Câmara instala CEI e indica vereadores para investigar Comurg

Grupos criados para indicação dos titulares e suplentes passaram por diversas mudanças até a formação definitiva

Postado em: 16-03-2023 às 07h56
Por: Redação
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Grupos criados para indicação dos titulares e suplentes passaram por diversas mudanças até a formação definitiva | Foto: Divulgação/ Câmara Municipal

Francisco Costa e Felipe Cardoso

Os seis blocos da Câmara de Goiânia indicaram os membros para integrar a Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investigará a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). A Cei foi instalada na última terça-feira (14/3).  

O bloco Ordem, por exemplo, indicou Thialu Guiotti (Avante) e Paulo Henrique da Farmácia (Agir) como titulares e Willian Veloso (PL) como suplente. Goiânia Transparente apontou para “oficial” Ronilson Reis (PMB) e Lucas Kitão (PSD) na “reserva”. Sem suplentes, o Independência escolheu Pedro Azulão Jr. (PSB) e o Vanguarda Welton Lemos (Podemos). O MDB, por sua vez, selecionou Henrique Alves como ativo e Denício Trindade na substituição.

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O Liberdade, inicialmente, indicaria Léo José (Republicanos) titular e Sabrina Garcez (Republicanos) suplente, na terça. Contudo, não houve acordo e eles recuaram na data. Na quarta-feira (15), eles optaram por Isaías Ribeiro (Republicanos) e Anderson Sales Bokão (Solidariedade) como a representantes nos respectivos cargos. A decisão ocorreu após ligação de Jovair Arantes, secretário de Governo de Rogério Cruz (Republicanos), revela uma fonte. 

Vale citar, os blocos também passaram por modificações desde o primeiro anúncio. As composições são as seguintes: o Ordem, agora o maior, é composto por Thialu Guiotti, Paulo Henrique da Farmácia, Willian Veloso, Sargento Novandir (Avante), Márcio do Carmo (DC), Raphael da Saúde (DC), Joãozinho Guimarães (Solidariedade) e Leia Klebia (PSC). 

Já o Goiânia Transparente tem Ronilson Reis, Lucas Kitão, Leandro Senna (PMB), Edgar Duarte (PMB), Pastor Wilson (PMB) e Lucíula do Recanto (PSD). O independência, por sua vez, Pedro Azulão Júnior, Sandes Júnior (PP), Geverson Abel (Avante) e Juarez Lopes (PDT).

Tem, ainda, o Vanguarda com Welton Lemos, Igor Franco (Solidariedade), Aava Santiago (PSDB) e Paulo Magalhães (Uniã Brasil). O MDB tem Henrique Alves, Denício Trindade, Dr. Gian, Izídio Alves, Kleybe Morais e Anselmo Pereira.

O Liberdade com Léo José, Sabrina Garcez, Isaías Ribeiro, Cabo Senna (Patriota) e Anderson Sales Bokão. Estão sem bloco: o presidente da Casa, Romário Policarpo (Patriota) e Kátia Maria (PT), que alegou falta de agenda.

CEI da Comurg

O propositor da Comissão é Ronilson Reis (PMB). O colegiado, como mencionado, terá sete membros de seis blocos. O autor pode se tornar o presidente, mas precisa garantir a maioria dos sete votos.  

Também sobre a comissão, 24 vereadores se uniram em prol do requerimento para a instauração da CEI para investigar a pasta. São diversas dúvidas e suspeitas que estarão na mira da Câmara nos próximos dias. Segundo Ronilson, mesmo que a base tenha maioria na comissão, o papel dos membros será o de investigar irregularidades denunciadas, como atraso no pagamento de fornecedores, FGTS, INSS e IMAS.

Ao menos 15 nomes dos que assinaram o documento compõem a base de Cruz. São eles: Cabo Senna, Igor Franco, Edgar Duarte, Geverson Abel, Henrique Alves, Leandro Sena, Leia Klébia, Léo José, Paulo Henrique da Farmácia, Raphael da Saúde, Sabrina Garcez, Sargento Novandir, Thialu Guiotti, Welton Lemos e Willian Velozo.

Requerimento

No documento de Ronilson, consta que a CEI visa investigar as supostas irregularidades na administração, bem como as dívidas da Comurg com o Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas), com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e fornecedores, contratos e aditivos. 

