Caiado ainda é desconhecido nos maiores colégios eleitorais

Especialista aponta que maior desafio de governador será o de se fazer conhecido nacionalmente, caso queira disputar a Presidência em 2026

Postado em: 17-04-2024 às 07h30
Por: Gabriel Neves Matos
Imagem Ilustrando a Notícia: Caiado ainda é desconhecido nos maiores colégios eleitorais
Os resultados revelam que Caiado é desconhecido por 65% dos eleitores nos estados de São Paulo e Minas Gerais | Foto: Secom Goiás

Apresentando bom desempenho nos índices de aprovação entre os eleitores goianos na mais recente pesquisa da Genial/Quaest, divulgada na semana passada, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), deve encarar o desafio de tornar o seu nome conhecido no cenário nacional, caso não desista do projeto presidencial de 2026. 

Embora a pesquisa aponte que 86% dos goianos avaliam positivamente a gestão de Caiado, a Genial/Quaest também explorou outro panorama com os potenciais pré-candidatos à Presidência da República na eleição de 2026. Os resultados revelam que o chefe do Palácio das Esmeraldas é desconhecido por 65% dos eleitores nos estados de São Paulo e Minas Gerais, os dois maiores colégios eleitorais do país, respectivamente. 

O mesmo ocorre com os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Todos eles são bem conhecidos pelo eleitorado dos seus estados, e desconhecidos por parte considerável dos eleitores ao redor do país, segundo a pesquisa. 

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Em que pese na avaliação de Caiado os bons resultados de aprovação nas áreas de segurança pública (69%), educação (67%) e geração de emprego e renda (62%), para o cientista político Guilherme Carvalho há outras coisas em jogo na seara da disputa presidencial. “O grande desafio de Caiado é se tornar conhecido. A pauta que ele tem que vender é a pauta do que deu certo [em Goiás] e tentar reverberar isso a nível nacional. Fora isso, não tem muito o que ele possa fazer. O que ele pode fazer é tentar conseguir palanque do Bolsonaro, mas a gente sabe o quanto isso é complexo”, diz.

O governador goiano tem reafirmado em diversas entrevistas o desejo de ser o próximo presidente do Brasil e seus acenos mais recentes demonstram uma tentativa de atrair o espólio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Exemplos disso são a participação no ato convocado por Bolsonaro na avenida Paulista, em São Paulo (SP), em fevereiro, as críticas ao governo do presidente Lula (PT) e a viagem a Israel no mês passado ao lado de Tarcísio de Freitas, em meio ao conflito com o grupo terrorista Hamas.

“Os primeiros passos dele estão sendo bem-sucedidos”, avalia Carvalho. O cientista político pondera que muita coisa ainda pode acontecer até a eleição de 2026. “Pode aparecer um outsider que roube o lugar. É possível. Pode ser que outro pré-candidato ainda não muito visto, venha e ganhe essa substância de uma vez só.”

Hoje o União Brasil, partido ao qual Caiado é filiado, faz parte da base do governo Lula. A sigla vivenciou faíscas no mês passado a partir dos incêndios nas casas do presidente eleito da legenda, Antônio Rueda. Ele deverá assumir o lugar do atual presidente, deputado federal Luciano Bivar, um dos caciques do partido e com quem o goiano tem rusgas. Pelas redes sociais, Rueda já chamou Caiado de “nosso presidente”.

Um foco de desgaste da gestão Caiado, contudo, são as críticas feitas por seus opositores que denunciam a alta letalidade policial em Goiás. Dados do Observatório de Segurança Pública mostram que a polícia goiana mata duas vezes mais que a média nacional. Ainda nesse sentido, outro assunto explorado é o suposto envolvimento de Jorge Caiado, primo do governador, no caso do assassinato do empresário Fábio Escobar. 

Carvalho aponta que uma evidência positiva neste primeiro momento é o destaque que o Caiado vem tendo em diversos veículos da mídia nacional. “O nome dele está sendo reverberado fora do estado de Goiás, e ele está ganhando, pouco a pouco, musculatura”, afirma. “Mas tudo por enquanto é muito imprevisível e o que a gente tem é o retrato. E o retrato mostra pra gente que ainda não é suficiente para ele ocupar o posto de grande candidato da direita brasileira.”

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