Folga fiscal: investimentos no segundo ano de Rogério Cruz caem mais de 70%

Prefeitura investiu cerca de R$ 25 milhões a menos que nos primeiros dois meses do ano passado, apesar do crescimento da arrecadação puxada pelo IPTU

Postado em: 20-04-2022 às 08h02
Por: Raphael Bezerra
Imagem Ilustrando a Notícia: Folga fiscal: investimentos no segundo ano de Rogério Cruz caem mais de 70%
Prefeitura investiu cerca de R$ 25 milhões a menos que nos primeiros dois meses do ano passado, apesar do crescimento da arrecadação puxada pelo IPTU | Foto: Pedro Pinheiro

Durante a prestação de contas do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) à Câmara Municipal de Goiânia, a redução do investimento passou batido até pelos olhares mais atentos. Em meio a uma apresentação longa sob protesto dos professores que cobravam o pagamento do reajuste salarial de 33% e a crítica dos poucos vereadores de oposição, o prefeito da Capital mostrou que sua gestão investiu, nos primeiros dois meses do ano, quase R$ 25 milhões a menos que no primeiro ano de mandato.

Ainda que tenha apresentado folga na execução orçamentária, o Paço Municipal inaugurou em 2022 aquém dos investimentos, enquanto obras como o BRT Norte/Sul e a Marginal Botafogo seguem inacabadas e as entregas são constantemente adiadas. 

Enquanto em 2021 foram investidos R$ 35,324 milhões nos dois primeiros meses da gestão, Rogério Cruz gastou quase um terço desse valor neste ano. A prefeitura desembolsou R$ 10,3 milhões para o começo do ano. Críticos da gestão questionam se a prefeitura estaria guardando recursos para inaugurar obras próximas do início da campanha eleitoral e das eleições propriamente ditas. A estratégia não é nova, muito menos criativa, mas se apoia no ditado popular que diz que “o povo tem memória curta na hora de votar”.

Continua após a publicidade

Os cortes nos investimentos não são novidades do segundo ano do mandato de Cruz. Durante o ano passado, a gestão que ainda engatinhava, já havia cortado 26,03% dos investimentos enquanto naturalizava a dispensa de licitações. Foram mais de R$ 50 milhões em contratos sem licitação.

Os investimentos saíram de R$ 425,474 milhões em 2020 para R$ 314,7 milhões em 2021. A relação entre os investimentos pagos e a receita corrente líquida acumulada em 12 meses, que já era baixa, recuou mais ainda, para 5,52% saindo de 7,81% em 2020.

A folga fiscal apontada pelo prefeito durante sua prestação de contas poderiam abrigar um volume mais ambicioso de investimentos, o que poderia melhorar a prestação de serviços à população e ou abrigar um plano de governo mais ambicioso.

As despesas, no entanto, cresceram 12,58% na comparação entre os dois períodos, com os desembolsos avançando de R$ 760,6 milhões para R$ 856,3, ainda sem contar o reajuste de 15% para os professores e profissionais da Educação Municipal. 

A principal despesa da prefeitura veio dos recursos para manutenção, limpeza, segurança, materiais de escritório e sistemas de informática. Neste grupo, as despesas saltaram 44,93% entre o primeiro bimestre de 2021 e igual período deste ano, avançando de R$ 250,165 milhões para R$ 362,559 milhões (em torno de R$ 112,394 milhões a mais).

Os cofres da prefeitura registraram R$ 190 milhões a mais, em valores aproximados, em receitas. O vereador Mauro Rubem, questionou os seguidos reajustes em impostos e taxas dos mais de 1,5 milhão de goianienses. “Ele aumentou o IPTU abusivamente, de forma desonesta e completamente louca. Ao mesmo tempo, é inegável que ele não cumpre com piso salarial dos professores, não cumpre com o investimento na educação e é claro que ele está armando uma privatização da saúde. Ou seja, as minhas perguntas foram consistentes e ele quer apenas ouvir elogios. Ele é um desastre para a nossa cidade”

A alta de 17,04% na arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), num processo que continua a gerar polêmicas, e a alta de 15,40% nas transferências correntes contribuíram para puxar as receitas primárias totais, com aqueles dois itens respondendo por quase 85,0% do aumento geral observado.

Veja Também