Em entrevista, Eduardo Bolsonaro critica Alexandre de Moraes e urnas eletrônicas: ‘o Brasil não é mais uma democracia’

As alegações foram feitas durante entrevista conduzida por Tucker Carlson, jornalista conhecido por apoiar a extrema-direita norte-americana

Postado em: 01-03-2024 às 17h21
Por: Isadora Miranda
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As alegações foram feitas durante entrevista conduzida por Tucker Carlson, jornalista conhecido por apoiar a extrema-direita norte-americana | Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados

Em entrevista ao jornalista norte-americano Tucker Carlson, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez afirmações polêmicas. A conversa aconteceu na última quinta-feira (29/2) e abordou temas como voto impresso, eleições “fraudadas” e liberdade de expressão. Logo nos primeiros minutos do bate-papo, Carlson, bastante conhecido no cenário internacional por ser um apoiador ferrenho de Donald Trump e da extrema-direita dos Estados Unidos, declarou ser “bem claro” o fato de que a eleição de Lula teria sido “roubada”.  

Em resposta, Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que deveria tomar cuidado com suas palavras. “Preciso tomar cuidado com minhas palavras porque há um deputado federal preso, neste momento, porque fez um vídeo. O seu nome é Daniel Silveira. Ele falou ‘palavras ruins’/’palavrões’”, argumentou ele. 

Daniel Silveira 

O deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) foi preso, em 2021, por ordem de Alexandre de Moraes. De acordo com Eduardo Bolsonaro, a prisão teria sido motivada pelo fato de que Silveira teria proferido “palavras ruins”/”palavrões”, entretanto, segundo os autos, no vídeo publicado haveria a presença de ameaças e a defesa do AI-5, decreto que institucionalizou o período de maior repressão ocorrido durante os anos da Ditadura Militar.  

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“Uma das características fundamentais do AI-5 era não reconhecer a independência dos poderes da República. A ideia de três poderes harmoniosos funcionando conjuntamente era suprimida. Particularmente, era violenta a ação contra o poder judiciário, que era considerado um estorvo para a consolidação da ditadura militar”, explicou, à Agência Brasil, Francisco Carlos Teixeira, historiador e cientista político que é, também, pesquisador na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e na Escola Superior de Guerra. 

Algumas das falas de Daniel incluíam não somente críticas, mas, também, supostas ameaças. “Por várias vezes já te imaginei levando uma surra. Você e os integrantes dessa corte aí. Quantas vezes eu imaginei você na rua levando uma surra?”, afirma o deputado no vídeo sobre Edson Fachin, ministro do STF. “Você integra a nata da bosta do STF.” 

Outros momentos da entrevista 

Quando indagado sobre a censura “sofrida” no País, Eduardo relatou que jornalistas e políticos não poderiam se expressar livremente.  

“Não mais. Temos, de fato, pessoas sendo censuradas, não apenas nas redes sociais. Tem pessoas exiladas vivendo aqui nos Estados Unidos”, disse o parlamentar. 

Além disso, Eduardo defende que haveria, sim, suposta perseguição do Supremo Tribunal Federal (STF) e, principalmente, do ministro Alexandre de Moraes. “Você sempre corre o risco de ser preso pelo Supremo Tribunal. Para ser honesto, não todo o Supremo Tribunal, mas um juiz chamado Alexandre de Moraes. Ele abriu uma investigação, que dura mais de cinco anos, perseguindo, geralmente, conservadores. No Brasil, não vale mais a pena você apelar. Não tem a quem recorrer. É o Supremo Tribunal processando pessoas. São as vítimas, os acusadores e os juízes de todos, sem distinção. Isso não é mais uma democracia. Infelizmente, não posso mais realmente dizer isso e você não tem onde recorrer ou a quem pedir ajuda”, declarou.  

8 de janeiro de 2023

Ao final da entrevista, o deputado federal inferiu considerar desproporcionais as sanções legais sofridas pelos participantes do 8 de janeiro, negando a ocorrência de tentativa de golpe. 

“Eles dizem que foi uma tentativa de golpe. Mas em janeiro, num domingo, nenhuma arma foi apreendida, não houve apoio da polícia ou das Forças Armadas. Então, na verdade, foi um protesto que foi longe demais. Não concordo com pessoas quebrando portas do Congresso ou do Supremo Tribunal. Mas essas pessoas estão recebendo punições de 17 anos de prisão”, defendeu.  

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