Dobradinha Marconi e Aécio pode mudar rumos do PSDB

Ao mineiro, que assume o Instituto Teotônio Vilela, caberá “doutrinação e educação política” dos filiados pelo País; ao goiano, retomar o patamar que o partido perdeu nas últimas eleições

Postado em: 11-12-2023 às 08h14
Por: Francisco Costa
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Ao mineiro, que assume o Instituto Teotônio Vilela, caberá “doutrinação e educação política” dos filiados pelo País; ao goiano, retomar o patamar que o partido perdeu nas últimas eleições | Foto: Divulgação

No fim de novembro, o ex-governador Marconi Perillo foi confirmado como novo presidente do PSDB. Na última quarta-feira (6), o ex-governador de Minas Gerais e deputado federal Aécio Neves foi escolhido para a presidência do Instituto Teotônio Vilela, tradicional centro de formação política do partido tucano. 

Pode parecer que não, mas nos dois casos a vitória foi de Aécio, que vem em baixa desde a derrota contra Dilma Rousseff (PT) para o Planalto, em 2014 – mas especialmente quando foi impactado pela Lava Jato, em 2017. Ele foi o principal fiador de Marconi para a presidência da sigla e, em relação ao instituto, onde foi aclamado por unanimidade pelos 23 conselheiros, trata-se de órgão que serve ao tucanato para “doutrinação e educação política” de filiados em todo o País.

Além disso, 20% dos recursos do fundo partidário, conforme legislação eleitoral, são destinados às respectivas fundações das legendas. Em 2022, por exemplo, a fundação do PSDB recebeu R$ 13,4 milhões da legenda – que teve o montante de R$ 63 milhões. 

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Ambos, é preciso destacar, reforçam a postura de oposição [responsável] ao governo Lula (PT). “Somos oposição ao atual governo e através do ITV, com a participação de economistas, intelectuais de várias áreas e políticos altamente qualificados, vamos, ao lado do presidente Marconi Perillo, aprofundar o debate sobre as teses e propostas do partido para o Brasil”, declarou Aécio.

É preciso dizer, a posição mais crítica em relação ao governo petista seria um dos entraves de Leite. Dentro da legenda, a informação que circula é que, como governador, ele dependia de uma interlocução maior com a gestão de Luiz Inácio. 

Missões

Perillo é aliado de longa data de Aécio. Desde que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), demonstrou o não interesse em permanecer na presidência, o mineiro citou o goiano como um dos favoritos para o cargo. Dito e feito. 

Em 30 de novembro, Marconi foi aclamado. Enquanto Aécio molda as “mentes jovens” pelo Instituto Teotônio Vilela, ao goiano caberá o desafio de retomar o patamar que o partido perdeu nas últimas eleições, especialmente em 2022, quando não disputou à presidência, mas apoiou Simone Tebet, do MDB. 

O ex-governador de Goiás já disse considerar isso um erro. Ao O Hoje, inclusive, antes de assumir, disse que só toparia a missão se tivesse liberdade para articular um nome para a presidência pelo partido, em 2026.

O ex-deputado estadual Hélio de Sousa, que assume o comando do PSDB Goiás, substituindo Marconi, reiterou ao veículo de comunicação que a determinação da legenda é que o ex-governador dispute o Palácio das Esmeraldas, em 2026, e Eduardo Leite o Planalto. 

Mas se já existe o pensamento em 2026, em 2024 não é diferente. Hélio aponta ter o mesmo entendimento de Marconi. “Partido para crescer tem que enfrentar as urnas.” De acordo com ele, o tucanato terá candidatos às prefeituras da maioria das cidades de Goiás. 

Na capital

Em relação a Goiânia, Hélio reforça que o diretório municipal tem autonomia, mas completa que, no momento oportuno, “estudaremos a performance”. Ele cita que, em Goiânia, existem dois pré-candidatos: o jornalista e suplente de deputado federal, Matheus Ribeiro, e a vereadora e presidente do PSDB metropolitano, Aava Santiago. “Estive com Matheus, na quinta, e ele me disse que está firme”, emendou.

Questionado se é possível compor (como vice), ele reforça que, no momento, existem as duas pré-candidaturas e é preciso trabalhar com o “plano A”. “Não conseguindo vislumbrar, lá na frente, poderemos ver o que o partido vai decidir, que será uma decisão coletiva. Vamos buscar entendimento, respeitando a autonomia municipal.” Sobre essa aliança poder ser com o PT, que Marconi já disse ser oposição nacionalmente, Hélio se esquiva. “Até as convenções teremos o melhor caminho.” 

PSDB sofre, mas tem filiados 

Em Goiás, o PSDB é a segunda legenda com mais filiados: 69.179, atualmente. Em agosto de 2022 eram 71.371. É preciso lembrar, por meio do “Tempo Novo”, Marconi e aliados permaneceram 20 anos no poder, no Estado. Além disso, nacionalmente o partido tinha grande destaque, polarizando com o PT até 2014. 

Hoje fragilizado no País e em Goiás – o ex-governador teve duas derrotas ao Senado nos últimos anos –o PSDB ainda mantém um alto número de filiados, bem como uma deputada federal goiana, sendo 18 no total pela federação com o Cidadania. No País, partido tinha 1.352.597 em agosto passado. Atualmente, 1.327.137. Nacionalmente, a redução foi de cerca de 1,9%.

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