O vereador cita, ainda, que no ano passado o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) enviou um projeto com previsão de R$ 30,7 milhões em suplementação para a Comurg, mas que o mesmo foi retirado após pedido de explicações pelos parlamentares. Além disso, afirma que companhia tem déficit mensal de R$ 6 milhões e que aumentou de forma expressiva o número de comissionados.  

Nesta semana, o presidente Romário ainda disse, durante sessão de quarta-feira (8), que a prefeitura fez um pagamento de R$ 8 milhões à companhia por obras e serviços não realizados. Os trabalhos deveriam ocorrer em 2021.

Na última semana, o presidente da Câmara, Romário Policarpo, avaliou o colegiado como necessário. “A Câmara entendeu quando deu as assinaturas. Qualquer coisa que gera suspeita deve ser investigada. E cabe a Câmara apontar os problemas levantados, como a falta de pagamento de impostos, retenção de dinheiros de trabalhadores e estudar o contrato que a prefeitura tem com a Comurg. É uma empresa que consume boa do orçamento da cidade. E a Câmara tem que entender porque os recursos são consumidos lá”, disse.

Policarpo sobe tom contra prefeitura de Goiânia 

Ainda durante a movimentada sessão da manhã da última quarta-feira, o presidente da Casa de Leis, Romário Policarpo (Patriota), fez um duro discurso contra a prefeitura de Goiânia. O parlamentar, na ocasião, considerou a prefeitura responsável por orquestrar uma espécie de ‘ataques’ às suas redes sociais. 

Segundo o parlamentar, servidores comissionados do Paço teriam acessado seus perfis para xingá-lo e dizer que o vereador estaria promovendo fake news. “Peço ao líder do prefeito [vereador Anselmo Pereira] que diga aos funcionários da prefeitura, detentores de cargos comissionados, que não precisam entrar na minha rede social para me xingar como muitos fizeram a mando da própria prefeitura de Goiânia”. 

E continuou: “Eles terão muito tempo para apresentarem a defesa da prefeitura, pois o volume das denúncias é gigantesco. Ao invés de perderem tempo acessando as redes sociais dos vereadores para dizer que as denúncias são mentirosas, eles poderiam fazer o mínimo: defender a prefeitura diante do volume de acusações que foram feitas. Que a prefeitura não perca tempo ligando para funcionários, que perca tempo fazendo sua defesa, pois o volume de acusações e crimes que podem ser impostos à prefeitura é gigantesco”. 

Em outro trecho, Policarpo disse que muitos desses servidores estão lotados na Secretaria de Assistência Social, pasta, segundo ele, alvo da maior quantidade de denúncias. E repetiu: “Percam tempo fazendo a defesa pois o problema pode ser gigantesco”. 

O vereador Lucas Kitão (PSD) foi na esteira. Ele, que também já havia se queixado do mesmo tipo de ataques há meses atrás, disparou: “O gabinete do ódio da prefeitura usa os comissionados, aqueles que não podem escolher se concordam ou não, para atacar quem só quer ajudar. Se tem coisa errada na cidade é melhor a prefeitura resolver do que calar quem está criticando”. 

Conforme mostrado pelo O HOJE em fevereiro deste ano, Kitão usou a tribuna para denunciar os ataques. O vereador, na ocasião, rememorou uma sequência de vídeos publicados em seu perfil no Instagram onde aparecia denunciando irregularidades na Saúde. Um deles teria sido denunciado de maneira massiva, o que levou ao bloqueio de seu perfil. “O trabalho que dá para derrubar uma postagem deveria ser usado para resolver os problemas das unidades de saúde. Tem caixa, tem empresa contratada, por que não executar o trabalho”, questionou à época. 

A vereadora Aava Santiago (PSDB) se solidarizou com a situação do colega e avaliou que a tentativa de intimidação como “vexatória”. Ela também cobrou uma providência da Casa.

Segundo ela, a situação tem ganhado contornos que chegam, inclusive, aos veículos de imprensa. “Tive notícias de que interlocutores do gabinete do ódio do Paço tem intimidado jornalistas que repercutem aquilo que nós falamos aqui em relação aos desmandos do prefeito. Uma providência precisa ser tomada, na medida em que a estrutura do poder público, movida por cargos comissionados de confiança, utilizam essa estrutura para tentar silenciar qualquer um dos 35 vereadores e esse Parlamento se torna alvo da intimidação”, disse a parlamentar em 15 de fevereiro.  

O Hoje tentou contato com a Prefeitura de Goiânia sobre as acusações feitas pelos vereadores, mas até o fechamento da reportagem não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestação do contraditório.

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