssimos e cabe a este Parlamento, por meio da Comissão temática de Educação de sua Casa Alta, a apuração com rigor dos eventos, o que só será possível com o comparecimento pessoal dos envolvidos no tema em questão para prestar os devidos esclarecimentos”, justificou o senador no requerimento para realização da audiência.

Prefeitos que devem participar

Além do prefeito da cidade goiana de Bonfinópolis, os chefes de Executivos municipais que devem participar por videoconferência são Júnior Garimpeiro, de Centro Novo (MA), Gilberto Braga, de Luís Domingues (MA), José Manoel de Souza, de Boa Esperança Do Sul (SP), Calvet Filho, de Rosário (MA), Helder Aragão, de Anajatuba (MA), Marlene Miranda, de Bom Lugar (MA), Nilson Caffer, de Guarani D’oeste (SP), e Reinaldo Vilela Paranaíba Filho, de Três Corações (MG).

A denúncia que mais chamou a atenção até o momento foi feita por Gilberto Braga, prefeito de Luís Domingues, no Maranhão. Segundo Braga, o pastor Arilton Moura teria pedido R$ 15 mil para intermediar o pedido da prefeitura junto ao MEC e, depois da liberação do recursos, um pagamento em ouro. “Ele [Arilton] disse: ‘Traz um quilo de ouro para mim’. Eu fiquei calado. Não disse nem que sim nem que não”, contou ao Estadão Gilberto Braga, que afirmou não ter aceitado a proposta.

Participação popular

A audiência pública terá participação popular. Qualquer pessoa pode mandar perguntas e comentários para a Ouvidoria do Senado pelo telefone 0800-061-2211 ou pelo Portal e-Cidadania (clique aqui). As interações podem ser lidas e respondidas pelos participantes do evento ao vivo.

“O Senado oferece uma declaração de participação, que pode ser usada como hora de atividade complementar em curso universitário, por exemplo. O Portal e‑Cidadania também recebe a opinião dos cidadãos sobre os projetos em tramitação no Senado, além de sugestões para novas leis”, informa a Casa. (Com informações da Agência Senado)

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