Mesmo com 37 ministérios, Lula ainda “sofre” para acomodar aliados

O futuro ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), afirmou que o governo Lula (PT) terá 37 ministérios

Postado em: 20-12-2022 às 07h15
Por: Francisco Costa
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O futuro ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), afirmou que o governo Lula (PT) terá 37 ministérios. | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O futuro ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), afirmou que o governo Lula (PT) terá 37 ministérios. O número, contudo, pode ainda não ser suficiente para acomodar todos os aliados que o petista precisa e que articulam. 

De fato, o presidente eleito anunciou poucos nomes para as pastas. Foram seis para o primeiro escalão e mais um para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma empresa pública federal. Este último, o ex-ministro Aloizio Mercadante.

Esse “não anúncio” mostra que a vida do petista não é fácil. Entre as siglas aliadas, estão Pros, PCdoB, PSol, PDT, PSDB, PV, Solidariedade, Rede, Cidadania, Avante, Agir, além de MDB, PSD e até o União Brasil, etc. São menos de duas semanas para a posse. 

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Os cinco (mencionados) anunciados são: o já citado Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda), ambos do PT; José Múcio (Defesa) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), que já foram ministros em gestões do partido; Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), do PSB; e Margareth Menezes (Cultura).

Análise

Professor e cientista político, Marcos Marinho explica a dificuldade de acomodação. Segundo ele, montar uma governo com uma margem apertada como foi a vitória de Lula e com uma frente ampla, aglutinando muita gente, é algo complexo. Além disso, “Desde os ex-presidentes Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e o atual Bolsonaro (PL), o papel do Legislativo, a pressão do Congresso, cresceu muito.”

Marinho explica que a dinâmica de acomodar grupos políticos é uma forma de ter influência no Legislativo para poder governar. Nesse sentido, o presidente eleito realmente precisa ir além de acomodar companheiros de campanha, mas necessita negociar governabilidade para ter bom trânsito com o centrão de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. 

“É preciso identificar quem tem mais ‘poder’ para dar essa governabilidade. O cenário e o contexto mudou muito desde 2002. Há um desequilíbrio entre os poderes. Então, Lula está pensando e vai ter que pensar muito”, argumenta o cientista política.

De acordo com ele, ainda é preciso lidar com as rebeliões internas, uma vez que o PT tem várias correntes. Ou seja, ele enfrenta e vai enfrentar pressão dentro do próprio partido. Nesse sentido, ele diz que “não seria o PT ceder mais, mas Lula saber jogar com os nomes que tem no banco”.

Ele entende, apesar disso, que a “fome do PT está grande”. “Querendo espaço de poder e ter condição de fazer uma reviravolta no processo, mas não terá como ficar com a maior parte do bolo e deixar o restante observando. É preciso perceber que é o momento de estruturar o projeto. O PT precisa enxergar além do Lula, até para não complicar a vida do Lula e beneficiar a direita.” 

PDT de Ciro

Em entrevista recente, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse que o partido já esteve reunido brevemente com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas que não negociou ministério. Segundo ele, o próprio petista disse que gostaria da participação, mas pediu para aguardar. “Disse que nos chamaria para conversar”, afirmou brevemente ao Jornal O Hoje.

Questionado se o presidenciável Ciro Gomes (PDT) faria parte do governo vindouro, Lupi é direto: “Não fará parte.” O pedestista estava em reunião e conversou rapidamente com o jornal. Desta forma, manteve as possibilidades em aberto. 

Em coluna da Folha, no último dia 15, é dito que integrantes do partido de Ciro buscam uma pasta de destaque para garantir o fortalecimento da legenda e disputar as eleições municipais de 2024. Lupi não confirma.

Ainda conforme o jornal, a sigla não pretende pressionar o PT, pois o apoio do PDT não está condicionado a isto. Eles, contudo, acreditam que um ministério aumentaria a força da legenda na esfera nacional. A pasta de Turismo seria uma boa opção.

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