Haddad rejeita “judicialização”

Candidato petista disse que “promotor não pode fazer justiça” sobre prisões de tucanos na sexta-feira; caso seja eleito, Haddad destacou programas agrícolas em Goiás

Postado em: 29-09-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Candidato petista disse que “promotor não pode fazer justiça” sobre prisões de tucanos na sexta-feira; caso seja eleito, Haddad destacou programas agrícolas em Goiás

Venceslau Pimentel

O candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT) disse ontem, em Goiânia, que o Ministério Público não pode se imiscuir em política e sim ater-se às suas funções constitucionais, ao comentar a ação de promotores de Justiça, como a registrada contra ele neste mês e também a denúncia oferecida em desfavor do ex-governador Marconi Perillo (PSDB).

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“Promotor não pode fazer justiça. É isso que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) está dizendo. Tem que fazer justiça”, disse Haddad, referindo-se à decisão do CNMP, que abriu procedimento para apurar conduta do Ministério Público de São Paulo, que o denunciou no início do mês.

Candidato ao Senado, Perillo foi alvo, ontem, da operação Cash Delivery, da Polícia Federal, com buscas e apreensões em alvos ligados a ele, por suposto recebimento de dinheiro não contabilizado nas eleições de 2010 e 2014, no valor de R$ 10 milhões. No caso, o ex-presidente da Agência Goiana de Obras (Agetop) e coordenador da campanha do governador José Eliton (PSDB), Jayme Rincón, foi um dos cinco presos pela PF.

No início do mês, o petista foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo, por corrupção e lavagem de dinheiro, acusado de receber propina da empreiteira UTC Engenharia. De igual forma, o presidenciável tucano Geraldo Alckmin também foi alvo de ação por improbidade administrativa, porque teria recebido R$ 5,7 milhões da Odebrecht via caixa dois.

Por sua vez, o ex-governador do Paraná, Beto Rixa, foi preso durante operação do Ministério Público daquele estado, por denúncia de desvios em programas de estradas rurais. Ele é candidato ao Senado.

Para Haddad, cabe ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMPF) julgar a conveniência de abrir uma investigação sobre eventual partidarismo por parte de instituições que, segundo ele, não podem ser partidárias.

“No meu caso especifico, abriu. O CNMP abriu um procedimento para investigar a conduta do promotor. Mas isso é papel do CNMP e não das candidaturas”, disse o petista em coletiva à imprensa no Aeroporto Santa Genoveva. “Isso (no caso Marconi) pode acontecer ou não. Depende da situação. No meu caso aconteceu. O Conselho considerou muito estranho o procedimento adotado contra mim, mas eu não posso responder pelos outros”.

Indagado se considerava estranho o fato de esse tipo de ação estar acontecendo às vésperas das eleições, Haddad foi cautelo. “Quem tem de dizer se é estranho ou não é o Conselho. No meu caso, o Conselho considerou estranho e abriu procedimento para investigar a conduta do promotor”, reiterou.

Por conta de acontecimentos contra políticos de outros partidos, Haddad foi questionado, durante a entrevista, se o PT faria mea culpa, por considerar o caso que envolve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como perseguição política por parte do Judiciário e do MP.

No entanto, o petista hesitou. Limitou-se a dizer que, caso seja eleito, iria apoiar todas as instituições já apoiadas em governos petistas. “Você pode ter certeza do que estou falando. O governo vai apoiar, como sempre fez, a Polícia Federal, o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Controladoria Geral da União. Que não paire dúvida sobre isso”, pontou.

Haddad, porém, fez um reparo, num recado direto ao Judiciário. “O que nós temos que evitar, e isso é papel do Judiciário, é o erro judiciário. Para isso é que tem recurso, para que uma instância corrija o erro da anterior”.

Agricultura familiar 

O candidato petista destacou programas voltado a Goiás, caso seja eleito. Disse que vai fortalecer a agricultura familiar, dando prioridade a ela, mas também apoiando o agronegócio. “Nós vamos apoiar a geração de empregos aqui. Entendemos que tem algumas tarefas a cumprir”, disse.

A primeira delas, segundo ele listou, é melhorar a logística, para o escoamento da produção, seja por meio de hidrovias, rodovias e ferrovias. Também defendeu o fortalecimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que, segundo ele, está relegada a segundo plano pelo atual governo.

“Fortalecer a Embrapa, diminuir custos do transporte e garantir a segurança hídrica são as três tarefas que nós vamos enfrentar imediatamente para gerar novos negócios aqui no Estado de Goiás”, prometeu o presidenciável.

Petista diz que acabar com 13º é ideia de jerico 

O presidenciável petista Fernando Haddad repercutiu a declaração do general Hamilton Mourão, vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), que criticou o 13º salário e abono de férias, e que esses dois benefícios seriam “jabuticabas”.

Em discurso proferido em um palanque montado na Rua 3, no Centro de Goiânia, ele afirmou que dois de seus adversários, Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) apoiaram a reforma trabalhista, que, segundo ele, resultou na retirada de direitos dos trabalhadores.

Disse ainda, sobre a fala de Mourão, que teria o apoio de Bolsonaro, “é ideia de jerico”. “O 13º salário está na Constituição Federal. Agora, ele (Bolsonaro) diz que Mourão não entende de Constituição. Se escolheu mal o vice, é burrice”, pontuou. “Que troque o vice então”, sugeriu.

Por isso, o petista disse ter escolhido bem a sua vice, Manuela D’Ávila (PCdoB), por conhecer a Consolidação das Leis Trabalhistas e defende homens e mulheres.

Mourão falou sobre o assunto, em palestra no dia 26, na Câmara de Dirigentes Lojistas de Uruguaiana (RS), ao sustentar que benefícios como o 13º salário encarecem a contratação de mão de obra.

“Temos algumas jabuticabas que a gente sabe que são uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Se a gente arrecada 12, como é que nós pagamos 13? É complicado. E é o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais. É aqui no Brasil. Então, são coisas nossas. A legislação que está aí é sempre aquela visão dita social, mas com o chapéu dos outros, não é com o chapéu do governo”, disse mourão em discurso.

Diante da repercussão negativa da declaração de seu vice, Bolsonaro postou em sua conta no twitter que quem se coloca contra o 13º desconhece a Constituição, que diz que o benefício está previsto no artigo 7º. Segundo o presidenciável do PSL, esse benefício não pode ser suprimido nem mesmo por proposta de emenda constitucional. (* Especial para O Hoje) 

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