Após se entregar à polícia, prefeito de Iporá diz não se lembrar do que fez

Naçoitan Leite se apresentou às autoridades na manhã da última quinta e disse não se lembrar de ter atirado 15 vezes contra a ex. Político está preso

Postado em: 24-11-2023 às 10h30
Por: Redação
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Ao todo, o gestor passou cinco dias foragido | Foto: Reprodução

Daisy Rodrigues e Felipe Cardoso

O prefeito de Iporá, Naçoitan Leite, se entregou à polícia na manhã da última quinta-feira, 23. Por volta das 6h, ele se dirigiu, de maneira espontânea, à delegacia da cidade onde se apresentou às autoridades. Ao prestar depoimento, o político disse não se lembrar de ter invadido a casa e atirado 15 vezes contra a ex-mulher na madrugada do último sábado (18). 

Ao todo, o gestor passou cinco dias foragido. Os disparos efetuados pelo político atingiram a porta do quarto onde a mulher e o atual namorado dormiam. Naçoitan declarou ter misturado bebida alcóolica e remédios na noite de sábado (17).

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Em depoimento prestado ao delegado regional de Iporá, Ramon Queiroz, o prefeito disse que ingeriu bebidas alcoólicas na noite de sexta, durante as comemorações pelo aniversário de Iporá. 

“Ele nos relatou que quando acordou no dia seguinte, após dormir dentro de sua camionete, teve alguns ‘flashes’, onde se lembrava de ter ido à casa mas que não se recordava do que havia feito lá. Ao ser questionado sobre esse apagão na memória, ele disse acreditar que deve ter sido porque está tomando alguns remédios fortes, que misturou com bebida alcoólica”, informou o delegado.

O prefeito também confessou ter ido, no sábado pela manhã, à casa da ex-mulher para buscar um aparelho de gravação de imagens de segurança, mas que não se recorda o que fez com o aparelho. Naçoitan se apresentou à polícia e entregou a pistola que usou para disparar na casa da mulher e disse que não se lembrava de estar com outra arma.

Em contrapartida, o delegado disse que a Polícia Técnico Científica já confirmou que duas armas de diferentes calibres haviam sido usadas no atentado, e informou que as autoridades trabalham para localizá-la.

O prefeito teve mandado de prisão preventiva expedido no próprio sábado. Após Naçoitan prestar depoimento, o gestor foi encaminhado para a Unidade Prisional de Iporá e permanecerá recolhido até o final da tarde de hoje, onde deverá passar pela Audiência de Custódio. A defesa de Naçoitan afirmou que tentará um novo Habeas Corpus para ele, já que os dois já impetrados durante a semana tinham sido negados.

Pedido de impeachment 

No início da semana, vereadores do município de Iporá votaram pela abertura de uma Comissão Processante contra o prefeito. O objetivo do movimento é alcançar o impeachment do gestor. O município, vale lembrar, tem 13 vereadores. Todos votaram favoráveis à iniciativa do secretário da Câmara, vereador Frederico Faria. 

Polêmicas

Essa, vale lembrar, não é a primeira vez que o político se envolve em polêmicas. O gestor foi acionado pelo Ministério Público, em abril deste ano, por incitar publicamente a prática de crime.Naçoitan foi acusado, na denúncia, de fomentar violência contra militantes do Partido dos Trabalhadores ligados ao município. 

De acordo com a denúncia, no dia 4 de março de 2022, Naçoitan, na condição de associado do Sindicato Rural de Iporá, enviou a um dos três grupos de WhatsApp mantidos pela entidade, um áudio manifestando seu descontentamento pelo fato de um cidadão ter contribuído financeiramente para a confecção da fachada do sindicato.

Na gravação ele diz: “PT com nós (sic) aqui agora é na botina, e se for preciso na bala, entendeu?”, atentando, assim, contra bens jurídicos protegidos – a vida e a integridade física. 

Em novembro do ano passado, outra polêmica envolveu o nome do político. Em um áudio ele fala em “eliminar” o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e então ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na ocasião, o prefeito conversava com apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro (PL) acerca da vitória do petista nas urnas. 

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