Futuro de Marconi deve passar por eleições municipais: Goiânia, Aparecida ou Anápolis?

Ex-governador pode entrar na disputa ou articular aliados; ressurreição do tucano e do partido passam por 2024

Postado em: 12-10-2022 às 07h00
Por: Francisco Costa
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Ex-governador pode entrar na disputa ou articular aliados; ressurreição do tucano e do partido passam por 2024 | Foto: reprodução

Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis. As três maiores cidades do Estado podem estar na avaliação do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) para 2024. O tucano não disse nada sobre o assunto, mas as especulações têm crescido nos bastidores. Ele pode entrar diretamente na disputa ou mesmo articular aliados para se fortalecer para 2026. Pelas redes sociais, inclusive, ele anunciou na terça-feira (11): “Meu trabalho por Goiás nunca vai parar!”

Anápolis, em dois anos, encerrará o ciclo do prefeito Roberto Naves (PP), que terminará seu segundo mandato. Nesse sentido, haverá um vácuo de poder. A cidade, contudo, pode ter surpresas, como o muito bem votado à Câmara Márcio Corrêa, presidente do MDB local. Ele disputou o pleito de 2020, mas terminou em terceiro lugar.

Em Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos) ainda está em sua primeira gestão e pode disputar a reeleição, mas analistas políticos creem que ele pode não ser o player mais forte. Afinal, o gestor não foi o “plano A” dos eleitores em 2020.

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Isto, porque a capital elegeu, originalmente, o ex-governador e ex-prefeito Maguito Vilela (MDB), que faleceu em janeiro de 2021 em decorrência da Covid-19. Meses depois, Rogério rompeu com o MDB e houve a debandada do secretário maguitista. A situação gerou desgaste, assim como a relação de Rogério e da Câmara de Goiânia. 

A coluna Xadrez do último dia 7, inclusive, abordou essa questão. Para o jornalista Wilson Silvestre, o prefeito não tem acertado a mão na política e na gestão, o que mantém um clima de animosidade entre ele e os vereadores. 

“Existe boa vontade do prefeito em se acertar, mas seus auxiliares batem cabeça e travam ações prioritárias que já deveriam ter sido resolvidas. São várias obras inacabadas, coleta de lixo ineficiente e aspecto de cidade mal cuidada. Obras importantes que faltam o mínimo para serem concluídas, mas aos olhos da população, estão paralisadas”, disse uma fonte

Além disso, há questões de projetos como o Plano Diretor, que não foi enviado à Câmara no tempo certo, o que teria impactado na campanha de não eleitos deste ano. Fora os desgastes de outras pautas que a Câmara teve que pegar. E vale lembrar, o prefeito também não conseguiu eleger a esposa Thelma Cruz (Republicanos) à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).

Nesse sentido, Marconi pode tentar se destacar – ou destacar alguém, como o ex-candidato à Câmara Federal Matheus Ribeiro (PSDB) ou a vereadora Aava Santiago (PSDB). Como adversária, todavia, ele pode ter a deputada federal eleita Adriana Accorsi (PT), que ascendeu ao cargo com expressiva votação (96.714 votos). Ela já disputou outras duas eleições municipais, terminando em terceiro lugar na última. O segundo colocado daquele pleito, Vanderlan Cardoso (PSD), também é um possível nome.

Já Aparecida de Goiânia é outra história. Vilmar Mariano (Patriota) substituiu na prefeitura Gustavo Mendanha (Patriota) que se desincompatibilizou para disputar o governo de Goiás neste ano. Vilmarzin, como é chamado, goza de prestígio, mas deve ter como adversário o presidente da Câmara André Fortaleza (MDB) – eles vivem uma “guerra fria”, conforme jornalistas da cidade. Em meio a disputa, Perillo pode ser uma como alternativa (ou propor uma).

Ele não seria o primeiro ex-governador a assumir a gestão da cidade, que pode ser vista como recomeço político e degrau para Goiânia. Ora, Maguito fez isso com muito sucesso. Ele geriu a cidade de 2009 a 2017 (dois mandatos consecutivos), dois anos após deixar o Senado. 

