O que Gayer de 2020 diria ao Gayer de 2024

Gustavo Gayer ficou em quarto lugar na disputa em 2020 e, neste ano, pretende deixar de lado a postura mais radical para tentar ser competitivo em outubro

Postado em: 18-03-2024 às 09h00
Por: Yago Sales
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Gustavo Gayer ficou em quarto lugar na disputa em 2020 e, neste ano, pretende deixar de lado a postura mais radical para tentar ser competitivo em outubro | Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

Na história da política brasileira é impossível dissociar Gustavo Gayer de Jair Messias Bolsonaro. Ambos emergiram de maneira triunfante, nas redes sociais, com a derrocada da esquerda brasileira, logo após o impeachment da ex-presidente do PT, Dilma Rousseff. Bolsonaro foi eleito presidente em 2018. Dois anos depois, Gayer tentou, filiado ao Democracia Cristã – um dos partidos que sustentaram, antes do PL, o núcleo partidário do que se convencionou chamar de bolsonarismo – eleger-se prefeito de Goiânia. 

Aquele pleito de 2020 não elegeu Gayer, mas o tornou vencedor sob alguns aspectos. Um deles: o quarto lugar. Enquanto Maguito Vilela (MDB), um político profissional, obteve 36,02%, ou seja, 217.194 votos, o segundo lugar, Vanderlan Cardoso (PSD), 148.739 votos. O terceiro lugar ficou com a Delegada Adriana Accorsi (PT), 13,39%, 80.715 votos. 

No quarto lugar, contudo, Gustavo Gayer (então no DC) alcançou 7,62%, pouco mais da metade da petista, 45.928 votos. Gustavo Gayer sabia, sobretudo com o modus operandi com que agitava as redes sociais em prol de Bolsonaro. Em 2022, Gayer foi eleito o segundo deputado federal mais bem votado. O primeiro lugar ficou com outra bolsonarista, a apresentadora de programas policiais Silvye Alves (ex-Cidade Alerta, da Record TV e atual apresentadora de programa na TV Serra Dourada). 

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Gayer, a princípio, na disputa de 2020, assustou o eleitorado acostumado à centro-direita, sobretudo emedebista da capital. O pleito contou com uma polarização entre dois fortes nomes: Maguito Vilela e Vanderlan Cardoso. À margem de alguns debates mais sérios sobre a cidade, Gustavo Gayer, que é articulado, de Goiânia (embora de classe média), preferiu radicalizar, ao estilo de seu guru Bolsonaro. Talvez por isso tenha chegado ao quarto lugar de, digamos assim, uma disputa em que Bolsonaro estava, de alguma maneira, forte em meio à pandemia. Foi nesta época, inclusive, que Gayer envolveu-se em um episódio de suposta agressão a um grupo de enfermeiras que protestava em Brasília. 

Gayer, a cada dia, se tornava um fenômeno e foi imediatamente associado a fake news. Em contraponto, era revisto, em sua vida, fato de ser filho de uma ex-deputado e ex-vereadora de Goiânia do MDB, uma ala mais à esquerda da sigla de Iris Rezende Machado e do atual vice-governador Daniel Vilela. 

Outros fatores que impediram Gayer de ter chegado mais longe em 2020 foi, justamente, o time de candidatos que descentralizou, de maneira demasiada, os votos pela cidade, como foi com Alysson Lima (Solidariedade), Dra. Cristina (que disputou pelo PL que, à época, teve candidatura judicializada). 

Outro nome foi do então deputado federal Elias Vaz (PSB). Também sob a alcunha de defesa das pautas do então presidente Bolsonaro, disputou Major Araújo, pelo PSL. Claro, apareceram candidaturas da esquerda, como da Manu Jacob (PSOL) e Professor Antônio (PCB). 

A tendência, agora, é que Gustavo Gayer, para, ao menos, rivalizar com um candidato com um pé na centro ou esquerda (que pode ser Adriana Accorsi ou Vanderlan Cardoso), cresça porque o partido, como defendem alguns interlocutores, vai fazer uma campanha mais focada na cidade, fugindo, ainda não se sabe como, da imagem radical do nome da sigla à disputa à cabeça da chapa. 

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