Com um mês de antecedência, Ricardo Lewandowski deixa o Supremo Tribunal Federal após 17 anos

Lewandowski deixaria o cargo compulsoriamente em 11 de maio, quando completará 75 anos, mas decidiu adiantar sua aposentadoria em um mês

Postado em: 11-04-2023 às 09h55
Por: Ícaro Gonçalves
Imagem Ilustrando a Notícia: Com um mês de antecedência, Ricardo Lewandowski deixa o Supremo Tribunal Federal após 17 anos
Lewandowski deixaria o cargo compulsoriamente em 11 de maio, quando completará 75 anos, mas decidiu adiantar sua aposentadoria em um mês | Foto: Nelson Jr./SCO/STF

Ricardo Lewandowski deixa o posto de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (11/4), após 17 anos de atuação na Corte. Lewandowski deixaria o cargo compulsoriamente em 11 de maio, quando completará 75 anos, mas decidiu adiantar sua aposentadoria em um mês.

Caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicar um novo nome para a cadeira do ministro. Em café da manhã com jornalistas no início do mês, o presidente disse “não ter pressa” para fazer a indicação. “A escolha do substituto dele [Lewandowski] será feita por mim no momento que eu achar que tenha que fazer”, afirmou.

Até o momento o presidente não deu certeza de nenhum nome. O único publicamente mencionado por Lula foi o do advogado Cristiano Zanin, que o defendeu nos processos da Operação Lava Jato. A proximidade de ambos, porém, incomoda boa parcela dos agentes políticos.

Continua após a publicidade

Nas últimas semanas, intensificaram-se as pressões e campanhas por outros cotados, em especial uma mulher, preferencialmente negra. Lula, contudo, tem rejeitado assumir qualquer compromisso sobre o perfil do indicado.

Cerca de 780 processos são deixado por Lewandowski e deverão ser herdados por seu sucessor. Antes de assumir, o indicado pelo presidente deverá ser sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e depois ser aprovado no plenário da Casa, por maioria absoluta (41 votos).

Carreira

Com a saída do Supremo, Lewandowski deverá voltar a advogar e focar na carreira acadêmica, segundo contou a jornalistas. Ele é formado pela Universidade de São Paulo (USP), mesma instituição pela qual se tornou mestre e doutor e na qual leciona desde 1978.

Sua passagem pelo Supremo, onde chegou em 2006 por indicação do próprio Lula, ficou marcada pelo chamado garantismo, corrente que tende a dar maior peso aos direitos e garantias dos réus em processos.

Ele votou, por exemplo, durante o julgamento do mensalão, do qual foi revisor, pela absolvição dos ex-ministros de Estado José Dirceu e José Genoíno, no que foi vencido. Na ocasião, chamou a denúncia contra os dois de “vagas”, pois estariam baseadas sobretudo em declarações.

O julgamento do mensalão rendeu discussões acaloradas em plenário, com o relator da ação penal e presidente do Supremo à época, Joaquim Barbosa, chegando a acusar Lewandowski de fazer “chicana” por querer adiar uma das sessões plenárias. O ministro exigiu retratação imediata do colega, e a confusão levou à suspensão da análise do caso.

Lewandowski foi o primeiro ministro do Supremo a apontar desvios na atuação da Lava Jato e depois viria a ser relator da apelidada “Vaza Jato”, caso que revelou trocas de mensagens entre o juiz Sergio Moro e procuradores responsáveis pela Lava Jato. As conversas depois levaram à anulação da condenação de Lula no caso, como também à suspensão das ações relativas a diversos outros réus.  

O ministro suspendeu pessoalmente diversos processos da operação, o mais recente em meados de março, quando mandou parar uma ação baseada em informações repassadas pela Odebrecht, provas que depois foram consideradas imprestáveis pelo Supremo. Entre os beneficiados estavam o ex-ministro e ex-senador Edson Lobão, o advogado Rodrigo Tacla Duran, que trabalhou para a empreiteira, e o vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclar.

Com informações da Agência Brasil

Veja Também