Redes sociais privilegiam conteúdos negativos, diz Paulo Kramer 

Discussões sobre PL das Fake News estão travadas na Câmara há quase um ano

Postado em: 07-05-2024 às 09h30
Por: Redação
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Na avaliação do cientista político, professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB) e consultor em estratégias eleitorais Paulo Kramer, essa é a lógica de como as pessoas operam no mundo digital | Foto: Divulgação

Gabriel Neves e Wilson Silvestre

A cinco meses do primeiro turno das eleições municipais, a desinformação na era das redes sociais é um dos principais temas previstos por especialistas eleitorais e cientistas políticos para pautar o debate do pleito deste ano ainda na pré-campanha. Com as discussões sobre o projeto de lei das Fake News travadas na Câmara dos Deputados há quase um ano, parlamentares se dividem sobre a importância de o projeto ir à votação. 

Paralelamente a isso, grupos de WhatsApp de municípios do interior de Goiás como Rio Verde, Anápolis, Valparaíso e Catalão — acompanhados pela reportagem de O HOJE —, borbulham quanto ao debate sobre quem serão os próximos eleitos para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereadores. Nas mensagens, é possível perceber desde elogios entusiasmados até críticas severas aos pré-candidatos. 

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Na avaliação do cientista político, professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB) e consultor em estratégias eleitorais Paulo Kramer, essa é a lógica de como as pessoas operam no mundo digital. Para ele, “os apoiadores — oficiais ou oficiosos — de todas as campanhas usarão mais uma vez as redes sociais para atacar as candidaturas adversárias”. Kramer observa que faz parte do “DNA das redes” privilegiar conteúdos negativos sobre mensagens “positivas”.

Sobre o sistema eleitoral brasileiro e suas implicações, o cientista político diz que “os noventa anos da Justiça Eleitoral, comemorados em 2022, não contribuíram substancialmente para a transformação do eleitorado e dos políticos brasileiros em democratas suíços”. “A instituição, ao longo do tempo, ajudou a acabar com os aspectos mais grotescos do sistema eleitoral da Primeira República, tristemente lembrada por suas eleições a bico de pena, que esmagavam as oposições e produziam as câmaras unânimes”, prossegue. 

Ainda sobre o projeto de lei das Fake News, o tema voltou a ser alvo de especulação há cerca de um mês sobre se voltaria à pauta na Câmara por causa do embate entre o empresário Elon Musk, proprietário da rede social X, e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Conforme mostrou reportagem do HOJE, deputados da bancada goiana ouvidos à época relataram a existência de um clima de “animosidade” sobre o texto que visa regulamentar as plataformas digitais. Uma ala de parlamentares goianos diziam considerar “difícil” que o PL fosse pautado para votação. Outra, mais alinhada ao governo do presidente Lula (PT), via o tema como “urgente”.

Em entrevista a jornalistas no início do mês passado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), indicou que a regulamentação das redes sociais poderia voltar à estaca zero. “O projeto não teria como ir à pauta. Nós estamos formando hoje um grupo de trabalho composto por parlamentares de partidos que queiram fazer parte da confecção desse tema (…) para ver se a gente consegue, no curto espaço de tempo, fazer uma construção de um texto que tenha oportunidade de vir ao plenário e ser aprovado sem as disputas políticas e ideológicas que estão em torno do [PL] 2630. Ele estava fadado, não ia a canto algum”, disse Lira em 9 de abril.

Em meio a discussões sobre o uso de inteligência artificial nas eleições municipais deste ano e que esbarra na falta de regulamentação, o projeto de lei, aprovado no Senado Federal e emperrado na Câmara, visa responsabilizar as plataformas digitais pela publicação de conteúdos criminosos, entre outros pontos.

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