General Augusto Heleno é investigado por monitoramento da Abin durante gestão no GSI

General Augusto Heleno é alvo de investigação da Polícia Federal por suposto monitoramento da Abin durante sua gestão no GSI

Postado em: 27-03-2024 às 17h00
Por: Isadora Miranda
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General Augusto Heleno é alvo de investigação da Polícia Federal por suposto monitoramento da Abin durante sua gestão no GSI | Foto: Arquivo/Agência Brasil

Investigadores da Polícia Federal sugerem que o general da reserva Augusto Heleno, aliado próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi monitorado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante sua gestão no Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O monitoramento teria sido conduzido por meio do programa espião “FirstMile”, que acompanhava a localização de telefones celulares em todo o país.

Em maio de 2020, um número de celular associado a Heleno foi consultado 11 vezes no “FirstMile”. O telefone em questão, designado como “funcional”, não estava registrado em nome do militar para evitar detecção. Isso sugere que alguém próximo ao ex-ministro estava ciente do uso desse dispositivo.

Tanto a defesa de Heleno quanto a Abin optaram por não comentar o assunto quando procuradas. Interlocutores do ex-ministro afirmam que ele utilizou vários números fornecidos pelo governo durante sua gestão no GSI, além de manter uma linha telefônica pessoal que não foi sujeita a monitoramento.

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A possibilidade de Heleno ter sido alvo da “Abin paralela”, que supostamente realizava atividades de vigilância ilegal, surpreendeu os investigadores. O ex-ministro é suspeito de liderar uma estrutura informal de inteligência durante o governo Bolsonaro, conforme admitido em uma gravação de uma reunião ministerial obtida pela Polícia Federal.

Os investigadores especulam que o monitoramento de Heleno pode ter sido motivado pela desconfiança de Bolsonaro em relação a aliados próximos, especialmente após o pedido de demissão do então ministro da Justiça, Sergio Moro. Heleno tentou mediar o conflito, mas sem sucesso. Durante esse período, o GSI também foi alvo de críticas de Bolsonaro, que estava insatisfeito com a falta de informações de inteligência fornecidas pelo órgão.

O caso ainda está sob investigação, e a Polícia Federal iniciou um inquérito para apurar um suposto esquema de vigilância ilegal da Abin durante o governo Bolsonaro. O programa “FirstMile”, de origem israelense, utilizava uma brecha na rede de telefonia brasileira para obter dados de conexão de celulares, permitindo rastrear a localização de alvos selecionados.Além de Heleno, políticos, assessores parlamentares, jornalistas, ambientalistas e advogados também teriam sido alvo da “Abin paralela”, segundo os investigadores. A Polícia Federal está identificando os números de telefone monitorados com o apoio da Controladoria-Geral da União.

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