Funaro afirma a juiz que Temer recebeu propina para campanha de 2010

Nesses encontros, foram combinados os valores que seriam destinados às campanhas do PMDB, em troca de benefícios ilegais às empresas do grupo Bertin na Caixa, segundo Lúcio Funaro

Postado em: 31-10-2017 às 13h15
Por: Márcio Souza
Imagem Ilustrando a Notícia: Funaro afirma a juiz que Temer recebeu propina para campanha de 2010
Nesses encontros, foram combinados os valores que seriam destinados às campanhas do PMDB, em troca de benefícios ilegais às empresas do grupo Bertin na Caixa, segundo Lúcio Funaro

O corretor de valores Lúcio
Funaro, ex-operador-financeiro do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
voltou a afirmar hoje (31) que o presidente Michel Temer recebeu ao menos R$ 2
milhões em propina por meio de doação oficial para a campanha presidencial de
2010, em que concorreu como vice de Dilma Rousseff.

A informação, que já havia sido
adiantada por Funaro na delação premiada que firmou com o Ministério Público
Federal (MPF), foi reafirmada nesta terça-feira ao juiz Vallisney de Souza
Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, onde tiveram início, na semana
passada, os interrogatórios dos réus na ação penal decorrente da Operação
Sépsis.

Continua após a publicidade

No segundo dia de interrogatório,
Funaro deu detalhes sobre a negociação de um aporte do FI-FGTS no grupo Bertin,
em troca do pagamento de propina para campanhas de políticos do PMDB.

O operador financeiro relatou ter
participado de almoços em um hotel em Brasília com Natalino Bertin, controlador
do grupo, o ex-deputado Eduardo Cunha e o ministro Moreira Franco, da
Secretaria Especial da Presidência, que era deputado à época. Teria comparecido
também o deputado Cândido Vaccarezza, à época no PT e ativo na campanha
presidencial.

Nesses encontros, foram
combinados os valores que seriam destinados às campanhas do PMDB, em troca de
benefícios ilegais às empresas do grupo Bertin na Caixa, segundo Funaro. O
responsável por facilitar a liberação de recursos, ainda segundo Funaro, teria
sido Moreira Franco, à época vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias do
banco público.

“Se não me engano Eduardo
Cunha ficou com R$ 1 milhão”, disse. “Dois milhões, dois milhões e
meio foram destinados ao presidente Michel Temer, e um valor – acho que um
milhão, um milhão e meio, ao deputado Cândido Vaccarezza”, disse Funaro.
“O do Temer acho que foi doação oficial pro PMDB nacional”, afirmou.

Para embasar suas declarações,
Funaro disse que a contabilidade do pagamento de propina estaria documentada em
uma agenda de Natalino Bertin apreendida pela Polícia Federal (PF), bem como em
um caderno dele, também apreendido.

Operação Sépsis

A Operação Sépsis investiga
desvios na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica
Federal, responsável pela operacionalização do FI-FGTS, cujos aportes precisam
ser aprovados pelo conselho curador do FGTS, composto por 12 membros.

Além de Funaro, são réus na ação
penal Cunha, o ex-vice-presidente da Caixa Fabio Cleto, o ex-ministro do
Turismo Henrique Eduardo Alves e Alexandre Margotto, ex-funcionário de Funaro. 

Com informações da Agências Brasil. Foto: Reprodução

Veja Também