Sem cobrança

Prefeito de Minaçu e aliado de Perillo, Carlos Lereia (PSDB) diz que a primeira questão, caso Marconi tenha interesse nessas situações, é transferir o título, pois ele vota em Palmeiras de Goiás. Além disso, reforça que é preciso respeitar as lideranças de cada um desses municípios. 

“Não existe pressão no partido e eu, particularmente, não conversei com ele sobre isso. É uma decisão de foro pessoal dele. Ele tem que avaliar, pois vem de duas derrotas, apesar de uma campanha propositiva.”

Lereia acredita que, caso Marconi decida por disputar uma eleição municipal, esta ocorrerá em Goiânia, até por conta dos investimentos que a capital recebeu durante as gestões do tucano. “Se ele resolver, creio que seja na capital. Se ele me perguntar, é o que eu sugeriria”, lembra que o também ex-governador Maguito se elegeu na maior cidade de Goiás. “Mas esse assunto não está em pauta”, garante.

Contraponto

O professor e cientista político Marcos Marinho tem escutado essas possibilidades, mas acha pouco provável a disputa em Anápolis e Aparecida. “O interior é bairrista e seria difícil ele arriscar perder para players mais próximos da população.”

Para ele, em Goiânia é mais provável, mas também um cenário a se avaliar, uma vez que a cidade só possui uma vereadora do PSDB (Aava Santiago) e o partido não elege prefeito desde Nion Albernaz (1997 a 2000). “É uma possibilidade de ressurreição, mas não sei se o risco vale o benefício. Se ele perde uma eleição municipal, acabou a carreira dele.”

Diante deste cenário, Marinho vê como vantagem uma articulação de bastidor para subir um aliado nessas cidades. “Melhor do que ir para o front e ser derrotado de novo. Entendo o peso de Marconi no jogo político, mas ele vem de revezes e o PSDB também está fragilizado.” E ainda: “É melhor trabalhar por aliados em 2024 e se fortalecer para 2026. Melhor fazer bancada na Câmara e fazer prefeitos nos municípios. Dois anos é muito prematuro.”

Derrotas 

Marconi Perillo ficou em segundo lugar nas eleições deste ano na disputa ao Senado. Ele foi derrotado por Wilder Morais (PL), que teve 799 mil votos (25,25%), enquanto o tucano ficou em segundo com 626,6 mil votos (19,8%). 

Vale lembrar, o ex-governador quase entrou na disputa para o governo. Ele negociava para ser o candidato do PT no Estado. Na última hora, no dia final das convenções, ele optou pelo Senado – ainda na data, também era discutida a possibilidade dele concorrer à Câmara Federal. 

Quase todas as pesquisas indicavam a vitória de Marconi. A exceção era o levantamento do Instituto Goiás Pesquisas/Mais Goiás. Foi a única que acertou. 

Mas esse não foi o primeiro revez de Marconi ao Senado. Em 2018, o ex-governador terminou em quinto lugar em uma campanha em que ele foi alvo de operações, que mais tarde seria inocentado. Naquele ano, Wilder terminou em terceiro. Os eleitos foram Vanderlan Cardoso (PSD) e Jorge Kajuru (Podemos).

Responsabilidade

Neste momento, talvez a grande responsabilidade do partido paire sobre Lêda Borges. A partir de 2023, a deputada estadual ocupará o maior cargo eletivo do tucanato goiano. No último dia 2 de outubro, ela foi eleita deputada federal, enquanto o maior líder da sigla, o ex-governador Marconi Perillo foi derrotado nas urnas na disputa ao Senado. 

Nesse cenário, Lêda terá a responsabilidade de reconstruir um partido em queda desde 2018. “Não tenho dúvidas de que terei uma grande responsabilidade por ter sido eleita deputada federal e exercer a função eletiva mais importante do partido atualmente”, reconhece a tucana ao Jornal O Hoje. Ela, contudo, não minimiza a importância de Marconi. “Marconi Perillo exercendo ou não mandato continua sendo nosso grande líder e estou à disposição dele para ajudar na missão que for necessária.”

E continua: “Sigo na mesma linha de atuação partidária: em defesa do legado de Marconi e do PSDB no estado. Ainda terei reuniões com as lideranças, mas asseguro que a minha lealdade e compromisso com o partido continuam intactos, ao mesmo tempo em que sigo na missão de defender o povo goiano, as mulheres e os mais vulneráveis”.

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