“Ele deve dar resposta à sociedade”, diz Cruz ao afastar presidente da Comurg

Operação da Polícia Civil apreendeu R$ 431 mil na casa do presidente da pasta. Delegacia Estadual de Combate à Corrupção investiga suposto esquema de fraude em licitações e contratos

Postado em: 21-03-2024 às 09h20
Por: Gabriel Neves Matos
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Operação da Polícia Civil apreendeu R$ 431 mil na casa do presidente da pasta. Delegacia Estadual de Combate à Corrupção investiga suposto esquema de fraude em licitações e contratos | Foto: Divulgação/Jackson Rodrigues

O presidente da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Alisson Borges, foi afastado da presidência da companhia pelo prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos). O anúncio foi feito durante coletiva de imprensa na manhã da última quarta-feira (20) no Paço Municipal. 

A decisão do prefeito ocorreu após a Polícia Civil deflagrar operação que investiga suposto esquema de corrupção e fraude em órgãos da Prefeitura. “Já determinei que o conselho da empresa, de acordo com o estatuto, se reúna para que possamos tomar as devidas providências cabíveis em relação à diretoria executiva da empresa”,  afirmou Cruz, incluindo que afastará todos os nomes da diretoria que estão “arrolados no processo que ainda não chegou em nossas mãos”.

O prefeito também disse que já discute quais são os possíveis nomes que poderão substituir Borges na presidência da Comurg. De acordo com o prefeito, a Prefeitura de Goiânia recebeu “com tranquilidade e transparência” a operação da Polícia Civil nesta quarta-feira. As atitudes serão tomadas de acordo com o inquérito e a determinação que chegar, segundo Cruz. 

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Conforme alegou o prefeito, o Executivo municipal não tem conhecimento a respeito das fraudes e das irregularidades apontadas em licitações de toda a ação do inquérito e só tomará decisões no âmbito de exonerar servidores com base no que for apresentado pelos investigadores. 

Mais cedo, a Polícia Civil cumpriu 32 mandados de busca e apreensão na Prefeitura de Goiânia e na casa de servidores por meio de operação, batizada de “Endrôminas”, da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) para investigar um suposto esquema de fraude em licitações e contratos, bem como modificação irregular de contratos, peculato, organização criminosa, corrupção ativa e passiva. Os crimes teriam começado em 2022. Dos mandados judiciais, 4 foram cumpridos em sedes dos órgãos municipais, 3 em sedes de empresas e 25 para pessoas físicas.

De acordo com a polícia, as pastas envolvidas no suposto esquema seriam a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), a Secretaria Municipal de Administração (Semad) e a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma). Foram apontados dois núcleos nas investigações: um com sócios administradores das empresas usadas para a prática das ilegalidades e outro com servidores públicos responsáveis por licitações e contratos supostamente fraudados.

Os envolvidos teriam se juntado para vencer licitações, por meio de pregão eletrônico. Ainda conforme a polícia, em cinco licitações foram verificadas fraudes. Nelas, os alvos teriam se unido para vencer os lotes de maior valor para superar os demais concorrentes com o chamado “mergulho de preço” – propostas inexequíveis, com valores baixos. Foram apreendidos documentos e valores.

A Polícia Civil apreendeu nesta quarta-feira R$ 431 mil na casa do presidente da Comurg, Alisson Borges, um dos alvos da operação. Dois sacos transparentes com dinheiro em espécie, notebook e o celular do presidente foram levados para a Deccor. O jornal O HOJE tentou contato com a presidência da companhia e também com a assessoria de imprensa da Comurg a fim de obter posicionamento, mas não teve resposta até o fechamento desta edição.

Ainda durante a coletiva de imprensa, o prefeito Rogério Cruz disse que nenhum valor ou objeto de valor foram encontrados em órgãos públicos durante a operação da Polícia Civil. “O único nome até o momento é o do presidente Alisson. E ele deve dar sua resposta à sociedade”, afirmou. 

Cruz estava acompanhado de auxiliares na manhã desta quarta-feira. Entre eles, Célio Campos (secretário de Comunicação), o deputado estadual Clécio Alves (Republicanos), Colemar Moura (Controladoria-Geral do Município), Denes Pereira (presidente do diretório estadual do Solidariedade e secretário de Infraestrutura), José Alves Firmino (chefe de Gabinete), José Carlos Issy (Procurador-Geral do Município), Luan Alves (Amma), Valdery Júnior (secretário de Administração) e Wellington Paranhos (presidente da Guarda Civil Metropolitana).

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