Lula recebe faixa presidencial do povo em Brasília
Luiz Inácio Lula da Silva retorna à Presidência vinte anos após primeiro mandato
A faixa presidencial foi entregue ao pernambucano, ex-metalúrgico e presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela terceira vez. Em dias históricos, não faltaria emoção em Brasília no primeiro de janeiro de 2022. Como que numa sucessão de fatos, Lula retorna à Presidência depois da eleição mais polarizada dos últimos tempos.
Cercado de eleitores vestidos de vermelho – a cor da estrela do Partido dos Trabalhadores -, embalados com músicas e palavras de ordens, como o famoso “olê, olê, olê, olá, Lula”, o domingo foi de festa na Esplanada dos Ministérios. Foram 54 delegações internacionais, um recorde sem qualquer precedentes, mesmo que a posse presidencial ocorra horas depois da virada do ano-novo.
Sempre acompanhado da primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, Lula em alguns momentos parecia em outro mundo durante o ritual. Se emocionou, evocou o povo, repetiu pautas, como o combate à fome, relativas às mulheres e aos indígenas. Quando recebeu a faixa, estava rodeado de representantes daqueles que o elegeram, como um menino de dez anos negro, uma filha de catadora de papéis, um indígena e uma pessoa com necessidades especiais, afora todo o capacitacismo.
Ao chegar na sessão presidida pelo senador Rodrigo Pacheco, Lula foi tietado por políticos de todas as legendas, ao passo que era cumprimentado por presidentes e primeiros-ministros. Ele parecia não acreditar. Como se sabe, Lula da Silva enfrentou todo o infortúnio para, com o vice, Geraldo Alckmin (PSB), tomar posse em um domingo vermelho na Brasília calorenta.
No discurso da posse no Senado, Lula acenou aos eleitores.”Pela terceira vez compareço a este Congresso Nacional para agradecer ao povo brasileiro o voto de confiança que recebemos. Renovo o juramento de fidelidade à Constituição da República, junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros que conosco vão trabalhar pelo Brasil”.
Para Lula, “se estamos aqui, hoje, é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos ao longo desta histórica campanha eleitoral”. Sobre a democracia, ele disse que ela foi a “a grande vitoriosa nesta eleição, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu; as mais violentas ameaças à liberdade do voto, a mais abjeta campanha de mentiras e de ódio tramada para manipular e constranger o eleitorado”.
Sem citar o ex-presidente Jair Bolsonaro – que deixou o País dois dias antes da posse do sucessor -, Lula disse: “Nunca os recursos do estado foram tão desvirtuados em proveito de um projeto autoritário de poder. Nunca a máquina pública foi tão desencaminhada dos controles republicanos”.
E seguiu: “Nunca os eleitores foram tão constrangidos pelo poder econômico e por mentiras disseminadas em escala industrial. Apesar de tudo, a decisão das urnas prevaleceu, graças a um sistema eleitoral internacionalmente reconhecido por sua eficácia na captação e apuração dos votos”.
No segundo discurso, já com a faixa presidencial Lula se emocionou ao falar diante da multidão. “Assumimos hoje, diante de vocês e de todo o povo brasileiro, o compromisso de combater dia e noite todas as formas de desigualdade no nosso país. Desigualdade de renda, de gênero e de raça. Desigualdade no mercado de trabalho, na representação política, nas carreiras do Estado, no acesso à saúde, à educação e a demais serviços públicos”.
Ainda sobre a fome, visivelmente emocionado enquanto Janja trocava os papéis do discurso, falou de desperdício de alimentos. “Desigualdade entre quem joga comida fora e entre quem só se alimenta das sobras. É inadmissível que os 5% mais ricos deste país detenham a mesma fatia de renda que os demais 95% de pessoas. Que seis bilionários brasileiros tenham uma riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres do país”.
Depois Lula posou para fotografias ao lado de lideranças mundiais. Em seguida, empossou os 37 ministros, dos quais 26 homens e 11 mulheres que iniciaram, a partir do dia primeiro de janeiro, o terceiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva.