Em encontro lotado, Marconi faz críticas veladas a Caiado 

Ex-governador afirma que partido está ‘mais vivo do que nunca’ e que 2024 é aperitivo para 2026

Postado em: 04-04-2024 às 09h30
Por: Gabriel Neves Matos
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A reestruturação do PSDB é vista por membros do partido como tarefa difícil. A ideia em Goiás é fazer o possível para emplacar quadros do tucanato nos municípios | Foto: Leandro Braz/O HOJE

“Queria pedir ao rapaz que cuida do som: me dê um pouco mais de volume aí”, clamou o mestre de cerimônias, enquanto uma multidão que lotou o auditório do Sindicato dos Condomínio e Imobiliárias de Goiás (Secovi) para o encontro estadual do PSDB, na manhã desta quarta-feira (3), conversava cada vez mais alto.

O evento só silenciou quando o ex-governador de Goiás e presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, pegou o microfone e subiu ao minipalco para discursar. Já havia passado cerca de uma hora desde o início do encontro. Antes de falar aos correligionários, ainda sentado, acompanhando seus antecessores, o tucano dava coordenadas ao mestre de cerimônias e aos assessores e posava para fotos.

A sigla tem enfrentado dificuldades para adquirir musculatura após perder espaço em todo o país e nos municípios, e aposta suas fichas para influir no interior do Brasil nas eleições municipais deste ano. A estratégia é um preâmbulo para 2026, ano em que os tucanos pretendem voltar ao Palácio do Planalto emplacando a candidatura do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), à Presidência da República.

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O séquito presente no auditório do Secovi para as novas filiações animou Marconi, que aproveitou a oportunidade para subir o tom e fazer críticas ao governo de Ronaldo Caiado (UB), sem citá-lo diretamente. O ex-governador chegou a dizer que ninguém é capaz de achar “uma nódoa de alguma coisa que possa manchar a minha vida”, insinuando envolvimento do governador com o caso Escobar. O tucano escalou tanto que chegou a pedir “desculpas pelo desabafo” quando concluiu a fala.

“O PSDB está mais vivo do que nunca. 2024 é um aperitivo para 2026. E eu já estou com as mangas arregaçadas”, declarou o ex-governador. A claque também inflamou os discursos da vereadora Aava Santiago (PSDB) e do jornalista Matheus Ribeiro, pré-candidato pela sigla a prefeito de Goiânia. “E disseram que a gente tinha acabado. Olhe ao redor e vejam”, ironizou Aava

Assim que chegou ao encontro, Marconi foi questionado pelo HOJE sobre a debandada de vereadores do PSDB de São Paulo, que ameaça a representação da legenda na cidade que é seu berço e que também expõe a crise de sobrevivência que o partido vive hoje. 

O ex-governador minimizou a situação. “Ah, já era esperado”, disse. E desconversou: “Os vereadores têm cargos… É impressionante a quantidade de gente que quer vir em São Paulo para o PSDB”, acrescentando que anunciará nesta semana filiações importantes na capital paulista, mas sem revelar quais. 

A reestruturação do PSDB é vista por membros do partido como tarefa difícil. A ideia em Goiás é fazer o possível para emplacar quadros do tucanato nos municípios. É o que assegura o presidente do diretório estadual da sigla, Hélio de Sousa. “A ordem é para lançar candidatos a prefeitos. Onde não der, compor indicando vice. E se não der, pelo menos chapa de vereadores”, afirmou. “De concreto, hoje devemos ter aproximadamente 60 a 70 pré-candidatos a prefeitos.”

Sem emplacar nome na Prefeitura de Goiânia desde 1997, quando Nion Albernaz comandou a Capital, o PSDB aposta na pré-candidatura do jornalista Matheus Ribeiro ao Paço sob a justificativa de que ele é o nome que equilibra juventude e experiência, prerrogativas da sigla.

Ribeiro ainda não tem definido um nome para a vice, mas não descarta compor com outros partidos. “A gente não acredita em uma vice que seja meramente de aliança partidária, porque o resultado disso nós vimos na gestão de Rogério Cruz”, critica. “O PSDB é partido de oposição, e a oposição tem que dar voz para as pessoas. A gente sabe como o jogo político está acontecendo aqui em Goiás e como os partidos estão seduzidos pelo poder.”

Lutando outra vez para ser ouvido, o mestre de cerimônia falou ao microfone: “Maximiza a tela e aumenta o som do vídeo”, instruindo um homem que comandava o computador cuja imagem fora projetada no telão. Algumas luzes do salão já estavam baixas, quando irrompeu um áudio estridente. Um agrupamento de pessoas esperando uma selfie com o presidente dos tucanos, em frente ao projetor, atrapalhava a visão. Marconi ergueu a voz e pediu para que se afastassem. Tratava-se de um vídeo sobre o legado do governo dele em Goiás.

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