Naves e Caiado, uma parceria que beneficia ambos

Não tem aceno político, na contemporaneidade, nem tão longe nem tão perto do pleito de 2026, do que ressaltar, com canetão amarelo, a possível candidatura de Ronaldo Caiado à Presidência da República, e, sobretudo, sob a missão de carregar a bandeira da direita. 

Foi o que fez, sinalizando, o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, que Caiado é um bom nome. Claro, se o partido, de fato, descartar bancar o atual governador e ex-ministro de Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos). 

Marcos Pereira, que, além de presidir a legenda nacional é vice-presidente da Câmara dos Deputados, citou Caiado em uma entrevista recente ao prestigiado programa Roda Viva, da TV Cultura, ao comentar sobre as chances de Freitas se candidatar ao Planalto. 

“O Tarcísio é um candidato natural a fazer um bom governo, primeiramente. Atender às expectativas do eleitor de São Paulo e da população de São Paulo que o colocou nessa posição de tanta relevância. Depois, o momento seguinte, mais natural, é ser candidato à reeleição (…) Os nomes da direita seriam Ronaldo Caiado, governador de Goiás, Ratinho Júnior do Paraná, Romeu Zema de Minas e a ex-ministra Tereza Cristina”, disse ele. 

O aceno faz bem para a saúde político-eleitoral do Republicanos em Goiás, com reviravoltas que foram de rachas, trocas inesperadas no comando da sigla e até mudança de integrante na Câmara dos Deputados para recálculo de estratégia da legenda. Parte disso, claro, tinha um foco bem estabelecido: eleições municipais que, por sua vez, daria um fôlego mais vital para a disputa eleitoral em 2026. 

Vale lembrar que o prefeito de Anápolis, Roberto Naves, deixou recentemente o Progressistas de Arthur Lira e, como o gole de água, foi empossado, por Marcos Pereira, como presidente do Republicanos em Goiás. Ganhou, de uma hora para outra, uma força que poucos entendedores de política em Goiás esperavam. Tanto que a sua saída, num rompante, do PP, surpreendeu – mas nem tanto. É que ele já estava insatisfeito com a sigla, principalmente sobre a condução de estratégias de sucessão de Naves em Anápolis. 

Ele cumpre o seu segundo mandato e, por óbvio, precisa amansar a sua base, que está intrinsecamente à base de Ronaldo Caiado na cidade que também é do governador, e lançar um nome competitivo frente à ameaça petista. Naves é anti-lula e, por isso – não surpreenderia -, gosta de Jair Bolsonaro e precisa de seu nome para montar uma força-tarefa para derrotar um representante de Lula no município: o deputado estadual Antônio Gomide. 

O governador Ronaldo Caiado está prestes a voltar ao Brasil, depois de uma temporada, com cerca de 50 personalidades políticas e empresariais, entre elas o aliado Roberto Naves. Também na comitiva está a esposa de Roberto, a deputada estadual Vivian Naves. 

Proximidade de Caiado com Roberto é uma via de mão dupla. Um precisa do outro. Caiado porque está tentando se consolidar como o candidato, em nível nacional, ao cargo mais importante da República. Naves, que já tem alguma moral com Marcos, pode ajudar. E, ainda, com a ala bolsonarista ligada à indústria. Embora parte da economia goiana seja sustentada pelo agronegócio, existem muitas empresas em Goiás que geram emprego e certa credibilidade. E Anápolis é um grande polo. 

E, claro, Caiado confere a Roberto uma força que, como prefeito prestes a deixar o posto em sua cidade, não teria não fosse o poder que Marcos Pereira lhe deu para percorrer o estado em busca de nomes imbatíveis para concorrer ao pleito municipal e, saindo vitorioso, asfaltar 2026 – tanto para o governo quanto para a presidência.