MDB, de Daniel Vilela, tem direito à indicação da vice de Mabel
Figuras ligadas ao governador Ronaldo Caiado parecem ignorar o peso de sua aliança com Daniel
Por: Luan Monteiro
Depois de meses à procura de alguém que pudesse representar o projeto caiadista nas eleições de 2024, a base governista finalmente encontrou um nome mais próximo do ideal: o empresário Sandro Mabel (UB). Ele, que a princípio pregava a ideia de que não voltaria à política, não resistiu ao convite do governador e passou a figurar, pelos bastidores, como o nome dos caiadistas à prefeitura.
No começo, foi encarado com certa desconfiança em função da baixa densidade político-eleitoral, porém Mabel foi ganhando espaço e passou a ser visto como o mais palpável nome dentre as incontáveis possibilidades estudadas pelo governo.
Ao passo em que ele começou a dar sinais de que não iria ‘arredar o pé’ da disputa, os conluios pela vice é que começaram a ganhar força. Todos, claro, seguem interessados. Afinal, acreditam que Caiado tenha força suficiente para alçar qualquer nome que abençoar ao (certo) segundo turno em Goiânia.
Em meio a avalanche de articulações políticas que se formaram acerca de Mabel, um nome não abriu mão de pleitear silenciosamente o espaço que é seu ‘por direito’: o vice-governador de Goiás, Daniel Vilela. O entendimento se justifica por diversos fatores, a começar pela dobradinha entre União Brasil e MDB. Um ‘modelo de negócio’ firmado ainda em 2022 quando Daniel aceitou o convite de Caiado mesmo tendo seu irmão-político, Gustavo Mendanha, como candidato na via adversária.
Ainda assim, figuras próximas ao governador parecem ignorar o peso da aliança do governo com Daniel. Na verdade, mais do que isso: ignoram o legado histórico de um partido que já faz muito ao não ocupar a cabeça de chapa.
O MDB é, e todos sabem, uma potência em Goiás e, possivelmente, o partido mais tradicional nas disputas em Goiânia. Goiânia é, sobretudo, emblemática para o partido.
Um breve histórico
A cidade foi governada por Iris Rezende em diversos momentos e desde o retorno das eleições, em 1985, mantém candidatos na disputa. Naquele ano, vale lembrar, Daniel Antônio foi eleito pelo partido. Já em 1988, foi a vez de Nion Albernaz levar o páreo, antes de migrar para o PSDB. Em 1992, o partido não levou, mas teve Sandro Mabel na disputa, assim como em 1996, quando Luiz Bittencourt ficou em segundo lugar.
Em 2000, Mauro Miranda chegou apenas na quarta posição, mas a legenda marcou posição no páreo. Já em 2004, foi a vez de Iris Rezende retornar, sendo reeleito em 2008.
O emedebista histórico apoiou o petista Paulo Garcia, que foi vice dele, em 2012. Naquele momento, o vice era o hoje presidente do MDB metropolitano, Agenor Mariano.
Iris Rezende ainda retornou em 2016 para seu último mandato em Goiânia. Em 2020, o ex-prefeito de Aparecida (e ex-governador, como Iris), Maguito Vilela, venceu as eleições pelo MDB. Ele faleceu em janeiro de 2021 e Rogério Cruz (Solidariedade) assumiu.
Em 2024, existe a possibilidade do MDB não marcar presença no páreo. Daniel Vilela até tenta emplacar, mas vai depender de Caiado e Mabel, bem como dos demais aliados.
Como se não bastasse todo esse legado de participação nas disputas municipais em Goiânia, o MDB ainda é o maior partido em número de filiados no Estado. Segundo dados de 2023 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) são 115.508 registrados. Em seguida vem PSDB, com 69.179 filiados, e o PP, com 51.960. Só depois aparecem o União Brasil (51.530) e o PT (44.704).