Kátia Maria (PT): “Defendemos uma gestão sistêmica”

A candidata ao governo de Goiás pelo Partido dos Trabalhadores, professora Kátia Maria, participou da sabatina dos governadoriáveis

Postado em: 08-08-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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A candidata ao governo de Goiás pelo Partido dos Trabalhadores, professora Kátia Maria, participou da sabatina dos governadoriáveis

Como o partido chegou ao nome da senhora para disputar o governo de Goiás?

O PT se apresentou de forma muito preparada para este processo.Nós trabalhamos no ano de 2017 organizando o partido para que ele pudesse estar presente em todo o Estado de Goiás e hoje, dos 246 municípios, o PT está organizado em 230.Fizemos também uma rodada de conversa e de diálogo com os partidos de esquerda e tenho a honra de ter a participando na chapa majoritária e proporcional o PC do B,um partido irmão que está conosco no nacional e aqui em Goiás também.

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Desde 1982 para cá o melhor desempenho do PT em Goiás foi da Marina Sant’anna, em 2002. Qual a expectativa da senhora para estas eleições?

A minha expectativa é ganhar a eleição, entrei no jogo para disputar de verdade e me sinto preparada para governar. Nós vamos ter dois projetos apresentados, de um lado vão estar os amigos do Temer do PSDB, do DEM, do MDB que estão em Brasília articulando todos os projetos que tiram direitos da classe trabalhadora; e do outro lado estaremos nós, eu e o PC do B do professor Nivaldo representando o time do Lula aqui em Goiás, com participação das mulheres, dos negros, da juventude e da comunidade LGBTI.

Em 1994 o PT fez alianças que hoje seriamimprováveis, por exemplo, com PSDB, PDT e PSB. Porque esse distanciamento de ideias?

É distanciamento de ideias mesmo. Já faz algum tempo que PSDB e PT estão polarizados em dois projetos diferentes e aqui em Goiás também. O PSDB foi o articulador do golpe, junto com o MDB, entregando a Petrobras. Somos contra essa política de concentração de renda e de oportunidades que o PSDB faz. Agora, é importante a gente entender que aqui em Goiás não é só que pensa assim: se pegarmos a atuação desses partidos em nível nacional, todos eles estão defendendo as medidas do Temer, todos eles aprovaram a reforma trabalhista, a PEC do teto dos gastos que congela investimentos, portanto os três candidatos, do MDB, do PSDB e do DEM, estão desabilitados em falar da melhoria da saúde, da segurança pública e da educação. 

E os outros dois candidatos? O Weslei Garcia, do Psol, e Marcelo Lira, do PCB? Porque não há uma união da esquerda? Não seria mais vantajosa essa construção?

Claro. Tentamos construir esse arco, mas é legítimo que cada partido com a sua visão e interesses próprios faça a sua caminhada. É legítimo que tanto PCB quanto Psol tenham candidatos aqui em Goiás, isso colabora com o debate político. No segundoturno nós queremos encontrar com todos para que possamos fazer um grande projeto e governador Goiás com participação daqueles que pensam o bem do nosso Estado.

A senhora foi a primeira mulher a presidir o PT em Goiás, a segunda a disputar o governo do Estado pelo partido e a única candidata nestas eleições. Essa proximidade com a classe feminina será um diferencial de campanha?

Dentro do Partido dos Trabalhadores a política de mulheres não é só na época de eleição. O PT tem um programa próprio de fortalecimento das mulheres e isso o PC do B, que está junto conosco, também tem. Então usar as mulheres só em época de eleição é ruim para nós e enfraquece a democracia, que é usar as mulheres como alguns estão fazendo. Outros não tiveram a capacidade nem de fazer como o elemento feminino presente na chapa. Dentro da nossa visão, é muito importante a participação das mulheres, mas com autonomia, visão crítica, sabendo se posicionar na sociedade.

O PT vive hoje um clima de incerteza em relação à candidatura de Lula. Como será o impacto de Lula preso na sua campanha em Goiás?

O presidente Lula, com toda certeza, terá forte impacto na nossa campanha, seja preso, seja solto. Agora, diferentemente do que algumas pessoas pensam, o impacto é positivo. Eu tenho andado o Estado inteiro e onde chego é impressionante a saudade que as pessoas têm do presidente Lula, porque na época dele as pessoas estavam comendo melhor, tinham acesso a casa própria e ao ensino superior, aos bens e serviços. 

A senhora falou dos avanços, mas o PT não devia fazer mea-culpa pelos deslizes éticos na política?

Na verdade, esse é um debate que precisa ser feito de forma mais sistêmica, porque não é verdade quando as pessoas tentam colar no PT a pecha da corrupção. As pessoas deviam estar analisando o Caiado, porque o DEM é o partido mais corrupto do Brasil, é o partido que segundo os órgãos oficiais teve o maior número de mandatários cassados. Nós temos problemas para ser corrigidos, mas o PT foi o partido que mais investiu na transparência dos governos, que mais investiu para dar condição para que a Polícia Federal pudesse trabalhar, que mais investiu para garantir a efetividade dos órgãos de investigação do Judiciário e do Ministério Público. 

