Em Brasília, bicentenário foi marcado pela força do agro

Durante desfile cívico aproximadamente 28 tratores passaram diante dos apoiadores de Bolsonaro, na Esplanada dos Ministérios

Postado em: 09-09-2022 às 07h48
Por: Izadora Resende
Imagem Ilustrando a Notícia: Em Brasília, bicentenário foi marcado pela força do agro
Para a cientista política Graziella Testa, o fato do agronegócio estar a favor de Bolsonaro é algo relevante e importante | Foto: Reprodução/ TV Brasil

O bicentenário da Independência do Brasil foi marcado por atos em todo o país. Assim como em 2019, o presidente Jair Bolsonaro (PL) conclamou o povo para participar da comemoração dos 200 anos, em Brasília, na Esplanada dos Ministérios. O desfile de quarta-feira (7/8) contou, segundo informações da imprensa nacional, com mais de 100 mil pessoas. Já a Presidência da República projetou em mais de 1 milhão de pessoas o público que esteve na Esplanada dos Ministérios. O Ministério da Defesa informou que cerca de 3,1 mil militares participaram do evento, sendo eles da Marinha do Brasil (MB), do Exército Brasileiro (EB) e da Força Aérea Brasileira (FAB).

Durante o desfile oficial das Forças Armadas, foram exibidos tratores do agronegócio junto aos militares, com representação dos estados, do Distrito Federal e de organizações do setor. Ao passarem pelo público, foram festejados pelos presentes, que entoaram gritos de “o Brasil é agro”. Este é um dos setores de principal apoio à Bolsonaro. 

Para a cientista política Graziella Testa, o fato do agronegócio estar a favor de Bolsonaro é algo relevante e importante. “O agro está ligado a um eleitorado de cidades menores e médias que vivem dessa economia, que é movimentada sobretudo por esse setor. Esse já um eleitorado que estava com Bolsonaro”, explicou. Segundo ela, embora acredite ser “improvável”, a quantidade de exposição midiática que foi dada à figura do presidente no 7 de setembro, pode surtir algum efeito eleitoral.

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Discurso

O presidente, que é candidato à reeleição, assistiu ao desfile militar na Esplanada dos Ministérios, e quando encerrou, ele discursou em um trio elétrico em uma manifestação organizada por seus apoiadores, do outro lado da Esplanada. Bolsonaro aproveitou o momento para defender os ideais conservadores, a liberdade e a família. Ele aproveitou ainda para dizer que “é obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da constituição”, alfinentando os ministros do Supremo. 

“O discurso teve claros elementos de campanha eleitoral, mas nosso sistema político permite que o presidente da República seja candidato à reeleição ao mesmo tempo que candidato, criando uma desconfortável zona cinzenta entre atos de Estado, de governo e de candidato”, avaliou Graziella.

Várias faixas levadas por apoiadores do presidente continham os dizeres pedindo “demissão” dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente a de Alexandre de Moraes.  Contudo, constitucionalmente falando, isso não é possível. De acordo com o artigo 52 da Constituição, apenas o senado pode julgar os magistrados.

Nas redes sociais parlamentares se manifestaram sobre o evento em comemoração à independência do Brasil. Glaustin da Fokus (PSC) publicou um vídeo do ato e escreveu “pelo bem do Brasil, estamos com o nosso capitão”, se referindo a Bolsonaro. 

A deputada federal Bia Kicis (PL/DF) que também esteve presente na Esplanada, destacou a participação, pela primeira vez, do agronegócio no desfile da independência. “Dia histórico”, escreveu ela. 

Esta reportagem tentou contato com o deputado federal José Mário, também presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG), afim de saber como este avaliou a forte presença do agro no desfile cívico, mas a assessoria informou que no momento não comentariam a respeito.

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