Vereadores cogitam CEI para investigar cumprimento de emendas pela gestão Rogério Cruz

Insatisfação é generalizada. Porém, parte significativa daqueles que compõem a base do prefeito preferem o silêncio

Postado em: 12-10-2022 às 08h15
Por: Felipe Cardoso
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Insatisfação é generalizada. Porém, parte significativa daqueles que compõem a base do prefeito preferem o silêncio | Foto: Wesley Costa

Em um movimento silencioso, alguns vereadores trabalham na tentativa de viabilizar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) na Câmara Municipal de Goiânia. A intenção é fiscalizar de maneira mais profunda uma queixa comum entre os parlamentares: o não cumprimento das emendas impositivas dos vereadores por parte da gestão encabeçada pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos). 

Conforme apurado pela reportagem, a insatisfação é generalizada. Porém, parte significativa daqueles que compõem a base do prefeito preferem o silêncio. “O problema é o desgaste que isso pode gerar com a prefeitura”, confessou, em off, uma fonte à reportagem — em on, poucos falam abertamente sobre o assunto. Temem retaliação pela gestão municipal.

Ainda assim, algumas mensagens já têm sido trocadas entre os insatisfeitos, membros da oposição ou não. A CEI chegou a ser cogitada, inclusive, em um grupo de WhatsApp onde um parlamentar escreveu que “não dá para assistir a prefeitura direcionando atendimento a 3 vereadores e ficar chupando dedo”. 

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Conforme antecipado pelo O HOJE, as críticas se estendem há meses. A secretária de Relações Institucionais, Valéria Pettersen, figura nessa novela como um dos principais alvos. Ela é acusada de não cumprir com as emendas, não realizar reuniões e nem atender os telefonemas dos parlamentares. 

Isso tem feito com que o prefeito de Goiânia enfrente momentos de tensão na relação com os vereadores. Na sessão da última semana, por exemplo, o vereador Ronilson Reis (Brasil 35) usou a tribuna para falar sobre o assunto. Ao discursar, disparou ao líder do governo, Anselmo Pereira (MDB). 

“Leve esta mensagem ao prefeito: gostaria de saber o que acontece com a secretária Valéria Pettersen. Essa ineficiente que gosta de enganar as pessoas, ludibriar. Quero saber o que foi feito das minhas emendas parlamentares, emendas impositivas que foram destinadas para reforma de postos de saúde e construção de uma base do SAMU [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] no Conjunto Vera Cruz”, questionou. 

Em outro trecho ele se queixou de que a secretária além de não cumprir com as emendas, também não atende os telefonemas dos vereadores. “Se não dá conta de fazer o serviço, que entregue o cargo e volte para Aparecida. Quem governa tem que ter eficiência e o povo precisa ser atendido. São só dois três vereadores aqui que tem preferência, que tem privilégio nessa prefeitura?”, indagou. 

Em seguida ele lembrou que o pagamento das emendas impositivas está previsto em lei e disse ao prefeito para que tome cuidado com seu descumprimento. “O senhor pode responder por improbidade administrativa”. Para finalizar, o vereador mandou um recado para a auxiliar de Cruz. “A senhora não vai me atrapalhar. A senhora não vai ficar sem atender meus telefonemas”, pontuou. 

Na esteira das reclamações, a vereadora Aava Santiago (PSDB) também se manifestou sobre o assunto. “Estou com uma dificuldade muito grande em ser atendida pela secretária Valéria. Precisa ser deputado federal, senador da República, prefeito de Aparecida? [para ser atendido]. O que precisamos para conseguir uma reunião? Secretário que não atende vereador pode pedir para sair”. 

Aava cobrou providências, inclusive, da Mesa Diretora da Câmara. “Nos deem condições de fazer um único elogio a essa administração. Pagar emenda de vereador não é favor, não é benesse. Pagar emenda é cumprimento de lei e o descumprimento pode causar, inclusive, impedimento do gestor.

“Estão me cobrando na Comissão de Educação por uma emenda que mandei para reformar uma escola municipal, ou seja, mandei para ajudar a administração que aparentemente não quer ajuda. Se fosse um contrato sem licitação pagariam com celeridade”, ironizou. E concluiu: “Presidente [Romário Policarpo] ajude o prefeito a cumprir a lei”. 

A prefeitura foi acionada pela reportagem, mas não respondeu aos questionamentos. O espaço continuará aberto para manifestação do contraditório. 

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