Caiado e Tarcísio têm sintonia em Israel, o que pode influir em 2026

Governador de Goiás trabalha para disputar a presidência da República. Tarcísio, no entanto, é visto como uma alternativa ao bolsonarismo

Postado em: 21-03-2024 às 10h20
Por: Francisco Costa
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Apesar de Tarcísio ser o preferido para herdar o espólio de Jair Bolsonaro, o político está no primeiro mandato e tende a disputar a reeleição | Foto: Jânio Guimarães

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e o gestor de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foram juntos a Israel e tiveram uma audiência com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Eles estavam unidos pela pauta de levar “solidariedade do povo brasileiro frente aos conflitos [de Israel e o Hamas]”. 

Essa sintonia pode refletir, também, em 2026. Apesar de Tarcísio ser o preferido para herdar o espólio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o político está no primeiro mandato e tende a disputar a reeleição – ou seja, jogar seguro.

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil), por sua vez, trabalha incansavelmente para viabilizar seu nome na disputa presidencial. O goiano tem se mantido na mídia com posições quase sempre antagônicas ao governo federal e em meio a temas polêmicos. Inclusive sobre a guerra. Nas redes sociais, ele pediu desculpas pela declaração de Lula. O presidente brasileiro comparou a reação de Israel aos ataques do Hamas em 7 de outubro ao Holocausto Judeu. 

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“Nossa agenda do dia em Israel começou com uma visita ao presidente do país, Isaac Herzog. Conversamos sobre os impactos do conflito, o rastro de destruição deixado e reforçamos a importância do diálogo e da paz. Fiz questão também de levar o meu pedido de desculpas a todos os israelenses por uma fala infeliz do presidente da República comparando a guerra ao Holocausto. Saiba que serão sempre bem-vindos ao nosso Estado”, escreveu. 

Análise

Para o professor e cientista político Guilherme Carvalho, os governadores tentam criar uma narrativa que se adeque àquelas do bolsonarismo. “E tentando chegar, principalmente, à população evangélica, que tem um apreço por esse tema. É uma tentativa de comunicação com o eleitorado”, avalia. “É uma perspectiva de tentar colar a plataforma do Bolsonaro.” 

De acordo com ele, Tarcísio deve, de fato, “jogar mais seguro” e não disputar em 2026 o governo federal, enquanto para Caiado não há outra opção. “Então, muito provavelmente, se ele for consagrado como o candidato do Bolsonaro – o que eu ainda vejo com certo ceticismo –, eu acho que há possibilidades do Tarcísio apoiar o Caiado. Se houver o apoio efetivo do Bolsonaro, os candidatos que se posicionam, hoje, na oposição ao governo do Lula, devem se unir em torno da candidatura daquele que for consagrado como candidato da direita.”

Guilherme vê, por exemplo, o governador goiano superando nomes da direita nessa corrida, como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). “Caiado assumiu protagonismo nessa discussão com setores mais conservadores, alinhados ao bolsonarismo”, remete à situação de Israel.

Fala de Lula

A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 18 e fevereiro, que classificou como “genocídio” as ações militares de Israel na Faixa de Gaza e comparou a situação ao holocausto judeu, ganhou toda a atenção da imprensa. Inclusive, rendeu uma assinatura de pedido de impeachment com mais de 100 deputados federais. 

Naquele momento, o petista comparou o que ocorre na Faixa de Gaza com o holocausto judeu. “O que está acontecendo na Faixa da Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus. E você vai deixar de ter ajuda humanitária? Quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai devolver a vida das crianças que morreram sem saber porque estavam morrendo?”, questionou.

Holocausto

Os números variam, mas conforme historiadores, cerca de seis milhões de judeus morreram por serem quem eram durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). As mortes foram organizadas pelo partido nazista alemão, que era liderado por Adolf Hitler. O holocausto foi um exemplo de genocídio. Trata-se de um conceito que designa crimes com o intuito de eliminar a existência física de um grupo, seja nacional, étnico, racial ou religioso.

Sobre Gaza, ainda no fim de fevereiro, o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas informou que 12,4 mil crianças foram mortas em ataques israelenses, desde 7 de outubro. Seriam, ainda, 8,4 mil mulheres e 9,6 mil homens.  Do lado de Israel, a informação é de 1,4 mil mortos, sendo 242 soldados e 1,2 mil civis. A maioria no ataque do Hamas, em 7 de outubro.

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