Caiado vai a Israel em meio a crise diplomática por falas de Lula 

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) visitará Israel na próxima semana. A previsão é que ele embarque no dia 16 e retorne a Goiânia cinco dias depois, em 22 de março. Apesar de o roteiro da viagem ainda não estar completamente definido, há a expectativa de encontros com o presidente do Parlamento israelense, Amir Ohana, com o presidente do país, Isaac Herzog, além de ida a locais atacados pelo Hamas no dia 7 de outubro

Caiado integrará a comitiva do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que embarcará para Israel no dia 18, de acordo com a informação publicada pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Além de Caiado, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL-RJ), também viajará ao país. 

O périplo do governador goiano ocorre na esteira da crise diplomática entre Brasil e Israel, iniciada no mês passado após fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que associou os ataques israelenses à Faixa de Gaza ao Holocausto perpetrado por Hitler e chamou de “genocídio”. Após isso, o governo de Israel reagiu às declarações de Lula e o chamou de “persona non grata”.  

Na sede do Detran Goiás, Caiado inaugurou no dia 29 de fevereiro o parque “Am Israel Chai” (O povo de Israel vive), com o plantio de mais de 1.200 árvores em homenagem às vítimas do ataque terrorista do Hamas, em outubro. Na ocasião, houve ainda assinaturas de acordos de cooperação entre Goiás e Israel.

O governador goiano, que tem intensificado ações em torno do seu projeto presidencial para 2026, deu tom de contraponto a Lula durante discurso no Detran. “Minhas primeiras palavras são de desculpa. Quero aqui, nesta hora, pedir desculpas ao povo judeu pelas palavras ditas pelo presidente Lula”, afirmou Caiado à época. “O presidente da República não poderia, jamais, comparar a situação com o Holocausto. É de um total desconhecimento da história do mundo.”

Com o desgaste da imagem de Lula entre o eleitorado por causa do conflito internacional, uma pessoa próxima ao governador afirma que a viagem a Israel deverá ter um tom mais institucional e lembra que as relações de Goiás com o país judeu não são recentes, observando os feitos do ex-governador Mauro Borges que, na década de 1960, viajou ao país para conhecer a experiência com as fazendas socializadas, conhecidas como Kibutz.

Até o momento, a postura adotada por Caiado sobre o conflito entre Brasil e Israel é a de equilíbrio e diálogo. Entre o fim de fevereiro e o início deste mês, o chefe do Executivo estadual recebeu os embaixadores de Israel e também da Palestina — este último em jantar realizado no Palácio das Esmeraldas no dia 6. 

À delegação de diplomatas árabes, também presentes no receptivo, Caiado reforçou os investimentos de Goiás em infraestrutura, como ferrovias e rodovias para expandir a área agricultável, e a diversificação da economia, que, segundo disse, “é mais do que agropecuária e mineração”.

De acordo com pessoas presentes no jantar promovido no Palácio das Esmeraldas,  o embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, disse abertamente não ver problema na inauguração do memorial no Detran porque “mostra a humanidade” do governador. Alzeben é ligado ao Fatah, grupo contrário ao Hamas. 

No dia do evento no Detran, o governo de Goiás assinou dois acordos com a Embaixada de Israel. O primeiro deles, a declaração de adesão à definição de trabalho de antissemitismo, que diz que as definições israelenses passam a ser utilizadas “como recurso educacional para abordar e prevenir atividades relacionadas a preconceitos motivados por antissemitismo”.

O outro acordo, oficializa a cooperação futura nas áreas de segurança pública, agricultura, gestão de recursos hídricos, saneamento e ciência entre Goiás e o ministério de Relações Exteriores de Israel.