Movimentação do MST em propriedades rurais divide opiniões na tribuna da Alego

Os debates ocorrem após as recentes ações do MST em propriedades rurais no estado da Bahia

Postado em: 15-03-2023 às 09h52
Por: Ícaro Gonçalves
Imagem Ilustrando a Notícia: Movimentação do MST em propriedades rurais divide opiniões na tribuna da Alego
Os debates ocorrem após as recentes ações do MST em propriedades rurais no estado da Bahia | Foto: Alego

A sessão ordinária de terça-feira (14/3) na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) foi marcada, entre outros pontos, pelo confronto de opiniões com relação às recentes ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pelo país.

O deputado Cairo Salim (PSD) criticou o que caracterizou como “uma movimentação muito forte do MST invadindo propriedades”. “Aqui em Goiás estiveram na Secretaria da Agricultura na semana passada, foram lá se manifestar pelo que acreditam ser o direito deles. Mas é necessário lembrar que neste país existe Constituição, e um dos pilares dela é a propriedade privada. Você não pode entrar na casa do seu vizinho, seja na cidade ou no campo”, afirmou.

Salim disse ser preciso “assegurar, no Estado Democrático de Direito, que as pessoas que trabalham e adquirem coisas” as tenham garantidas, e argumentou que o contrário acarreta o risco de afugentar investimentos e de fazer do país “uma nação onde tudo pode, o que é terrível”.

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O deputado também ressalvou não ser “dos que acham que no movimento [MST] tem só bandido”, afirmando saber que nele “há também gente de bem, gente muitas vezes que é enganada, achando que aquilo ali vai lhe assegurar uma terra”. Acrescentou ser “preciso, sim, dividir terras no país, fomentar a agricultura familiar”.

As críticas de Salim ao MST desagradaram o deputado estadual Mauro Rubem (PT). Ao subir à tribuna, Rubem saiu em defesa dos trabalhadores rurais sem terra e ressaltou a função social da propriedade, prevista no Art. 5º da Constituição.

“É bom lembrar que a Constituição Brasileira diz que a terra tem que ter função e isso não significa latifúndio. Não significa terra sem interesse para produzir para o povo”, disse, afirmando que é defensor do MST e das pautas pela reforma agrária.

Rubem afirmou que o debate precisa acontecer e que é necessário o diálogo para saber como o Estado vai se desenvolver. “Nós temos, cada vez mais, cidades inchadas, alimento que não é de qualidade”, pontuou, ao destacar a necessidade de se discutir sobre os alimentos saudáveis para atender a população do Estado. O deputado, ainda, defendeu a necessidade de debater as questões climáticas do país. 

Rubem também disse ter feito uma visita recente a uma cidade onde o prefeito quer adotar a reforma agrária, porque, segundo o parlamentar, a cidade está com queda populacional.

Movimentação do MST

No final do mês de fevereiro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) organizou ocupações em propriedades rurais no estado da Bahia. As ações ocorreram em propriedades da fabricante de papel de celulose Suzano, nos municípios de Mucuri, Teixeira de Freitas e Caravelas.

De acordo com o movimento, cerca de 1.700 famílias reivindicam a desapropriação “imediata dos latifúndios para fim de reforma agrária, tendo em vista que estas propriedades atualmente não estão cumprindo sua função social”.

Defende ainda que a Suzano não cumpriu com um acordo para assentamento de famílias em suas propriedades. A empresa, por sua vez, alega que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não realizou as demarcações na região.

Na terça-feira (7), a Suzano conseguiu três liminares da Justiça determinando a saída dos invasores, o que ocorreu no mesmo dia.

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