Desavenças entre Musk e Moraes escalam guerra ideológica entre direita e esquerda

Do ponto de vista político, a troca de farpas entre o empresário Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Morais, está, sem dúvidas, dentre os assuntos mais comentados da última semana. Como mostrado nas edições anteriores, o bilionário publicou uma série de críticas à atuação do judiciário brasileiro onde chegou a considerar que o Brasil está imerso em uma “censura” imposta pelo magistrado.

“Como Alexandre de Moraes se tornou o ditador do Brasil? Ele tem Lula na ‘coleira’”, escreveu o bilionário, insinuando um suposto conluio entre o ministro e o presidente da República. O magistrado não titubeou e usou as armas que tem na tentativa de reprimir o dono do X, antigo Twitter. Rapidamente foi propagada a notícia de que o empresário foi incluído na lista de investigados no inquérito das milícias digitais, do qual Morais é relator.

Além disso, também foi fixada uma multa diária de R$100 mil por perfil, caso a big tech desobedeça decisões do tribunal e desbloqueie usuários impedidos de usar a plataforma — Musk chegou a indicar que não obedeceria. 

A discussão, claro, não ficaria restrita aos limites constitucionais de atuação de um ministro e ganhou, rapidamente, o cenário político brasileiro. O presidente Lula, que até tentou evitar citar diretamente o empresário em suas declarações, não se conteve e respondeu às críticas que apontavam para um suposto conluio entre ele e o ministro. Ao respondê-lo, Lula disse que o bilionário nunca produziu “um pé de capim” no Brasil. Depois, defendeu o papel exercido pelo Supremo. 

“Temos uma coisa muito séria nesse país e no mundo, que é se a gente quer viver em um regime democrático ou não. O crescimento do extremismo de extrema direita, que se dá ao luxo de permitir que o empresário americano, que nunca produziu um pé de capim nesse país, ouse falar mal da corte brasileira, dos ministros brasileiros e do povo brasileiro”, disse ao repudiar o que chamou de “xenofobia do extremismo”.

Como a queda de braço ganhou o campo político, rapidamente a história pôde ser traduzida como uma guerra entre direita e esquerda. Na sexta-feira (12), o presidente da Argentina — figura ovacionada pelo bolsonarismo — foi ao encontro do dono do X, no Texas, Estados Unidos. A afinidade entre ambos rapidamente tomou corpo nas redes sociais, onde celebraram a liberdade e o livre mercado.

“Por um futuro animador e inspirador”, escreveu Musk em um post. “Hora da selfie! Viva a liberdade, caralho”, disse, por sua vez, o presidente da Argentina. O dono do X respondeu em espanhol: “Libertad!”. Segundo a imprensa, os embates de Musk com o Judiciário brasileiro também fizeram parte da conversa.

Para além dos protagonistas dessa história, o assunto foi comentado por centenas de lideranças e militantes, de ambos os lados, da política brasileira. A repercussão do assunto levou a Quaest a aferir, em números, a situação. Os resultados apontam que Musk saiu ‘vencedor’.

De acordo com a pesquisa, o índice de menções negativas ao ministro e ao STF nas redes sociais chegou à marca de 68% – quase 7 de cada 10 usuários. Os comentários críticos a Musk, por sua vez, alcançaram 32%.

O duelo virtual entre Musk e Moraes registrou, em média, 865 mil menções diárias, alcançando 72 milhões de usuários por dia. Além do próprio X, o instituto reuniu dados de Facebook, Instagram, X, Google, Wikipedia, YouTube e TikTok, entre a meia-noite de domingo (7) e 13 horas de terça-feira (9).