Caiado quer espólio de Bolsonaro e diz que ele é o “maior cabo eleitoral”

Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas, governadores de Goiás e São Paulo, respectivamente, se movimentam de olho na força do bolsonarismo para as eleições de 2026

Postado em: 26-03-2024 às 08h30
Por: Gabriel Neves Matos
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O PL chegou a sondar Caiado para filiá-lo ao partido, mas a ideia não prosperou porque, segundo o jornal, Bolsonaro classifica o goiano como “traidor” por causa da postura adotada por ele durante a pandemia | Foto: ABr

Depois de uma semana em Israel ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (MDB), o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) desembarcou em Goiás em meio às tentativas de conquistar apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao seu projeto presidencial para 2026. 

Ao menos esse é um dos alvos que o goiano afirmou ter em entrevista ao jornal O Globo no fim de semana. Questionado se procuraria firmar uma aliança com a sigla de Bolsonaro para disputar a Presidência da República daqui a pouco mais de dois anos, Caiado não apenas confirmou como também disse que buscará apoio do ex-mandatário para se viabilizar no pleito. 

“Lógico que quero (o espólio do Bolsonaro, inelegível até 2030). O prestígio dele no cenário nacional é inegável, é o maior cabo eleitoral que temos. Meu primeiro passo era ter estrutura partidária, não dava para continuar como estava”, afirmou o governador ao jornal carioca.

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O PL chegou a sondar Caiado para filiá-lo ao partido, mas a ideia não prosperou porque, segundo o jornal, Bolsonaro classifica o goiano como “traidor” por causa da postura adotada por ele durante a pandemia. Caiado, que é médico de formação, defendeu, à época, o isolamento social e a vacinação em Goiás, ao contrário do então presidente. 

Caiado afirmou ao Globo que a conversa com o dirigente do partido, Valdemar Costa Neto, sobre a ida para o PL se deu num momento em que o União Brasil estava fragilizado pelas brigas internas, e que agora há uma tendência de pacificação e até mesmo uma chance de formar uma federação com o PP e o Republicanos, de olho em 2026.

Nos bastidores, Tarcísio de Freitas, que também foi ministro do governo Bolsonaro, é visto como a primeira opção para representar o ex-presidente na próxima eleição presidencial. No entanto, segundo O Globo, Caiado tem conversado em caráter reservado com diversos profissionais do marketing político e com empresas de pesquisas para entender o cenário e turbinar a empreitada rumo à Presidência.

Ainda de acordo com o jornal, o principal articulador é o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, vice-presidente do União Brasil, que já sondou um marqueteiro com experiência em campanhas presidenciais e estaduais.

“Pré-candidato de oposição não pode se dar o luxo de começar a campanha no ano eleitoral. Tem que discutir os temas que estão preocupando os brasileiros. O governo está errando muito”, disse o goiano. 

A viagem de Caiado a Israel, vale lembrar, não deixou de ser interpretada por aliados como uma sinalização política de ambos governadores na disputa pelo espólio de Bolsonaro em um momento de crise diplomática entre Brasil e Israel. O contratmepo foi iniciado no mês passado após fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que associou os ataques israelenses à Faixa de Gaza ao Holocausto perpetrado por Adolf Hitler e chamou de “genocídio”. Após isso, o governo israelense reagiu às declarações de Lula e o chamou de “persona non grata”.

Auxiliares do Palácio das Esmeraldas disseram ao O HOJE que, para além das questões diplomáticas e de estabelecimento de parcerias, a viagem de Caiado teria tom político de contraponto ao presidente Lula, uma vez que o petista está com as relações desgastadas com o país israelense após a repercussão negativa de suas declarações.

Além do contraponto a Lula, o governador goiano também tem feito outros gestos rumo ao projeto presidencial nas últimas semanas, a exemplo de sua participação ativa na troca de comando do União Brasil. No lugar do presidente da legenda Luciano Bivar, entrou o advogado Antonio Rueda. Na ocasião, duas casas de Rueda em Pernambuco foram incendiadas dias após o pleito que o elegeu presidente. Caiado disse que o incêndio se tratava de “crime político”, voltando, de novo, à mídia nacional. 

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