Fim da saidinha de presos tem ampla adesão da bancada goiana

Wilder Morais diz que a prática ameaçou “por muito tempo” a paz dos cidadãos brasileiros. Vanderlan e Kajuru também votaram favoráveis à matéria

Postado em: 22-02-2024 às 08h30
Por: Gabriel Neves Matos
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Com as mudanças previstas no texto aprovado, as saídas temporárias ainda serão permitidas, mas apenas para presos inscritos em cursos profissionalizantes ou nos ensinos médio e superior e somente pelo tempo necessário para essas atividades | Fotos: Jefferson Rudy/Agência Senado; Waldemir Barreto/Agência Senado; Pedro França/Agência Senado

O Senado Federal aprovou, nesta terça-feira (20), projeto de lei que restringe as “saidinhas”, benefício que permite a saída temporária de presos em datas comemorativas. Com placar de 62 votos favoráveis, 2 votos contrários e 1 abstenção, o projeto teve adesão favorável unânime entre os senadores da bancada goiana na Casa: Jorge Kajuru (PSB), Vanderlan Cardoso (PSD) e Wilder Morais (PL). O texto volta agora para a Câmara dos Deputados, antes de ser encaminhado para sanção ou veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Relatado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o projeto foi aprovado com mudanças pelo Senado. Uma emenda proposta pelo senador Sérgio Moro (União-PR), e que foi aceita, reverte a revogação total do benefício previsto pela legislação em vigor — que vale para condenados que cumprem pena em regime semiaberto. Eles podem sair, conforme a lei, até cinco vezes ao ano, sem vigilância direta, para visitar a família, estudar fora da cadeia ou participar de atividades que contribuam para a ressocialização.

Atualmente, presos que cumprem pena por praticar crime hediondo com resultado de morte não podem usufruir do benefício. No novo texto, é estendida a restrição para presos que cumprem pena por crime hediondo ou com violência ou grave ameaça contra pessoa.

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Com as mudanças previstas no texto aprovado, as saídas temporárias ainda serão permitidas, mas apenas para presos inscritos em cursos profissionalizantes ou nos ensinos médio e superior e somente pelo tempo necessário para essas atividades. As outras justificativas atualmente aceitas para as saídas temporárias, como visita à família e participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social, deixam de existir na legislação.

O relator Flávio Bolsonaro destacou que o que deixará de existir são as saídas temporárias em feriados, “o que é diferente da autorização para o preso estudar ou trabalhar fora do presídio quando em regime semiaberto ou em regime aberto”. “Por ter total pertinência, obviamente, nós resgatamos esse instituto, que, de fato, contribui para a ressocialização dos presos, que é a possibilidade de estudarem, de fazerem um curso profissionalizante”, afirmou ele, que avaliou a ideia apresentada por Moro como a mais adequada. 

Ao lado dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), integrava o grupo de gestores estaduais que pressionava o Senado há algum tempo para que o texto fosse aprovado. Na visão de Caiado, a saidinha é uma “aberração” e considera irresponsabilidade o direito ao benefício por causa do bom comportamento. Um dos principais vocais em defesa da segurança pública no Brasil, o governador também já declarou que o “bom comportamento é obrigação de detento” e que a sociedade exige medidas eficazes contra a criminalidade. 

Ao votar favoravelmente ao projeto aprovado nesta terça, o senador Vanderlan Cardoso enfatizou que a prioridade é a segurança da população. “A aprovação desse projeto é uma vitória para a população brasileira que busca mais segurança no seu dia a dia. Sou a favor e votei sim a essa importante medida”, declarou ele. 

Ao jornal O HOJE, o senador Wilder Morais destacou que a aprovação do projeto foi um momento importante para o país no contexto do enfrentamento ao aumento da criminalidade e da crescente insegurança pública. Segundo ele, a prática ameaçou “por muito tempo” a paz dos cidadãos brasileiros. “É inadmissível que criminosos condenados desfrutem do privilégio das ‘saidinhas’, uma prática que não apenas atormentava nossa sociedade, mas também permitia que, ao saírem temporariamente, voltassem a cometer crimes”, disse Morais. 

Ainda no âmbito das alterações, os senadores rejeitaram emenda do senador Fabiano Contarato (PT-ES) para permitir o benefício da saída temporária não somente aos presos em cursos profissionalizantes, ensino médio e superior, mas também a toda educação básica para jovens e adultos. O senador Jorge Kajuru defendeu a aprovação da emenda. 

“Investir na educação dos detentos não apenas os capacita para uma vida melhor após o cumprimento da pena, mas também contribui para a redução de conflitos dentro das instituições prisionais. A educação é uma ferramenta poderosa na promoção da paz e na construção de um ambiente propício ao desenvolvimento pessoal e social”, afirmou Kajuru antes de o destaque ser rejeitado.

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