Resiliente, Marconi Perillo volta a ter poder nas mãos

Ex-governador goiano assume presidência nacional do PSDB com a missão de reconstruir o ninho tucano

Postado em: 04-12-2023 às 07h50
Por: Yago Sales
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Ex-governador goiano assume presidência nacional do PSDB com a missão de reconstruir o ninho tucano | Foto: Reprodução

Sem dúvidas, Marconi Perillo, o mais tucano dos tucanos goianos, havia muito tempo não se sentia tão político como nos últimos dias. Ele assumiu, por aclamação – e expectativa quase unânime dos parceiros de sigla – presidente nacional do Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB. 

Sim, a legenda que o fez triunfar sobre o poderio político do MDB dos poderosos Iris Rezende Machado e Maguito Vilela em idos de 1998 quando se tornou o mais jovem morador  da Casa Verde. Dali adiante, virou às mãos as facilidades do poder, chegando ao cobiçado cargo de governador quatro vezes. Ele, contudo, já havia sido deputado estadual e federal. No intervalo de uma reeleição e outra eleição, Marconi ainda foi senador da República. 

“O homem da camisa azul”, como passou a ser conhecido o governador goiano, com trânsito no exterior e industrialização de um estado quase majoritariamente agrário, tem a árdua missão de devolver ao partido, que já governou o País – com Fernando Henrique Cardoso – por duas vezes, polarizou com o PT, perdendo protagonismo sob a força imperdoável da onda bolsonarista encarnada pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. 

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Foram afundados tucanos históricos. O que dizer sobre José Serra, que foi governador de São Paulo por duas vezes? De Aécio Neves, também governador, mas de Minas – quase venceu Dilma Rousseff em 2014 num segundo turno tão violento quanto a disputa entre Haddad e Bolsonaro em 2018. O que dizer de outro tucano e ex-governador paulista, Geraldo Alckmin, que pulou do ninho e, filiado ao PSB, protagonizou, ao lado de Lula, uma frente ampla para derrotar o bolsonarismo ano passado. 

Embora tenha enfrentado, com bicadas de um tucano que sabia o que estava fazendo, Lula quando era governador de Goiás, entre 2002 e 2010, Marconi foi um dos primeiros ex-opositores a acenarem para a então principiante pré-candidatura de Lula, que havia pouco tempo saído da prisão e, estonteante, tentava encontrar um cenário favorável. Marconi não se enfiou de cabeça em campanha alguma, mas não ficou ressentido com a adesão de aliados – dos mais nobres, como o seu ex-vice-governador José Eliton – ao projeto de Lula da Silva. 

Agora, com o vocativo de que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, já é o pré-candidato à Presidência da República, uma aproximação do ex-governador goiano – que voltou a ser chamado de governador pela mídia nacional, mas por ter exercício o cargo por último e até por sê-lo o mais importante – com Lula. 

Ele sabe que Lula e o PT, como prospecta Marconi, saiu do limbo, após uma batalha quase infindável contra a rejeição e tem sido um exemplo de como ascender. A intenção agora é conseguir recuperar o protagonismo nos estados, nas prefeituras, no Congresso Nacional e, por que não, nas disputas eleitorais pelo governo federal. 

“Estou imensamente feliz com a eleição de Marconi Perillo e, principalmente, com a construção que fizemos que levou a uma eleição por unanimidade, por aclamação”, disse Aécio, que demonstrou mais: “Especula-se sempre muito em divergências, em rachas. Hoje, demos uma demonstração clara de que acima de posicionamentos naturais ou divergências pontuais, existe nosso compromisso de fortalecer o partido”. 

“Eu chego aqui para servir, para ser um trabalhador pelo partido. Eu estou seguro de que a gente pode traçar um caminho que nos leve a uma vitória. Temos que arregaçar as mangas e trabalhar para que a gente possa chegar forte lá na frente. Nós somos talvez o único partido, fora da polarização, que tem um nome, uma história que está sendo construída, que tem um propósito e que terá o melhor programa para o país”, disse o novo presidente da sigla.

Marconi também exaltou a história do partido e como ela pode contribuir para o futuro do PSDB. “Temos a responsabilidade de buscar beber na experiência desses homens e mulheres que, ao longo do tempo, trabalharam e dirigiram o partido”, afirmou.

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