Na presença de Lula, Caiado participa da posse de Dino
Governador conviveu com ministro na época em que ambos eram parlamentares
Por: Gabriel Neves Matos
Na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), além de diversas autoridades, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), esteve ontem (22) em Brasília para participar da cerimônia de posse do ex-ministro da Justiça Flávio Dino como novo integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), na vaga deixada pela ministra aposentada Rosa Weber.
Os ministros Gilmar Mendes, decano da corte, e Cristiano Zanin, o mais recente a ser empossado, acompanharam Dino ao plenário do STF para o início da cerimônia, conforme a tradição. O compromisso de posse foi lido por volta das 16h30. Em seguida, o presidente do Suprema Corte, ministro Luís Roberto Barroso, rememorou a carreira política de Dino, que teve passagens pelo Executivo, Legislativo e Judiciário — antes mesmo de chegar ao Supremo, ele havia sido juiz federal no Maranhão.
Após Dino assinar o termo de posse, Barroso fez uma brincadeira com o novo integrante da corte. “Agora é sem volta”, afirmou o presidente do tribunal. Dino poderá ficar até abril de 2043 no Supremo, quando completa 75 anos, idade prevista para a aposentadoria compulsória dos ministros da corte.
Em sua fala, Barroso também teceu elogios a Dino. “A presença maciça, neste plenário, de pessoas de diversas visões políticas apenas documenta como o agora ministro Flávio Dino é uma pessoa respeitada e querida pela comunidade jurídica, política e pela sociedade brasileira. Também documenta a vitória da democracia, da institucionalidade e da civilidade”, declarou o presidente do STF.
De acordo com reportagem da revista Veja, foi o próprio Flávio Dino que elaborou a lista de convidados para a sua solenidade de posse, e não o cerimonial do Supremo, como é praxe. Ele fez questão de definir quem ficaria dentro e quem ficaria fora do plenário.
Como manda a tradição, Dino recebeu os cumprimentos no Salão Branco. O novo membro do tribunal passa a integrar a Primeira Turma do STF ao lado dos ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Cristiano Zanin e da ministra Cármen Lúcia. Ele herdará um bojo de 344 ações que estavam sob a responsabilidade da ministra Rosa Weber.
Opostos na questão ideológica, o novo ministro do Supremo e Caiado têm relações que remontam de outros tempos. Dino possui um histórico de filiações a diferentes partidos de esquerda, enquanto o governador de Goiás sempre se manteve como um político de oposição ao PT e às políticas progressistas. Os dois foram colegas na Câmara dos Deputados na mesma legislatura, e foram eleitos governadores no pleito de 2018. Goiás, porém, jamais teve um nome indicado ao STF.
Em entrevista ao podcast “Reconversa”, do jornalista Reinaldo Azevedo, no ano passado, Caiado reconheceu Dino como alguém com “estofo” para assumir uma cadeira na mais alta corte do país . “Eu convivi muito com ele. Você pode não concordar com as posições, uma ou outra, dele. Agora, em termos de conhecimento, cultura, e de conteúdo, é um cidadão que tem estofo para estar no Supremo, não tenha dúvida”, afirmou o governador, que também disse que, caso ainda fosse senador, votaria favoravelmente à indicação de Dino ao tribunal.
Nesta quinta-feira, Caiado reafirmou o respeito pelo novo ministro do Supremo em entrevista a jornalistas na Praça dos Três Poderes. Ele lembrou os tempos no Parlamento e disse que “sabe separar as posições ideológicas” e que “respeita as pessoas de todas as posições”. “Sou um homem que tenho formação e educação para falar e debater com todos, e poder buscar aquilo que é a democracia”, disse o governador.
O chefe do Executivo goiano tem se apresentado como presidenciável para as eleições de 2026 e tem feito acenos para angariar apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Caiado já confirmou presença no ato organizado por Bolsonaro no próximo domingo (25) na avenida Paulista, em São Paulo (SP), em que pretende dar resposta às recentes operações da Polícia Federal que investigam ele e integrantes de sua administração.
A passagem de Caiado pela posse de Dino foi rápida assim como a cerimônia. Ao sair do Supremo, o governador justificou que não poderia permanecer em Brasília pois teria de estar em um evento de combate a dengue, em Goiânia.
