Em aceno ao bolsonarismo, Caiado exalta números da segurança pública 

Governador não esconde desejo de disputar Presidência da República em 2026 e busca, com unhas e dentes, amarrar direita brasileira acerca de seu projeto

Postado em: 27-01-2024 às 07h30
Por: Gabriel Neves Matos
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Chegando ao segundo ano do segundo mandato como governador de Goiás, Caiado dá ênfase a números pomposos na peça | Foto: Reprodução

Em nova peça publicitária veiculada na televisão e nas mídias digitais, o governo Ronaldo Caiado (União Brasil) comemora os bons índices de segurança pública sob o slogan “O estado que dá certo é o estado mais seguro do Brasil”. Na campanha, são apresentados os números de Goiás, como os de queda da criminalidade, a contratação de novos policiais, investimentos em equipamentos e inteligência do estado, além da criação do Batalhão Rural.

Chegando ao segundo ano do segundo mandato como governador de Goiás, Caiado dá ênfase a números pomposos na peça. Segundo a publicidade, houve diminuição de 89% nos latrocínios, 90% nos roubos de carga, 91% no roubo de veículos e 84% no roubo a comércios. Enquanto as imagens do vídeo de 45 segundos são embaladas por uma trilha sonora acústica, o locutor anuncia que, desde 2019, “não há caso de novo cangaço e roubo a bancos em Goiás”. 

Em seguida, duas crianças pedalam de bicicleta felizes em um parque, ao que a propaganda exalta: “Goiás é um exemplo para o país e não vai abaixar a guarda no combate à violência”. A peça não cita nenhum dado acerca do feminicídio no estado, da violência nas escolas e tampouco números sobre a violência sexual infantil, embora o vídeo termine focalizando a câmera em duas meninas negras sob a sonora “O estado que tem o melhor governo do Brasil”. A publicidade do governo se ampara em números do instituto Paraná Pesquisas. 

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O tema da segurança pública não é pauta nova de Caiado. Desde o início do seu primeiro mandato, em 2018, o mandatário sinalizou que pautaria o discurso, e a prática de suas tropas, para tolerância zero para quem ultrapassasse a linha da legalidade e da ilegalidade. “Ou bandido muda de profissão ou de Goiás”, afirmou Caiado em uma de suas propagandas eleitorais. E evocou ainda a linguagem das redes sociais para engrandecer a competência de sua gestão: “Isso é trabalho com seriedade, o resto é mimimi”.

Com a ostentação provocada pelos dados, Goiás passa longe de estados como Bahia, Rio de Janeiro e Ceará, que, de acordo com o Atlas da Violência, lideraram o ranking de unidades da federação que mais registraram homicídios em 2021. Ainda segundo o estudo, quando considerados os dados de homicídios a cada 100 mil habitantes em 2021, o Amapá aparece no topo da lista, com 52,6%. São Paulo é o estado com a menor taxa, com 6,6%. De modo geral, o Brasil teve 22,4 mortes a cada 100 mil pessoas.

A redução da criminalidade sob Caiado é considerada um dos seus maiores trunfos políticos e poderá ser usada como grande marca em sua possível candidatura à Presidência da República em 2026. Conforme mostrou O HOJE, pesquisa do AtlasIntel divulgada no início do mês aponta o favoritismo do governador de Goiás ocupando o primeiro lugar entre os 27 governadores do país, com 72% de avaliação positiva entre os goianos. A cerca de três anos para a próxima disputa presidencial, o chefe do Executivo estadual não esconde de ninguém o desejo de ser o próximo chefe do Palácio do Planalto. 

Em entrevista ao Metrópoles no ano passado, Caiado comentou sobre o futuro político. “Já passei pela Câmara, pelo Senado e agora concluo meu segundo mandato de governador e não posso mais [disputar a reeleição]. Eu sou de um partido, que é um grande partido, o União Brasil. Todos os partidos vão colocar nomes para disputar a eleição e, sem dúvida, meu nome será colocado”, afirmou.

“Tenho condição de mostrar o que o Ronaldo Caiado fez na política nacional”, disse na entrevista sobre a capacidade de viabilizar seu nome em 2026. “Não tenho nada que depõe contra minha trajetória. Se eu tiver essa oportunidade e o partido [UB] me convocar, eu não me furtaria ao debate. É uma posição que, modéstia à parte, todos esperamos chegar, e eu não suprimi nenhuma etapa”. 

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