Michelle e Eduardo estimulavam Bolsonaro a dar um golpe de Estado, diz Cid em depoimento

Como ajudante de ordens, Cid teve acesso livre ao Palácio do Planalto e outros locais no qual Bolsonaro frequentava

Postado em: 10-11-2023 às 10h02
Por: Rondineli Alves de Brito
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Como ajudante de ordens, Cid teve acesso livre ao Palácio do Planalto e outros locais no qual Bolsonaro frequentava | Foto: Reprodução

O  tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, contou em sua delação premiada à Polícia Federal, que a ex-primeira dama Michelle e o filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro, integravam um grupo que tinha como objetivo incentivar o ex-presidente a dar um golpe de estado caso fosse derrotado por  Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas. As informações exclusivas foram dadas pela coluna de Aguirre Talento no portal Uol

Segundo o tenente-coronel, esse grupo de de conselheiros radicais, tinha como membros os atiradores esportivos, conhecidos  CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores), que tiveram o acesso a armas facilitado durante o governo do ex-presidente. Eles costumavam dizer que Bolsonaro tinha apoio da população e dos atiradores esportivos.

O senador Flávio Bolsonaro, filho 01 do ex-presidente, estaria em outro grupo, que tentava convencer Bolsonaro a se pronunciar publicamente e aceitar o resultado da eleição. O ex-presidente só falou ao público mais de 44 horas depois do fim do segundo turno, no dia 1º de novembro, mas não admitiu abertamente a derrota. Ele afirmou que as manifestações que ocupavam as ruas na época demonstravam um “sentimento de injustiça” do povo. 

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Segundo a delação de Cid, a demora para Bolsonaro se manifestar se deu pelo fato no qual o ex-presidente acreditava que algum indício de fraude nas urnas seria encontrado para anular o resultado. Porém, segundo o ex-ajudante de ordens,  nenhuma prova de fraude foi encontrada.

Outra esperança de Bolsonaro, segundo Cid, era de e os militares aderissem às propostas golpistas. O ex-presidente chegou a se reunir com a cúpula das Forças Armadas,  após o segundo turno das eleições presidenciais, para discutir a possibilidade de uma intervenção militar para reverter o resultado, mas apenas o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos,  aderiu à proposta golpista.

Como ajudante de ordens, Cid teve acesso livre ao Palácio do Planalto, estando ao lado do Bolsonaro em entrevistas, lives, reuniões e até mesmo em salas de cirurgias, sendo o braço direito e secretário particular do então presidente nos quatro anos do governo passado. 

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, em uma operação da PF que investiga a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19. Após ter o seu pedido de delação premiada homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)Alexandre de Moraes, Cid foi liberado de um quartel onde estava detido no dia 9 de setembro.

Defesa da família Bolsonaro

A defesa do ex-presidente e de Michelle Bolsonaro afirmou que tais acusações são “absurdas”, e Eduardo acrescentou que a “narrativa não passa de fantasia, devaneio”.

Ainda segundo a defesa do ex-presidente e da ex-primeira-dama, em nota eles dizem que as acusações da delação de Cid não são amparadas em elementos de prova.

“As afirmações feitas por supostas fontes são absurdas e sem qualquer amparo na verdade e, via de efeito, em elementos de prova. Causa, a um só tempo, espécie e preocupação à defesa do ex-presidente Bolsonaro que tais falas surjam nestes termos e contrariem frontalmente as recentíssimas — ditas e reditas —, declarações do subprocurador da República, dr. Carlos Frederico, indicando que as declarações prestadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, a título de colaboração premiada, não apontavam qualquer elemento que pudesse implicar o ex-presidente nos fatos em apuração”.

A nota ainda afirma que a família Bolsonaro nunca teve envolvimento com ruptura institucional e que a defesa ainda não teve acesso ao conteúdo da delação. Eduardo Bolsonaro, por sua vez, afirmou que a acusação é fantasiosa.

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