O PT não sofre mais com esse desgaste pelo discurso que teve na história, de acabar com qualquer tipo de corrupção? Isso não acaba levando essa pecha ao PT pelo discurso que ele próprio tinha e depois ser envolvido?

O que for preciso ser feito para aprimorar e melhorar, nós vamos fazer. Você pode ter certeza que o PT é um partido de ação concreta. Nós temos uma crise instalada no Brasil e que não é só nos governos, que passa pelo parlamento, pelo Judiciário e sociedade. Temos que ter coragem de fazer o debate real sobre do que significa corrupção no Brasil, é muito raso fazer um debate da corrupção pegando só um partido político. 

Quais propostas do PT para a segurança pública? Passando pelo ponto de vista de que as grandes facções criminosas chegaram aos presídios de Goiás e isso afeta a vida da população. E gostaríamos que a senhora abordasse também a questão dos feminicídios, onde Goiás ocupa a segunda colocação no Brasil.

Nós defendemos uma gestão sistêmica, integrada, onde nós possamos fazer de forma descentralizada o oferecimento de serviços com a participação da população. Goiás, infelizmente, por conta da conjuntura política, figura em 9º lugar como mais violento do país, o segundo em feminicídios. E nós não podemos aceitar estes números, não podemos aceitar que em Goiás tenhamos uma subnotificação de 115 mil ocorrências de roubos. Então nós temos que ter uma ação efetiva integrada, não resolveremos a segurança pública só com encarceramento, que é outro problema do sistema carcerário falido, degradante.

A senhora fala de investimentos, mas tem dinheiro para fazer isso? Porque o governo alega que está cortando por não ter recursos. 

É uma questão de prioridade. Como ter recursos dando isenção fiscal para a Friboi. Deixa de dar isenção, pega o recurso e aplica na segurança pública. Ao invés de fazer política que privilegie o grande, pega esse recurso e invista em política pública que atenda a população em geral. É o modelo de gestão. Esse atual modelo privilegia o grande. Defendemos um modelo que pense na coletividade e no bem-estar do cidadão.

Sobre a segurança das mulheres, temos 12 anos da Lei Maria da Penha, que trouxe alguma contribuição. O que mais é necessário fazer para garantir uma segurança real às mulheres?

É um tema importante. Tenho ação efetiva há mais de 10 anos acompanhando o índice de violência em Goiás. Tive a oportunidade de visitar varias delegacias. Mas, infelizmente o corpo de funcionários ainda não tem a estrutura necessária para trabalhar. As nossas delegadas são heroínas. Elas trabalham sem condição nenhuma, sem funcionário, sem viatura. Então tem que equipar e garantir que as delegacias deem garantias mínimas de trabalho. Temos que capacitar esses profissionais para poder tipificar certo. 

Nas eleições de 2012, o então candidato Paulo Garcia, do seu partido, foi eleito com discurso baseado na sustentabilidade. No entanto, deixou a prefeitura com uma popularidade muito baixa. A senhora acha que esse discurso se aplica para essa campanha de 2018 ao Estado? 

Assim como tivemos os casos de corrupção com o Lula, tivemos também com o Paulo Garcia. Eu escuto da população de que as pessoas eram felizes e não sabiam. Na época do Paulo Garcia, a saúde era boa, os recursos do governo federal chegavam mais, a educação de Goiânia era referencia. A população está sentindo falta. O asfalto que está chegando agora não foi o Iris que conseguiu, mas o Paulo Garcia. Os recursos que tem para o BRT são do Paulo Garcia. 

Mas teve desgastes. 

Claro. Tem erros e tem acertos. O que estou dizendo é que a população tem sentido falta da gestão PT. Nós temos legado do governo Darci Accorsi, Pedro Wilson, temos experiência de gestão política. 

Resumidamente, quais as propostas que o PT quer apresentar ao eleitor nesta eleição?

Queremos fazer uma gestão descentralizada, tirar esse modelo que é concentrado para poucos, como a reforma trabalhista, por exemplo – que falaram que ia melhorar a economia e gerar empregos, colocou o Brasil com 14 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho. Não é essa a economia que nós queremos. Queremos fomentar o comércio, porque quando o comércio vende, a indústria produz mais. Fazer com que a gente movimente a economia de cada município. 

As pesquisas mostram que a campanha deve se polarizar entre Ronaldo Caiado e José Eliton. Como furar esse bloqueio em sua opinião?

Na verdade, a campanha eleitoral está começando. Eu respeito todas as pesquisas e acompanho as pesquisas para analisar os dados. O PT entrou em campo para ganhar as eleições. Temos duas estradas. Quem quiser continuar do mesmo jeito pode escolher qualquer um dos três candidatos amigos do Michel Temer e quem quiser mudar a realidade de Goiás pode escolher a professora Kátia e Lula para fazer diferença na vida do povo de Goiás e do Brasil.  (*Especial para O Hoje) 

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