União Brasil elege Rueda para comandar partido no lugar de Bivar

Governador Ronaldo Caiado, que quer ser presidente em 2026, deve se beneficiar com mudança

Postado em: 01-03-2024 às 10h30
Por: Gabriel Neves Matos
Imagem Ilustrando a Notícia: União Brasil elege Rueda para comandar partido no lugar de Bivar
A nova diretoria executiva deve tomar posse em 1º de junho, quando Rueda entrará no lugar de Bivar | Foto: Reprodução

O advogado Antônio Rueda saiu vitorioso na eleição para a presidência nacional da União Brasil na tarde de ontem (29). Após uma série de discussões internas nas últimas semanas que expuseram as rachaduras internas do partido, os integrantes da legenda apoiaram o nome do advogado que concorreu com o atual presidente e deputado federal Luciano Bivar (PE). 

O governador Ronaldo Caiado, presidente da União Brasil em Goiás e um dos principais interessados na troca do comando da sigla, que tem mirado o projeto presidencial de 2026, fez críticas a Bivar na segunda-feira (26) em entrevista no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia. “Ele nunca soube dirigir o partido”, afirmou. 

Nesta quinta, Caiado comemorou a troca de comando da sigla. “O União Brasil agora vai mostrar ao país a representatividade que tem, e se posicionar para a eleição de 2024 e também de 2026”, disse o governador. 

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A nova diretoria executiva deve tomar posse em 1º de junho, quando Rueda entrará no lugar de Bivar. O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, que é hoje secretário-geral da União Brasil, será o 1º vice-presidente. De acordo com parlamentares, o placar foi de 30 a 0. Eram 40 votantes ao todo. O novo presidente deve ter mandato até maio de 2028. 

Durante entrevista aos jornalistas após o anúncio do resultado da eleição, Rueda afirmou que sua gestão será “pautada pelo diálogo, compromisso e convívio pacífico entre todos”. Já o novo vice-presidente, ACM Neto, disse que a eleição seguiu o estrito rigor legal e regimental. “Praticamente todos aqueles que têm liderança e peso político estiveram presentes aqui hoje na sede do partido”, destacou. 

“O Senado Federal deu essa expressão de unidade, acima de tudo, e entendeu que esse é o sentimento daquilo que se esperava na fusão [do DEM com o PSL]. Aqui está um todo, um grupo que reuniu todos”, disse o senador Efraim Filho (PB).

Bivar chegou a cancelar o evento desta quinta. No entanto, integrantes do diretório do partido argumentaram que o presidente da sigla não poderia tomar a decisão, uma vez que a convenção estava homologada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e aprovaram um recurso contrário.

O atual presidente da União Brasil vinha sendo criticado por muitos deputados da sua própria legenda pela proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem conseguiu três indicações no primeiro escalão — Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), Celso Sabino (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações).

A União Brasil vive conflitos internos desde sua criação, resultado da fusão entre DEM e PSL (antigo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje no PL) em 2021. Bivar presidiu o PSL por mais de 20 anos. As divisões na legenda são entre essas duas alas.

Conforme mostrou O HOJE nesta semana, Bivar tentou recorrer a aliados do antigo PSL para permanecer na presidência do partido. Rueda, porém, já tinha o apoio da maioria dos parlamentares e dirigentes de legenda — como é o caso de Caiado, por exemplo. 

Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o racha interno escalou nesta semana e houve até uma suposta ameaça de morte. Em reunião na tarde de terça-feira, segundo o colunista, o líder do partido na Câmara Elmar Nascimento anunciou a cerca de 20 colegas que Bivar havia tentado intimidar Rueda. O deputado disse ter ouvido a gravação de conversa entre os dois dirigentes da sigla na qual Bivar, segundo ele, repete diversas vezes que sabe onde Rueda morava, onde circula, além de citar a rotina de sua família. Ao jornal, Bivar negou ter feito esse tipo de ameaças, mas reconheceu ter feito xingamentos.

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