Lewandowski varre PSB do Ministério da Justiça, mas Elias Vaz fica

Secretário é o único nome do PSB a permanecer na pasta após o ex-ministro Flávio Dino ser alçado ao posto de ministro do Supremo Tribunal Federal

Postado em: 02-02-2024 às 14h27
Por: Gabriel Neves Matos
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Com a entrada dos novos nomes na pasta, Lewandowski sinaliza que terá ao seu lado auxiliares vinculados ao PT, partido do presidente da República | Foto: Reprodução/Dinho Souto/Flickr

O ex-deputado federal Elias Vaz é o único nome do PSB a ser mantido na estrutura do secretariado do Ministério da Justiça e Segurança Pública após a mudança no comando da pasta. Escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ser o novo ministro da Justiça no lugar de Flávio Dino, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski tomou posse do cargo na manhã desta quinta-feira (1º) em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília.

Na gestão anterior, o PSB tinha postos relevantes dentro da pasta. Além do ex-ministro Flávio Dino, filiado à sigla, o Ministério da Justiça contava com Ricardo Cappelli, que era secretário-executivo (número dois), Augusto de Arruda Botelho, que era secretário de Justiça, e Tadeu Alencar, que era secretário de Segurança Pública. Com a reestruturação, todos eles deixaram seus cargos no ministério. 

Com a entrada dos novos nomes na pasta, Lewandowski sinaliza que terá ao seu lado auxiliares vinculados ao PT, partido do presidente da República. É o caso de Jean Uema, ex-assessor da Secretaria de Relações Institucionais, de Alexandre Padilha e nome ligado ao PT que agora assume a Secretaria Nacional de Justiça. Também é o caso de Wadih Damous, ex-deputado pela sigla, que seguirá à frente da Secretaria do Consumidor.

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Elias Vaz continuará à frente da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça. O ex-deputado federal foi escolhido por Dino para integrar a equipe da pasta ainda em 2022, antes da posse do presidente Lula. A indicação foi comemorada pelo pessebista na ocasião. Por meio das redes sociais, Vaz escreveu à época: “Reafirmo o meu compromisso com os brasileiros e com o governo Lula. Nossa luta é pela reconstrução do Brasil”.

O secretário ganhou destaque em sua atuação na Câmara dos Deputados ao ser oposição ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Vaz foi responsável, juntamente com o senador Jorge Kajuru (PSB), por denunciar a compra de milhares de unidades de Viagra pelas Forças Armadas (além de milhões de reais em próteses penianas), e os altos gastos no cartão corporativo de Bolsonaro.

Conforme noticiou o jornal O HOJE, o PSB pressionou o governo federal para manter nomes do partido no Ministério da Justiça. Internamente, a insatisfação da legenda foi ampliada após a confirmação de que o presidente da República havia dado carta branca a Lewandowski para a escolha de uma nova equipe. Enquanto isso, Lula não se comprometeu com a preservação de espaços ocupados pelo PSB na pasta.

A permanência de Elias Vaz na pasta da Justiça contou com articulações do senador Jorge Kajuru. Ao jornal O HOJE, o parlamentar confirmou sua participação no processo. “Seria a maior injustiça se ele não seguisse [no ministério]”, comentou. Kajuru reuniu-se com Vaz na sexta-feira passada (26) para tratar do assunto. 

Pelo X (ex-Twitter), o secretário afirmou, nesta quinta-feira, que acompanhou a posse do novo ministro da Justiça e Segurança Pública. “Desejo a Lewandowski sucesso nessa missão tão importante. Estou certo de que o novo ministro, com toda a competência e experiência que tem, irá realizar um excelente trabalho”, escreveu Vaz. “Também foi a despedida do Flávio Dino, que teve uma gestão impecável e que, certamente, irá brilhar no STF.”

A posse de Lewandowski contou com a presença do presidente Lula, integrantes da cúpula do governo federal, ministros do STF, e também de ex-presidentes como José Sarney e Fernando Collor. Ao discursar, o novo ministro frisou a segurança pública e o combate ao crime organizado. “O combate, para ter êxito, precisa ir além da permanente e enérgica repressão social policial, demandando a execução de políticas públicas que permitam superar esse verdadeiro apartheid social que continua segregando boa parte da sociedade brasileira”, declarou. 

Lewandowski também sublinhou que o crime organizado já se infiltrou até mesmo em órgãos públicos, o que torna o enfrentamento complexo. “Já há notícias de que, tal como ocorre em outras nações, o crime organizado começa a infiltrar-se em órgãos públicos, especialmente naqueles ligados à segurança e a multiplicar empresas de fachada para branquear recursos obtidos de forma ilícita. Isso lhes permite expandir a sua ação deletéria sob territórios cada vez maiores, dificultando o seu controle por parte das autoridades estatais”, discursou.

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