“Principal adversário de Bruno é o projeto nacional de Caiado”, diz cientista político

Na interpretação de Guilherme Carvalho, os políticos estão diante de um "quebra-cabeças", onde todos os movimentos atuais impactam o cenário para 2026

Postado em: 01-02-2024 às 10h30
Por: Luan Monteiro
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O especialista insinua estratégia que pode desaguar, inclusive, no apoio a um terceiro nome para além de Peixoto e Darrot | Foto: Reprodução

As movimentações políticas têm ganhado cada vez mais destaque no tabuleiro político de Goiânia. Nos últimos dias, uma série de novidades agitou o cenário, desde a possibilidade de recuo de Bruno Peixoto (UB) em seu projeto rumo à prefeitura de Goiânia, até o apoio de um importante membro da base governista à candidatura de Jânio Darrot. Esses acontecimentos geraram reações acaloradas.

Apesar da insistência de Peixoto, presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), nos bastidores, a informação é de que o governador Ronaldo Caiado (UB) deve apoiar outro projeto para o Paço da capital. Essa decisão, no entanto, não estaria relacionada a uma questão pessoal com Bruno, mas sim à percepção de que apoiar sua candidatura contribuiria pouco — ou nada — para os planos do governador para 2026, quando pretende concorrer à presidência da República. 

Em entrevista ao O HOJE, o cientista político Guilherme Carvalho explicou que o principal adversário de Peixoto não é Vanderlan Cardoso (PSD), Jânio Darrot (MDB) ou qualquer outra pessoa ligada ou não ao governo goiano. “O principal adversário desse desejo de Bruno em ser candidato é o projeto nacional de Caiado. É nisso que o Governo Estadual vai se concentrar para definir o nome da base na disputa”, disse Carvalho.

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Segundo o especialista, as limitações de Bruno estão relacionadas ao “contexto”. “Ele enfrenta adversários que têm aspirações que conflitam com os planos do governador para 2026”. Para ilustrar essa situação, Carvalho explicou que os políticos estão diante de um “quebra-cabeças”, onde todos os movimentos atuais impactam o cenário para 2026. 

“Apoiar um candidato ou outro pode resultar, por exemplo, em uma candidatura de Vanderlan em 2026. Qualquer candidatura dele [Vanderlan] entrará em conflito com os interesses do governo, que busca, antes de tudo, construir uma base sólida para uma candidatura presidencial em 2026”, lembrou o cientista, que insinua para uma estratégia que pode desaguar, inclusive, no apoio a um terceiro nome para além de Peixoto e Darrot. 

Outra questão que pode “atrapalhar” os planos de Caiado está relacionada à sucessão no governo. “Caiado quer eleger Daniel Vilela como seu sucessor. Ele também pretende fazer Gracinha Caiado senadora. Percebe como a candidatura de Vanderlan lá na frente é crucial nesse contexto? Ele poderia concorrer a qualquer um desses cargos, inclusive em uma aliança forte com o respaldo do governo federal”, destacou.

O especialista ressalta ainda que há muitas limitações em um ambiente onde tantos adversários têm aspirações que conflitam com os planos do governador para 2026. “Isso precisa ser controlado agora em 2024, caso contrário será muito mais difícil unir as forças em 2026. De qualquer forma, alguém sairá magoado dessa história”, concluiu.

Gota d’água?

No cenário político goianiense, tem sido comentado que um vídeo gravado pelo pai do presidente da Alego, Sebastião Peixoto, pode ter minado as chances de Bruno concorrer como o candidato da base caiadista. Na gravação, Sebastião critica a suposta decisão do governador em apoiar Darrot na disputa por Goiânia, chamando-o o ex-prefeito de Trindade de “aventureiro” e questionando sua representatividade eleitoral na capital.

Por outro lado, Carvalho discorda do que tem sido divulgado, argumentando que a influência de uma declaração de Sebastião Peixoto deve ser ponderada. Embora ele tenha trânsito na política tradicional, Carvalho questiona o peso dessa declaração em uma decisão desse porte, enfatizando que outros fatores são mais relevantes. Ele ressalta que há muitas variáveis em jogo e que não se deve atribuir demasiada importância à opinião de um pré-candidato a vereador por Goiânia, especialmente considerando sua possível filiação a um partido de oposição.

Voo solo

Além disso, também se especula sobre a possibilidade do presidente da Alego lançar-se na disputa, mesmo sem o apoio do governador Ronaldo Caiado. Segundo Carvalho, Bruno teria potencial para concorrer fora da base caiadista, mas ele acredita que isso limitaria suas chances de crescimento. Para Carvalho, apenas em um cenário onde Bruno termine escolhido como candidato da base o político teria “grande potencial”. 

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