O caminho de Ronaldo Caiado rumo a 2026

Mandatário goiano disputa narrativa com outros players políticos ganhando contornos de quem vai, sim, disputar a Presidência

Postado em: 08-08-2023 às 07h30
Por: Yago Sales
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O fenômeno bolsonarista fez Caiado repensar quais passos dar rumo ao Planalto | Foto: Reprodução

É impensável discutir o pleito para o governo federal – sem Jair Bolsonaro – sem colocar à mesa o nome do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). A projeção de Caiado toma proporções que enciumam a rude e estratégica tendência de nomes do Sul e Sudeste para a disputa mais importante da República. O mandatário tem feito o que qualquer político experimentado faz: se coloca à disposição para debater não apenas os interesses do estado, mas nacional, interrompendo narrativas e chamando atenção. 

Caiado apareceu neste final de semana nas tradicionais páginas amarelas da Veja, onde teve a biografia destacada pelos cinco mandatos de deputado federal, uma de senador, e do segundo mandato como governador, papel que o transformou em um fugaz crítico ao texto da reforma tributária aprovada pela Câmara dos Deputados, prestes a ser debatido pelo Senado Federal.

À Veja, Caiado se garantiu como representante do agronegócio, motivo pelo qual o transformou em um fenômeno político na década de 1980. Ressaltou a importância de olhar para o meio ambiente na produção do agro. Afirmou que Lula evoluiu e não deixou de criticar as ocupações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). 

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Perguntado sobre o que acha de o governo Lula aproximar-se do agro ao investir no Plano Safra, Caiado comentou: “Estão apostando no que dá certo. A agropecuária contribuiu com 159 bilhões de dólares nas exportações brasileiras no ano passado e é o único setor com chances de ser competitivo no cenário internacional. Lula fez suas reflexões. Compreendeu que não vale a pena ir para o confronto e travar uma desnecessária queda de braço em uma área de economia que caminha tão bem e só quer paz”. 

Questionado sobre Bolsonaro, disse: “Mesmo com Bolsonaro proibido de sair candidato, não se pode retirar dele a capacidade de mobilizar milhões de pessoas. Pouquíssimos líderes no país têm tamanho poder de transferência de votos”. 

As falas indicam pontualmente o que Caiado tem de mais perspicaz no que tange à possível disputa ao governo federal: bancar um discurso conciliador com Lula e a esquerda e estar à disposição do eleitorado de Bolsonaro.

O movimento que vem se formando em volta do governador lembra como era a expectativa do político goiano na era antes de Bolsonaro. “Brasil decente, Caiado presidente”, diziam, aos gritos, uma multidão em agosto de 2015 durante protesto na Avenida Paulista durante protesto contra a então presidente Dilma Rousseff, do PT. 

 À época, ele figurava entre as estrelas do DEM – agora União Brasil após fusão com o PSL -, quando se dava, a passos largos, o impeachment da petista, que tinha, em Caiado, uma voz crítica e estridente no Congresso Nacional. 

Cortejado pela direita, inclusive o Vem Pra Rua, Caiado era a personificação do antipetismo. No protesto, ele inclusive usava uma camiseta amarela do Vem Pra Rua, com uma mão em sinal de “basta”. Na ocasião do protesto na Paulista, o goiano comentou a receptividade: “Isso tem a ver com a minha coerência. Não mudo de discurso para agradar quem quer que seja.”

Em uma reportagem da revista ÉPOCA daquela semana, Caiado era chamado de “rei da Selfie” e de “estrela incontestável”. Ele declarou ao ser questionado sobre ser candidato a presidente: “É uma decisão partidária, não individual. Mas não vou negar a minha vontade de ser presidente”. E, de fato, era um movimento, três anos antes de todo o jogo mudar, levando Bolsonaro à Presidência.  

O fenômeno bolsonarista fez Caiado repensar quais passos dar rumo ao Planalto. Uma delas, tendo o destino feito com que Bolsonaro ficasse impedido de candidatar-se até 2030, é atrair para si o conglomerado eleitoral que encontrou do ex-mandatário de extrema-direita uma filiação ideológica e representativa. 

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