Senador goiano aciona a PF contra Bolsonaro por notas frias em suposto esquema de desvio de dinheiro público

Entre as denúncias, Kajuru cita que o ex-presidente tinha 50 militares em suas viagens, mas comprava mais de 3 mil refeições diárias

Postado em: 16-02-2023 às 09h15
Por: Francisco Costa
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Entre as denúncias, Kajuru cita que o ex-presidente tinha 50 militares em suas viagens, mas comprava mais de 3 mil refeições diárias (Foto: Reprodução)

O senador goiano Jorge Kajuru (PSB) foi à Polícia Federal (PF), nesta manhã de quinta-feira (16), para entregar documentação que tem indícios que o ex-presidente Bolsonaro (PL) desviou recursos públicos nos quatro anos de governo. De acordo com o congressista, ele teria utilizado, entre outras coisas, notas fiscais “frias” sob o pretexto de custear hospedagem e alimentação da equipe presidencial durante viagens pelo país.

Kajuru afirma que a maior parte das notas fiscais de alimentação tem quantias elevadas dos chamados kits lanche. Estes aparecem com valores expressivos e deveriam conter dois sanduíches de pão, presunto e queijo; uma lata de refrigerante de 300 ml; uma garrafa de água mineral de 500 ml; uma maçã e uma barra de cereal.

Além disso, ele destaca que o ex-presidente tinha média de 50 militares em suas viagens. Contudo, os números de refeições diárias superavam os 3 mil. “Ocorre que os documentos trazem números absurdos como a compra de mais de 3.600 refeições em um único dia, no município de Boa Vista.”

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“Os pagamentos de hospedagens e refeições se tornaram ainda mais suspeitos diante da descoberta de diárias aos militares que integraram as equipes de segurança, que não são pagas pelos cartões corporativos, mas sim depositadas na conta bancária de cada agente público. Esse instrumento existe para custear despesas com hospedagens e alimentação durante as missões.”

Kajuru afirma, também, que, nos quatro anos, o Gabinete de Segurança Institucional gastou R$18,9 milhões em diárias para militares que viajaram na comitiva presidencial. Mesmo assim, foram apresentadas notas fiscais com marmitas e lanches para a equipe.

“Fidelidade”

Além disso, as notas mostram a utilização de locais “parceiros” de 2019 a 2022. Esta “fidelidade”, aponta o goiano, ofende diretamente os princípios constitucionais e normas que regem as contratações públicas. Ele cita um estabelecimento em São Paulo que emitiu 102 notas e cupons fiscais no período, totalizando R$ 626,3 mil.

 “É inegável que houve uma rotina obscura nessas despesas, uma série de fatos que se repetiram em diversos locais e o objetivo era conseguir documentos que trouxessem uma capa de legalidade aos desvios”, afirma na representação.

Outro ponto que é exposto é que, durante viagem de férias, em dezembro de 2020 e início de janeiro de 2021, a presidência gastou R$ 63.403,78 com comida em supermercados no Guarujá (SP) e em São Francisco do Sul (SC). Só em uma compra foram 54 quilos de picanha e 101 quilos de contra-filé.

Confira a representação completa:

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